sábado, 17 de maio de 2008

MERCEDES SOSA / Duerme, duerme, negrito




Duerme, duerme, negrito
(Popular - Atahualpa Yupanqui)

Duerme, duerme, negrito,
que tu mama está en el campo
negrito.
Duerme, duerme, negrito,
que tu mama está en el campo,
negrito.
Te va a traer codornices para ti,
te va a traer mucha cosa para ti,
te va a traer carne de cerdo para ti,
te va a traer mucha cosa para ti.
Y si negro no se duerme
viene diablo blanco
y ¡zas!
le come la patita.

Duerme, duerme, negrito,
que tu mama está en el campo,
negrito.
Trabajando, trabajando duramente,
trabajando sí,
trabajando y no le pagan,
trabajando sí,
trabajando y va tosiendo,
trabajando sí,
trabajando y va de luto,
trabajando sí,
pa'l negrito chiquitito,
trabajando sí,
no le pagan sí,
duramente sí,
va tosiendo sí,
va de luto sí.

Duerme, duerme, negrito,
que tu mama está en el campo,
negrito.

MERCEDES SOSA / SOLO LE PIDO A DIOS

sexta-feira, 16 de maio de 2008

FERNANDO PESSOA / AFELICIDADE

A Felicidade

Só a leve esperança em toda a vida

Disfarça a pena de viver, mais nada

Não e mais a existência resumida

Que uma breve esperança malograda

O eterno sonho dalma desterrada

Que a traz ansiosa e embevecida

E uma hora feliz sempre adiada

E que não chega nunca em toda vida

Essa felicidade que supomos

Arvore milagrosa que sonhamos

Toda arreada de dourados pomos

Existe sim, mas nunca a encontramos

Porque ela esta sempre apenas onde a pomos

E nunca a pomos onde nos estamos.

Milton Nascimento - Nada Será Como Antes

Milton Nascimento & Belmondo Live Milano 10may08 Maria Maria

BRASIL - ÓRFÃOS DO PARAÍSO (MILTON NASCIMENTO)



As terríveis desigualdades sociais brasileiras resultam de um Estado historicamente fraco, um aparelho de defesa dos interesses das elites com a exclusão do povo, o que nos deixa com um saldo de um terço da população do país abaixo da linha da pobreza.
Compromisso com o desenvolvimento expressa uma decisão de eliminar a tirania do capital financeiro e superar nossa condição de sociedade periférica, eliminar políticas econômicas voltadas ao pagmento dos juros mais altos do mundo aos banqueiros nacionais e internacionais.
Sem desenvolvimento, não há crescimento econômico do país e, conseqüentemente, falta trabalho e investimento nas áreas sociais estratégicas como educação, saúde, cultura, ciência, tecnologia e segurança.
Desenvolver o Brasil é uma necessidade premente para a inclusão social e, conseqüentemente, para erradicar a miséria e a violência que toma conta do país.
Superar o sub-desenvolvimento, a miséria e a fome exige de cada um de nós o engajamento pessoal e superarmos a lógica inumana do imperialismo que vê na dificuldade e no drama humano, uma oportunidade acumular lucros e perpetuar dependências.

MILTON NASCIMENTO

quarta-feira, 14 de maio de 2008

CAETANO VELOSO / 2007


CAJUÍNA / CAETANO VELOSO





Cajuína

Composição: Caetano Veloso

Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina

Cajuína

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Fruto e pseudofruto
Os versos de Caetano Veloso para a canção Cajuína – “A cajuína cristalina em Teresina” – já havia chamado a atenção dos brasileiros para a saborosa e refrescante bebida piauiense. Vendido em garrafas de vidro em restaurantes e bares da capital, a cajuína é um suco de caju filtrado e clarificado. Antes de ser comercializado, a cajuína passa por um processo de caramelização dos açúcares do caju, tornando-a mais adocicada que um suco de caju comum.

O processo de preparo da cajuína inicia-se com a lavagem de cajus maduros em água corrente. Em seguida, extrai-se o suco da polpa. Adicona-se ao suco gelatina 100% natural para facilitar a separação do suco da polpa do caju. O líquido é decantado para que sejam eliminadas as impurezas. Em seguida, o suco é filtrado em pano de algodão ou feltro. Segue-se o engarrafamento e a pasteurização. A cajuína é então armazenada em local arejado ou guardada na geladeira para ser consumida bem geladinha.

caetano veloso - odeio

caetano / sozinho

DEBAIXO D'ÁGUA / AGORA

Maria Bethania interpretando maravilhosamente esta música de Rosinha de Valença (Maria Rosa Canelas) grande violonista brasileira.

Maria bethânia cantando a casa é sua ,dois,dois...

Maria Bethânia - Pele / Eu não existo sem você

Ana Carolina***O CRISTO DE MADEIRA***

segunda-feira, 12 de maio de 2008

TAIGUARA / QUE AS CRIANÇAS CANTEM LIVRES

TAIGUARA / UNIVERSO NO TEU CORPO



Eu desisto
Não existe essa manhã que eu perseguia
Um lugar que me dê trégua ou me sorria
E uma gente que não viva só pra si

Só encontro
Gente amarga mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado
Nessa vida sem amor que eu aprendi

Por uns velhos vãos motivos
Somos cegos e cativos
No deserto do universo sem amor

E é por isso que eu preciso
De você como eu preciso
Não me deixe um só minuto sem amor

Vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se unem em versos à canção

Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo

São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos

Vem, vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se unem em versos a canção

Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos.

TAIGUARA / UNIVERSO DO MEU POVO

TAIGUARA / HOJE

TAIGUARA / VIAGEM



Viagem (Taiguara)

Vai...
Abandona a morte em vida em que hoje estás
Ao lugar onde essa angustia se desfaz
E o veneno e a solidão mudam de cor
Vai indo amor...

Vai...
Recupera a paz perdida e as ilusões,
Não espere vir a vida às tuas mãos
Faz em fera a flor ferida e vai lutar
Pro amor voltar

Vai...
Faz de um corpo de mulher estrada e sol
Te faz amante
Faz... meu peito errante, acreditar que amanheceu

Vai...
Corpo inteiro mergulhar no teu amor
Nesse momento...
Vai, ser teu momento
E o mundo inteiro vai ser teu, teu, teu...

Taiguara - Operário em construção(cantado)

Taiguara - "O Operário Em Construção 1" (Vinícius de Moraes)








"E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
-- Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
-- Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8."

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer o tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, Cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.

E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não...

PARTE 2

E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:

Notou que a sua marmita
Era o prato do patrão
Que a sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que o seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que a sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.

Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
-"Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.

Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
E o operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca da sua mão.
E o operário disse: Não!

- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! -disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.

Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem pelo chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção...

Vinicius de Moraes & Toquinho - A Rosa Desfolhada




Tento compor o nosso amor
Dentro da tua ausência
Toda a loucura, todo o martírio
De uma paixão imensa
Teu toca-discos, nosso retrato
Um tempo descuidado

Tudo pisado, tudo partido
Tudo no chão jogado
E em cada canto
Teu desencanto
Tua melancolia
Teu triste vulto desesperado
Ante o que eu te dizia
E logo o espanto e logo o insulto
O amor dilacerado
E logo o pranto ante a agonia
Do fato consumado

Silenciosa
Ficou a rosa
No chão despetalada
Que eu com meus dedos tentei a medo
Reconstruir do nada:
O teu perfume, teus doces pêlos
A tua pele amada
Tudo desfeito, tudo perdido
A rosa desfolhada

Vinicius Jobim Toquinho Miucha - Berimbau / Canto de Ossanha

Vinicius Jobim Toquinho Miucha - Poeta, Meu Poeta / A Gente

Samba de Orly - Toquinho & Vinícius

Toquinho - O Bem do Mar,Saudade da Bahia e O Mar (D.Caimy)

É DOCE MORRER NO MAR (Dorival Caymmi)



É DOCE MORRER NO MAR - Dori Caymmi interpreta belíssima composição de Dorival Caymmi. As ondas, que não são verdes, são do Oceano Atlântico, em sua parte do mar que banha Cibratel e Itanhaém, no Estado de São Paulo, Brasil

É DOCE MORRER NO MAR (Dorival Caymmi)

É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar

Saveiro partiu de noite foi
Madrugada nao voltou
O marinheiro bonito sereia do mar levou

É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar

Nas ondas verdes do mar meu bem
Ele se foi afogar
Fez sua cama de novo no colo de Iemanja

É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar
É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar

Requebra que dou um doce-Dorival Caymmi,Olivia Hime

Saudade de amar (Francis Hime/ Vinícius de Moraes)




Deixa eu te dizer amor
Que não deves partir
Partir nunca mais.

Pois o tempo sem amor
É uma pura ilusão
E não volta mais.

Se pudesses compreender
A solidão que é
Te buscar por aí
Amando devagar
A vagar por aí
Chorando a tua ausência.

Vence a tua solidão
Abre os braços e vem
Meus dias são teus
É tão triste se perder
Tanto tempo de amor
Sem hora de adeus.

Ó volta aqui nos braços meus
Não haverá adeus
Nem saudade de amor.

E os dois sorrindo a soluçar
Partiremos depois.

Interpretado por Francis Hime e Olivia Hime.

FRANCIS HIME





FRANCIS TOCANDO NO PAÇO IMPERIAL
FESTA DO PRÓ CRIANÇA CARDÍACA

SAMBA DA MANGUEIRA

Mangueira despontando na avenida
ecoa como canta um sabiá
lira de um anjo em verso e prosa
de um querubim que em verde-e-rosa
faz toda galera balançar
hoje o samba saiu
prá falar de você
grande Chico iluminado
E na Sapucaí, eu faço a festa
e a minha escola chega dando o seu recado


É o Chico das artes... o gênio
poeta Buarque... boêmio
a vida no palco, teatro e cinema (bis)
malandro sambista carioca da gema


Marcando feito tatuagem
acordes do seu violão
Chico abraça a verdade

com dignidade contra a opressão (bis)

reluz o seu nome na história
a luz que ficou na memória
e hoje o seu canto de fé, de fé
vai buarqueando com muito axé

O iá, iá... vem prá Avenida
ver meu guri desfilar
o iá,iá... é a Mangueira (bis)
fazendo o povo sambar

domingo, 11 de maio de 2008

BUARQUE / MINHA HISTÓRIA

BUARQUE & BETHANIA / SEM FANTASIA




Vem, meu menino vadio
Vem, sem mentir pra você
Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia
Você não vai crescer
Vem, por favor não evites
Meu amor, meus convites
Minha dor, meus apelos
Vou te envolver nos cabelos
Vem perder-te em meus braços
Pelo amor de Deus
Vem que eu te quero fraco
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu

Ah, eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer
De tanto te esperar
Eu quero te contar
Das chuvas que apanhei
Das noites que varei
No escuro a te buscar
Eu quero te mostrar
As marcas que ganhei
Nas lutas contra o rei
Nas discussões com Deus
E agora que cheguei
Eu quero a recompensa
Eu quero a prenda imensa
Dos carinhos teus

BETHANIA / PRIMAVERA

BETHANIA & ZELIA DUNCAN / BAILA COMIGO / SHANGRILÁ

O VELHO / BUARQUE

O velhoChico Buarque1968

O velho sem conselhos
De joelhos
De partida
Carrega com certeza
Todo o peso
Da sua vida
Então eu lhe pergunto pelo amor
A vida iteira, diz que se guardou
Do carnaval, da brincadeira
Que ele não brincou
Me diga agora
O que é que eu digo ao povo
O que é que tem de novo
Pra deixar
Nada
Só a caminhada
Longa, pra nenhum lugar
O velho de partida
Deixa a vida
Sem saudades
Sem dívida, sem saldo
Sem rival
Ou amizade
Então eu lhe pergunto pelo amor
Ele me diz que sempre se escondeu
Não se comprometeu
Nem nunca se entregou
E diga agoraO que é que eu digo ao povo
O que é que tem de novo
Pra deixar
Nada
E eu vejo a triste estrada
Onde um dia eu vou parar
O velho vai-se agora
Vai-se embora
Sem bagagem
Não sabe pra que veio
Foi passeio
Foi passagem
Então eu lhe pergunto pelo amor
Ele me é franco
Mostra um verso manco
De um caderno em branco
Que já fechou
Me diga agora
O que é que eu digo ao povo
O que é que tem de novo
Pra deixar
Não
Foi tudo escrito em vão
E eu lhe peço perdão
Mas não vou lastimar

BUARQUE / AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE

Pai,afasta de mim esse cálicePai,afasta de mim esse cálicePai,
afasta de mim esse cáliceDe vinho tinto de sangue
Pai,afasta de mim esse cálicePai,afasta de mim esse cálicePai,afasta de mim esse cáliceDe vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amargaTragar a dor, engolir a labutaMesmo calada a boca, resta o peitoSilêncio na cidade não se escutaDe que me vale ser filho da santaMelhor seria ser filho da outraOutra realidade menos mortaTanta mentira, tanta força bruta
Pai,afasta de mim esse cálicePai,afasta de mim esse cálicePai,afasta de mim esse cáliceDe vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar caladoSe na calada da noite eu me danoQuero lançar um grito desumanoQue é uma maneira de ser escutadoEsse silêncio todo me atordoaAtordoado eu permaneço atentoNa arquibancada pra qualquer momentoVer emergir o monstro da lagoa
Pai,afasta de mim esse cálicePai,afasta de mim esse cálicePai,afasta de mim esse cáliceDe vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não andaDe muito usada a faca já não cortaComo é difícil, pai, abrir a portaEssa palavra presa na gargantaEsse pileque homérico no mundoDe que adianta ter boa vontadeMesmo calado o peito, resta a cucaDos bêbados do centro da cidade
Pai,afasta de mim esse cálicePai,afasta de mim esse cálicePai,afasta de mim esse cáliceDe vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequenoNem seja a vida um fato consumadoQuero inventar o meu próprio pecadoQuero morrer do meu próprio venenoQuero perder de vez tua cabeça (Cálice!)Minha cabeça perder teu juízo (Cálice!)Quero cheirar fumaça de óleo dieselMe embriagar até que alguém me esqueça.

BUARQUE / QUEM TE VIU QUEM TE VÊ

QUEM TE VIU, QUEM TE VÊ

Você era a mais bonita
das cabrochas desta ala
Você era a favorita,
onde eu era o mestre-sala
Hoje a gente nem se fala,
mas a festa continua
Suas noites são de gala,
nosso samba ainda é na rua

Hoje o samba saiu,
lá, iá, lá, iá, lá, iá,
procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece
não pode mais ver para crer,
Quem jamais a esquece
não pode reconhecer

Quando o samba começava
você era a mais brilhante;
se a gente se cansava,
você só seguia adiante
Hoje a gente anda distante
do calor do seu gingado,
você só dá chá dançante
onde eu não sou convidado

Hoje o samba saiu,
lá, iá, lá, iá, lá, iá,
procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece
não pode mais ver para crer,
Quem jamais a esquece
não pode reconhecer

O meu samba se marcava
na cadência dos seus passos,
o meu sono se embalava
no carinho dos seus braços
Hoje de teimoso eu passo
bem em frente ao seu portão,
pra lembrar que sobra espaço
no barraco e no cordão

Hoje o samba saiu,
lá, iá, lá, iá, lá, iá,
procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece
não pode mais ver para crer,
Quem jamais a esquece
não pode reconhecer

Todo ano eu lhe fazia
uma cabrocha de alta classe
De dourado eu lhe vestia
pra que o povo admirasse
Eu não sei bem com certeza
por que foi que um belo dia,
quem brincava de princesa
acostumou na fantasia

Hoje o samba saiu,
lá, iá, lá,iá, lá, iá,
procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece
não pode mais ver para crer,
Quem jamais a esquece
não pode reconhecer

Hoje eu vou sambar na pista,
você vai de galeria
Quero que você assista
na mais fina companhia
Se você sentir saudade,
por favor não dê na vista
Bate palmas com vontade,
faz de conta que é turista.

Hoje o samba saiu,
lá, iá, lá, iá, lá, iá,
procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece
não pode mais ver para crer,
Quem jamais a esquece
não pode reconhecer.

MARIA BETHANIA / CHEIRO DE AMOR