sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Maria Bethânia no show "A Força Que Nunca Seca"



Iansã
Maria Bethânia

Composição: Gilberto Gil e Caetano Veloso, texto de Maria Bethânia

"Para onde vai a minha vida e quem a leva?
Porque eu faço sempre o que não queria?
Que destino contínuo se passa em mim na treva?
Que parte de mim, que eu desconheço, é que me guia?"

Senhora das nuvens de chumbo
Senhora do mundo dentro de mim
Rainha dos raios, rainha dos raios
Rainha dos raios, tempo bom, tempo ruim
Senhora das chuvas de junho
Senhora de tudo dentro de mim
Rainha dos raios, rainha dos raios
Rainha dos raios, tempo bom, tempo ruim
Eu sou o céu para as tuas tempestades
Um céu partido ao meio no meio da tarde
Eu sou um céu para as tuas tempestades
Deusa pagã dos relâmpagos
Das chuvas de todo ano
Dentro de mim, dentro de mim

SÓ VENDO QUE BELEZA

Antônio Maria / Menino Grande

Eu gosto tanto do carinho que ele me faz
Faz tanto bem o beijo que ele me traz
As horas passam, ligeiras, felizes
Sem a gente sentir
Ele está ao meu lado, com o corpo cansado
Precisa dormir
Dorme, menino grande
Que eu estou perto de ti Sonha o que bem quiseres
Que eu não sairei daqui
Oh vento não faz barulho
Meu amor está dormindo
E o mar não bata com força Porque ele está dormindo Dorme, menino grande
Que eu estou perto de ti Sonha o que bem quiseres
Que eu não sairei daqui

Tito Gómez - El Amor de mi Bohío / Tito Gómez a los 68 años canta El Amor de mi Bohío de Julio Brito.

TAL VEZ / Juan Formell

GONZAGUINHA / PALAVRAS

Palavras, palavras, palavras

Eu já não aguento mais



Palavras, palavras, palavras

Você só fala, promete e nada faz



Palavras, palavras, palavras

Desde quando sorrir é ser feliz?



Cantar nunca foi só de alegria

Com tempo ruim

Todo mundo também dá bom dia!



Cantar nunca foi só de alegria

Com tempo ruim

todo mundo também dá bom dia!

GUERREIRO MENINO (UM HOMEM TAMBÉM CHORA) - FAGNER


FAGNER E NOEMIA HIME

POEMA LXIV (DE AMAR MUCHO TIENES LA PALABRA)

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Omara Portuando e Maria Bethânia



CD + DVD

CD + DVD

Omara Portuando e Maria Bethânia

O encontro de Omara e Bethânia talvez seja uma grande alegoria dos laços ancestrais e indissolúveis que ligam as aldeias de ambas: “um fenômeno desde as primeiras pesquisas chamou a atenção dos afro-americanistas, tanto na Bahia quanto em Cuba: os escravos negros identificaram os orixás africanos a certos santos e virgens católicas”, observa o antropólo francês Erwan Dianteill. A origem dos negros, iorubás, é a mesma. Enquanto por aqui a alcunha é candomblé, na pequena ilha caribenha é santería. Só muda o nome. As associações e configuração do culto são as mesmas. No plano econômico, o cultivo da cana-de-açúcar, através da monocultura no sistema plantation, se repetiu lá e cá.

O aspecto burocrático à la “cartilha de aula de história” do prólogo acima é apenas uma mera tentativa de buscar embasamento acadêmico para o fato de Omara e Bethânia serem irmãs. Afinal, são filhas do mesmo negro, que passou pelo mesmo processo de escravidão e que gerou música, embora díspar na forma, de complexidade muito similar. Juntas, promovem o reencontro do traçado evolutivo de dois povos siameses, que têm na música a manifestação mais contundente de autoconhecimento.

Em 2005, Omara veio cumprir uma agenda de shows no Brasil. Entrou em contato com Bethânia, pois queria conhecê-la. Não só se encontraram, como combinaram de fazer um disco juntas. Instantaneamente, surgiu um entendimento mútuo, pouco comum num primeiro encontro de pessoas que a princípio não se conhecem. Mas os tais laços ancestrais falaram mais alto. Poucos meses depois, em janeiro de 2007, Omara voltava ao Brasil para a gravação, no estúdio da Biscoito Fino, do disco que agora chega às lojas.

Embora tenham encomendado vasta pesquisa de repertório, sobretudo o cubano, as canções foram definidas no dia-a-dia das gravações, a partir da cumplicidade musical que se estabeleceu desde o primeiro momento. O restante são memórias, canções que de alguma forma traduzam o clima desse “reencontro” e estabeleçam paralelos nos cancioneiros de ambos os países. Afinal, trata-se de duas intérpretes que expressam com muita clareza, e sem concessões, suas referências mais primordiais.

Algumas faixas aparecem como dípticos, com uma canção cubana e outra brasileira sobre o mesmo tema. Nesse clima, o disco abre com duas cantigas de ninar, Lacho (Facundo Rivero e Juan Pablo Miranda), trazida por Omara, e Menino Grande (Antonio Maria), cantada por Bethânia. Introduzidas pelo Poema LXIV (Dulce María Loynaz), vêm as canções Palabras (Marta Valdés) e Palavras (Gonzaguinha). Na mesma perspectiva estão Caipira de Fato (Adaulto Santos), gravada por Inezita Barroso em 97, e a campesina cubana El Amor de Mi Bohío (Júlio Brito).

Juntas, Omara e Bethânia interpretam Tal Vez (de Juan Formell, diretor do lendário grupo de música bailable Van Van), em son, ritmo base da música cubana; Você (Heckel Tavares e Nair Mesquita),um dos momentos mais singelos do disco, lançada em 42 por Carmen Costa, e gravada posteriormente por nomes como Nara Leão e Fagner; a bucólica Só Vendo Que beleza- Marambaia ( Rubens Campos e Henricão), numa versão que vai do samba à salsa, com direito a uma deliciosa levada rap de Omara; e Para Cantarle a Mi Amor (Orlando de La Rosa), do repertório da cantora cubana Esther Borja.

Completam a seleção os solos de Omara - Nana para um Suspiro (do contemporâneo Pedro Luis Ferrer), originalmente uma nueva prueba, que aqui ganha contornos de samba-bossa (com referência jobiniana), e Mil Congojas (Juan Pablo Miranda); e Bethânia, com Arrependimento (Dolores Duran e Fernando César), extraída do repertório de Dircinha Baptista.

Jaime Alem e Swami Jr., maestros respectivamente de Bethânia e Omara, assinam a produção musical de um disco essencialmente acústico, de sonoridade encorpada, em que cada instrumento é explorado ao máximo, desaguando num híbrido sonoro mezzo cubano, mezzo brasileiro.

Omara Portuondo e Maria Bethânia é um trabalho que traz à tona um reencontro – pois o encontro cabe à ancestralidade- permeado pela troca de lembranças e impressões de um mundo comum. Carregam em si uma interpretação do universo à volta preenchido de memória e referência, que perpassa a nítida idéia de que aquilo tudo que fazem em seu ofício tem um fim concreto, além do simples e abstrato ato de cantar. Cantam todo brasileiro, todo cubano, cada brasileiro, cada cubano, e no fim tem-se a impressão de que todos eles convergem, são um monolítico. Aí está aquele negro lá de cima que não deixa mentir. A força do canto de ambas, que já atravessa décadas, remete diretamente à história das milenares monarcas africanas, conhecidas como candaces, uma linhagem de mulheres negras cujo legado de lutas e conquistas atravessou o tempo e a distância. Nada mais apropriado.

Sidimir Sanches

Omara Portuondo e Bethânia chega às lojas em dois formatos: cd e kit cd+ dvd documentário das gravações do disco, no estúdio da Biscoito Fino.

Faixas
• CD
01 Lacho (Facundo Rivero e Juan Pablo Miranda) 3m08s

02 Menino Grande (Antonio Maria) 3m16s

03 Nana para un suspiro (Pedro Luis Ferrer) 4m13s

04 Poema LXIV (Dulce María Loynaz), Palabras (Marta Valdes), Palavras (Gonzaguinha) 4m00s

05 Talvez (Juan Formell) 3m31s

06 Você (Hekel Tavares e Nair Mesquita) 4m13s

07 Arrependimento (Dolores Duran e Fernando Cesar) 3m15s

08 Mil Congojas (Juan Pablo Miranda) 3m13s

09 Só vendo que beleza (Rubens Campos e Henricão) 2m26s

10 Para cantarle a mi amor (Orlando De La Rosa) 5m48s

11 Caipira de fato (Adauto Santos), El amor de mi Bohio (Júlio Brito) 4m24s

• DVD
01 Lacho (Facundo Rivero e Juan Pablo Miranda)

02 Menino Grande (Antonio Maria)

03 Palavras (Marta Valdes)

04 Palabras (Gonzaguinha)

05 Mil Congojas (Juan Pablo Miranda)

06 Só vendo que beleza (Rubens Campos e Henricão)

07 Nana para un suspiro (Pedro Luis Ferrer)

08 Caipira de fato (Adauto Santos)

09 Talvez (Juan Formell)

Ficha Técnica


UMA REALIZAÇÃO BISCOITO FINO
Direção Geral: Kati Almeida Braga
Direção Artística: Olivia Hime
Estúdio de Gravação e Mixagem: Biscoito Fino
Estúdio de Masterização: Visom
Engenheiro de Gravação: Gabriel Pinheiro
Assistente de Gravação: Fernando Prado
Engenheiro de Mixagem: Moogie Canazio
Assitente de Mixagem: Fernando Prado
Gerência de Produção: Pedro Seiler
Assistente de Produção: Renata Mader e Sylvia Medeiros

Projeto Gráfico: Gringo Cardia
Designer Assistente: Carolina Vaz
Fotos: Leonardo Aversa

O encontro de Omara e Bethânia talvez seja uma grande alegoria dos laços ancestrais e indissolúveis que ligam as aldeias de ambas: “um fenômeno desde as primeiras pesquisas chamou a atenção dos afro-americanistas, tanto na Bahia quanto em Cuba: os escravos negros identificaram os orixás africanos a certos santos e virgens católicas”, observa o antropólo francês Erwan Dianteill. A origem dos negros, iorubás, é a mesma. Enquanto por aqui a alcunha é candomblé, na pequena ilha caribenha é santería. Só muda o nome. As associações e configuração do culto são as mesmas. No plano econômico, o cultivo da cana-de-açúcar, através da monocultura no sistema plantation, se repetiu lá e cá.

O aspecto burocrático à la “cartilha de aula de história” do prólogo acima é apenas uma mera tentativa de buscar embasamento acadêmico para o fato de Omara e Bethânia serem irmãs. Afinal, são filhas do mesmo negro, que passou pelo mesmo processo de escravidão e que gerou música, embora díspar na forma, de complexidade muito similar. Juntas, promovem o reencontro do traçado evolutivo de dois povos siameses, que têm na música a manifestação mais contundente de autoconhecimento.

Em 2005, Omara veio cumprir uma agenda de shows no Brasil. Entrou em contato com Bethânia, pois queria conhecê-la. Não só se encontraram, como combinaram de fazer um disco juntas. Instantaneamente, surgiu um entendimento mútuo, pouco comum num primeiro encontro de pessoas que a princípio não se conhecem. Mas os tais laços ancestrais falaram mais alto. Poucos meses depois, em janeiro de 2007, Omara voltava ao Brasil para a gravação, no estúdio da Biscoito Fino, do disco que agora chega às lojas.

Embora tenham encomendado vasta pesquisa de repertório, sobretudo o cubano, as canções foram definidas no dia-a-dia das gravações, a partir da cumplicidade musical que se estabeleceu desde o primeiro momento. O restante são memórias, canções que de alguma forma traduzam o clima desse “reencontro” e estabeleçam paralelos nos cancioneiros de ambos os países. Afinal, trata-se de duas intérpretes que expressam com muita clareza, e sem concessões, suas referências mais primordiais.

Algumas faixas aparecem como dípticos, com uma canção cubana e outra brasileira sobre o mesmo tema. Nesse clima, o disco abre com duas cantigas de ninar, Lacho (Facundo Rivero e Juan Pablo Miranda), trazida por Omara, e Menino Grande (Antonio Maria), cantada por Bethânia. Introduzidas pelo Poema LXIV (Dulce María Loynaz), vêm as canções Palabras (Marta Valdés) e Palavras (Gonzaguinha). Na mesma perspectiva estão Caipira de Fato (Adaulto Santos), gravada por Inezita Barroso em 97, e a campesina cubana El Amor de Mi Bohío (Júlio Brito).

Juntas, Omara e Bethânia interpretam Tal Vez (de Juan Formell, diretor do lendário grupo de música bailable Van Van), em son, ritmo base da música cubana; Você (Heckel Tavares e Nair Mesquita),um dos momentos mais singelos do disco, lançada em 42 por Carmen Costa, e gravada posteriormente por nomes como Nara Leão e Fagner; a bucólica Só Vendo Que beleza- Marambaia ( Rubens Campos e Henricão), numa versão que vai do samba à salsa, com direito a uma deliciosa levada rap de Omara; e Para Cantarle a Mi Amor (Orlando de La Rosa), do repertório da cantora cubana Esther Borja.

Completam a seleção os solos de Omara - Nana para um Suspiro (do contemporâneo Pedro Luis Ferrer), originalmente uma nueva prueba, que aqui ganha contornos de samba-bossa (com referência jobiniana), e Mil Congojas (Juan Pablo Miranda); e Bethânia, com Arrependimento (Dolores Duran e Fernando César), extraída do repertório de Dircinha Baptista.

Jaime Alem e Swami Jr., maestros respectivamente de Bethânia e Omara, assinam a produção musical de um disco essencialmente acústico, de sonoridade encorpada, em que cada instrumento é explorado ao máximo, desaguando num híbrido sonoro mezzo cubano, mezzo brasileiro.

Omara Portuondo e Maria Bethânia é um trabalho que traz à tona um reencontro – pois o encontro cabe à ancestralidade- permeado pela troca de lembranças e impressões de um mundo comum. Carregam em si uma interpretação do universo à volta preenchido de memória e referência, que perpassa a nítida idéia de que aquilo tudo que fazem em seu ofício tem um fim concreto, além do simples e abstrato ato de cantar. Cantam todo brasileiro, todo cubano, cada brasileiro, cada cubano, e no fim tem-se a impressão de que todos eles convergem, são um monolítico. Aí está aquele negro lá de cima que não deixa mentir. A força do canto de ambas, que já atravessa décadas, remete diretamente à história das milenares monarcas africanas, conhecidas como candaces, uma linhagem de mulheres negras cujo legado de lutas e conquistas atravessou o tempo e a distância. Nada mais apropriado.

Sidimir Sanches

Omara Portuondo e Bethânia chega às lojas em dois formatos: cd e kit cd+ dvd documentário das gravações do disco, no estúdio da Biscoito Fino.

Faixas
• CD
01 Lacho (Facundo Rivero e Juan Pablo Miranda) 3m08s

02 Menino Grande (Antonio Maria) 3m16s

03 Nana para un suspiro (Pedro Luis Ferrer) 4m13s

04 Poema LXIV (Dulce María Loynaz), Palabras (Marta Valdes), Palavras (Gonzaguinha) 4m00s

05 Talvez (Juan Formell) 3m31s

06 Você (Hekel Tavares e Nair Mesquita) 4m13s

07 Arrependimento (Dolores Duran e Fernando Cesar) 3m15s

08 Mil Congojas (Juan Pablo Miranda) 3m13s

09 Só vendo que beleza (Rubens Campos e Henricão) 2m26s

10 Para cantarle a mi amor (Orlando De La Rosa) 5m48s

11 Caipira de fato (Adauto Santos), El amor de mi Bohio (Júlio Brito) 4m24s

• DVD
01 Lacho (Facundo Rivero e Juan Pablo Miranda)

02 Menino Grande (Antonio Maria)

03 Palavras (Marta Valdes)

04 Palabras (Gonzaguinha)

05 Mil Congojas (Juan Pablo Miranda)

06 Só vendo que beleza (Rubens Campos e Henricão)

07 Nana para un suspiro (Pedro Luis Ferrer)

08 Caipira de fato (Adauto Santos)

09 Talvez (Juan Formell)

Ficha Técnica


UMA REALIZAÇÃO BISCOITO FINO
Direção Geral: Kati Almeida Braga
Direção Artística: Olivia Hime
Estúdio de Gravação e Mixagem: Biscoito Fino
Estúdio de Masterização: Visom
Engenheiro de Gravação: Gabriel Pinheiro
Assistente de Gravação: Fernando Prado
Engenheiro de Mixagem: Moogie Canazio
Assitente de Mixagem: Fernando Prado
Gerência de Produção: Pedro Seiler
Assistente de Produção: Renata Mader e Sylvia Medeiros

Projeto Gráfico: Gringo Cardia
Designer Assistente: Carolina Vaz
Fotos: Leonardo Aversa

OMARA PORTUONDO "QUIZAS,QUIZAS"

Omara Portuondo e Maria Bethânia

BISCOITO FINO

BiscoitoFino2008
Style: World
Joined: January 04, 2008
Last Login: 1 day ago
Videos Watched: 10
Subscribers: 3
Channel Views: 100
Gravadora independente de Música Popular Brasileira.
A Biscoito Fino, hoje com estúdio próprio e equipamentos à disposição dos artistas, não quer, para parafrasear Noel Rosa, abafar ninguém, só quer mostrar que faz a melhor música popular brasileira também.

"A função da Biscoito Fino" -- diz Olívia -- "é abrir espaço para esta riqueza musical brasileira. Se o mundo inteiro está consumindo música brasileira e ela é nossa matéria-prima, porque não consumí-la aqui também?" E a Biscoito pôs a mão na massa lançando composições de Francis Hime, Sérgio Santos e Joyce, e gravando com cantores como Monica Salmaso, Bibi Ferreira e Zé Renato.


Em 2005, a BF completou seu quinto aniversário superou a incrível marca de 150 títulos em seu catálogo, entre CDs, DVDs e coleções exclusivos da Biscoito ou em parcerias com os selos ligados à gravadora: Quelé (uma parceria entre BF e Acari Records), Jobim Biscoito Fino (que em 2004 lançou o inédito CD Antonio Carlos Jobim em Minas ao vivo Piano e Voz), Biscoitinho (o selo de música infantil da Biscoito Fino) e o Quitanda (parceria de Maria Bethânia com Kati Almeida Braga, responsável por lançamentos como Brasileirinho, de Bethânia).

Label Type: ---
City: Rio de Janeiro
Hometown: Rio de Janeiro
Country: Brazil
Website URL: http://www.biscoitofino.com.br/bf/ind...
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Maria Bethânia - Maricotinha

Marujo Portugues-Maria Bethânia

MARIA BETHÂNIA brincar de viver

Maria Bethania, Texto

domingo, 24 de fevereiro de 2008

FUGINDO DO ASSUNTO

O ciúme, o desejo de sucesso e de amor exclusivo estão na origem dos vínculos daninhos. Há seres tóxicos capazes de nos infectar com sua negatividade, mas também antídotos e técnicas para livrar-se do que nos amarga a vida e nos impede de crescer

Há pessoas em nosso entorno familiar, laboral ou social, cujos comentários e atitudes nos complicam a existência. Gente perigosa para nossa saúde mental, emocional e física, das quais convém manter distância, ou pelo menos limites definidos, se não temos mais remédio que conviver ou nos encontrar com essas pessoas tóxicas.

Quem quer que nos aflija com sua atitude, que não nos deixa crescer, não se mostra contente com nosso sucesso e que põe barreiras a nossos esforços para sermos mais felizes, pode ser considerado uma pessoa tóxica para nossa vida, embora para qualquer outro indivíduo seja inofensiva.

Para a psicóloga americana Lillian Glass, a raiz de toda toxicidade nas relações humanas são o ciúme. Por que algumas pessoas próximas, queridas ou amigas, nos ferem, se enfadam, tentam vencer-nos, buscam nos desagradar ou tentam prejudicar-nos com frases sarcásticas ou respostas que desanimam ou ao alegrar-se falsamente de nossa felicidade ou êxito?.

Por que nos fazem críticas destrutivas?, "Devido aos ciúmes e sua concomitante inveja", comenta Glass, para quem o descontentamento e os sentimentos de insuficiência provocam a ânsia de posse, de êxito e do amor de outras pessoas, assim como o desejo de tê-las para si mesmo, exclusivamente.

Caldo de cultivo: o ciúme

A frustração de outras pessoas que nos vêem como vencedores e consideram a si mesmas perdedoras, os impulsiona a machucar-nos mental e verbalmente, e às vezes inclusive mediante a violência física. Também os levam a envolver-nos em jogos maliciosos, palavras cruéis e comportamentos sujos.

O ciúme ou a falta de amor próprio são a razão de muitos comportamentos negativos em relação a nós, mas também a causa encoberta de condutas similares de nós para com os demais.

Para reconhecer as condutas tóxicas é preciso olhar para si mesmo ou fazer com que a outra pessoa o faça. Quem é crítico em relação a outro indivíduo deve examinar suas razões; uma pessoa honesta normalmente encontrará algum motivo para sentir ciúmes: por exemplo, possuir algo que o outro deseja ou lhe falta, ou o sentimento que a outra pessoa tem mais ou lhe seria melhor.

A doutora Lillian Glass, que faz uns anos publicou um livro sobre as relações tóxicas que rapidamente virou sucesso de vendas, evidenciando a magnitude deste tipo de comportamentos, sugere empregar de certas técnicas para que os ataques emocionais de pessoas tóxicas não repercutam sobre nossa saúde física e mental.

Para o especialista, isto é uma questão de sobrevivência, porque boa parte do bem-estar e sucesso em nossa vida dependem de nossa força psicológica e emocional.

Às vezes, para resistir à toxicidade alheia ou tentar que não nos afete, se recorre ao consumo de drogas, tranqüilizantes ou alimentação compulsiva. Mas isso só é uma forma de autodestruição inconsciente, que só ocasiona que essa situação negativa se aprofunde quando passaram os efeitos aparentemente prazerosos desses métodos para fugir da realidade.

Também não é preciso responder com a violência física, já que as agressões aos indivíduos tóxicos só conseguem convertê-los em vítimas, enquanto que de fato são os verdadeiros agressores, o que realimenta seu papel negativo em nossa existência: é como tentar apagar um incêndio jogando mais combustível.

A ameaça em casa

Quando as pessoas tóxicas fazem parte da própria família, podem constituir um verdadeiro problema psicológico, devido à continuidade da convivência e do vínculo. Se estão no trabalho, podem colocar em risco nossa continuidade laboral, pois os contínuos conflitos influenciam em nosso rendimento.

Sejam nossos pais, filhos ou cônjuges, nossos chefes ou colegas de trabalho, às pessoas tóxicas é preciso aprender a tratá-las, para que não transtornem nosso equilíbrio vital.

Segundo a pesquisadora Lillian Glass, a fórmula magistral para desintoxicar nossas relações consiste em comunicar-se para enfrentar o que nos incomoda do outro e dizê-lo às claras.

Se você tem um chefe, amigo ou familiar que o faz sentir inferior. Se sua mãe, pai ou ambos o ralharam ao longo de toda a vida. Se está em contato com um médico, professor ou cliente que o insulta ou simplesmente o deixa doente. Se mantém algumas destas ou outras relações tóxicas, precisa sobreviver a elas.

Para conseguir uma convivência tranqüila e feliz, o especialista sugere aplicar uma série de antídotos contra a negatividade.

Uma solução consiste em manter o senso de humor. Relaxar as tensões e divertir-se com isso permite responder ao sujeito tóxico e conseguir o benefício do riso. Primeiro é preciso relaxar, respirando lentamente uns segundos e exalando enquanto se lembram as palavras e ações tóxicas, como para expulsá-las do corpo junto com o ar. Depois é preciso dizer algo divertido, que ponha em evidência o agressor verbal. Isto serve para expulsar a tensão acumulada.

Também é importante deixar de pensar todo o tempo no problema, o que só contribui para amplificá-lo, já que a mente é como uma lupa: aumenta aquilo que foca.

Existem momentos em que uma pessoa tóxica parece colapsar nossa mente, convertendo-se na única coisa em que podemos pensar, o que é prejudicial. É preciso gritar ou dizer mentalmente Pare de pensar! e apoiar esta expressão com frases positivas, como "sou importante", "minha vida é valiosa" ou "me sinto feliz".

A técnica do espelho

A doutora Glass também aconselha atuar como se fôssemos um espelho. É possível fazer as pessoas tóxicas ver refletidos seus comportamentos. Se alguém não pára de falar impedindo que os demais o façam, a resposta pode ser colocar-se a latir. Quando o tóxico se irritar e perguntar "O que há?", basta explicar que esta é a atitude que ela mantém com os demais.

Outra tática conveniente consiste em perguntar com tranqüilidade. Para que os indivíduos tóxicos vejam quão absurdas são suas idéias, comentários e atitudes, o melhor é formular dúvidas simples que se convertam em uma progressão lógica que vá desbaratando seus argumentos, um depois de outro.

A aqueles que odeiam os negros pergunte se conhecem muita gente de cor?, conviveu com ela?, alguém o odeia por ser quem é?. Suas respostas evidenciarão o ridículo de suas idéias. E sempre haverá mais perguntas para colocar-lhes em evidência.

Embora pareça difícil, é preciso tentar empregar a cordialidade. Converter o enfado em amabilidade é uma resposta ideal frente a muitos que são duros. Os motivos de sua atuação costumam ser a insegurança e a falta de amor próprio.

Ao saber que essas são as causas de sua toxicidade, pode controlar a injúria e transformá-la em amabilidade. Muitas pessoas que tratam com o público fazem uso desta capacidade, que dá frutos assombrosos.

Outro antídoto para a toxicidade mental, consiste em desprender-se de qualquer emoção a respeito da pessoa venenosa: tirá-la de nossa vida, não preocupar-se com ela, não desejar-lhe nem bem nem mal, visualizar a desconexão com ela, deixá-la para trás.

Catálogos de pessoas venenosas

Segundo Glass, estas técnicas são efetivas para resistir ao que ela denomina "trinta tipos de terrores tóxicos", entre os quais inclui o falador, o piadista, o cortante, a vítima sombria e condenada, o apunhalador de duas caras, o brincalhão, o pistoleiro rancoroso e autoritário, e o mentiroso. Todas são distintas formas de personalidades que coincidem em intoxicar a vida alheia.

Outras versões de indivíduos tóxicos, que podemos descobrir em nosso entorno, são o indivíduo intrometido, o fanático, o pretensioso, o competidor, o maniático do controle, o crítico acusador ou o arrogante sabichão.

Às vezes, a presença de conflitos contínuos, pode indicar que o ser tóxico é você mesmo, em vez dos demais. O que não muda excessivamente as coisas, porque o resultado é similar: um contínuo mal-estar e dificuldades para relacionar-nos.

Nesse caso é preciso reconhecer o problema e deixar de amargar os demais com nossos ciúmes mais ou menos encobertos. A chave, como sempre, é a comunicação: consigo mesmo, para descobrir a verdadeira raiz de nosso comportamento, e com os demais, para deixar de atormentar suas vidas.

Por María Jesús Ribas