sábado, 10 de maio de 2008

CAETANO VELOSO / LA BARCA

AMOR QUE NÃO COBRA / ARTUR DA TÁVOLA




ARTUR DA TÁVOLA
AMOR QUE NÃO COBRA O amor quando maduro não é menor em intensidade. Ele é apenas silencioso. Não é menor em extensão. É mais definido colorido e poetizado. Não carece de demonstrações. Presenteia com a verdade do sentimento. Não precisa de presenças exigidas. Amplia-se com as ausências significativas. O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo. Mas vive dos problemas da felicidade. Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem, o prazer. Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro. Na felicidade está o encontro de peles, o ficar com o gosto da boca e do cheiro do outro está a compreensão antecipada, a adivinhação, o presente de valor interior, a emoção vivida em conjunto, os discursos silenciosos da percepção, o prazer de conviver, o equilíbrio entre carne e espírito. O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa. Ele vive do que não morreu, mesmo tendo ficado para depois, vive do que jamais fermentou, criando dimensões novas para sentimentos antigos, jardins abandonados, cheios de sementes. Até o amor por Deus, amadurece quando se aprofunda e estende. O amor, qualquer amor, quando maduro, não pede, tem. Não reivindica, consegue. Não percebe, recebe. Não exige, oferece. Não pergunta, adivinha. Existe, para fazer feliz. Direitos Autorais Reservados Publicado com autorização do autor

ONDE ESTÁ A DESPEDIDA? / ARTUR DA TÁVOLA

ONDE ESTÁ A DESPEDIDA? Há despedidas para sempre e que não são patentes na hora do afastamento. Não se lhes percebe o estalo da separação, permanente ou temporária, que pode estar no instante de mau humor, na resposta infeliz, na alegria que não se repete ou na palavra que deixamos de dar e receber. Às vezes, está na palavra que dizemos. Nem sempre as pessoas se separam: esgarçam-se às vezes. Viver esgarça. Despedir-se é sutil, nem sempre aparece. Seres em mutação, vivemos a mudar, sem saber. Na mudança, transforma-se em recordação o que antes era união e vontade, amizade ou convivência. De tudo se faz retrato, álbum, caderno, poema, carta, saudade ou memória. A despedida não é por querer: acontece a despeito. Um simples "até já" pode conter inimagináveis nuncas. Ou sempres. Nada é mais triste que uma fotografia alegre. Quantas despedidas podem estalar dali em diante? Nada pode vir a ser mais enganoso que um simples até logo. Maravilhosa e cruel a vida! Tudo pode acontecer. As ligações, salvo poucas, fazem-se precárias e falíveis. Nosso destino é preso a acontecimentos não controláveis. Os impulsos, cansaços e as discordâncias são imprevisíveis. E geram despedidas antes inesperáveis. Ninguém sabe de quem se afastará. Nem quais as amizades e amores de toda a vida, nada obstante existam. Raros captam a dor que estala em cada hipótese de despedida. Separar-se contém sempre a hipótese da despedida. Por isso uma dor sempre se infiltra em cada afastamento. Algo se assusta, escondido, em tudo o que se separa. Ainda que para ir ali pertinho e logo voltar. As grandes despedidas dão-se - contudo - sem que o percebamos. As que sabemos e sofremos não são despedidas completas, pois a saudade e a memória hão de trazer de volta o sentimento genuíno que agora causa dor. As grandes despedidas infiltram-se no cotidiano e nos atos corriqueiros de cada dia, sem serem percebidas. Muitos anos depois, vamos verificar que, disfarçadas em dia-a-dia, ali estavam e estalavam saudades antecipadas, vários nuncas dos quais jamais suspeitamos. Nunca se sabe onde está uma despedida. A não ser muito depois. Direitos Autorais Reservados Publicado com autorização do autor Há despedidas para sempre e que não são patentes na hora do afastamento. Não se lhes percebe o estalo da separação, permanente ou temporária, que pode estar no instante de mau humor, na resposta infeliz, na alegria que não se repete ou na palavra que deixamos de dar e receber. Às vezes, está na palavra que dizemos. Nem sempre as pessoas se separam: esgarçam-se às vezes. Viver esgarça. Despedir-se é sutil, nem sempre aparece. Seres em mutação, vivemos a mudar, sem saber. Na mudança, transforma-se em recordação o que antes era união e vontade, amizade ou convivência. De tudo se faz retrato, álbum, caderno, poema, carta, saudade ou memória. A despedida não é por querer: acontece a despeito. Um simples "até já" pode conter inimagináveis nuncas. Ou sempres. Nada é mais triste que uma fotografia alegre. Quantas despedidas podem estalar dali em diante? Nada pode vir a ser mais enganoso que um simples até logo. Maravilhosa e cruel a vida! Tudo pode acontecer. As ligações, salvo poucas, fazem-se precárias e falíveis. Nosso destino é preso a acontecimentos não controláveis. Os impulsos, cansaços e as discordâncias são imprevisíveis. E geram despedidas antes inesperáveis. Ninguém sabe de quem se afastará. Nem quais as amizades e amores de toda a vida, nada obstante existam. Raros captam a dor que estala em cada hipótese de despedida. Separar-se contém sempre a hipótese da despedida. Por isso uma dor sempre se infiltra em cada afastamento. Algo se assusta, escondido, em tudo o que se separa. Ainda que para ir ali pertinho e logo voltar. As grandes despedidas dão-se - contudo - sem que o percebamos. As que sabemos e sofremos não são despedidas completas, pois a saudade e a memória hão de trazer de volta o sentimento genuíno que agora causa dor. As grandes despedidas infiltram-se no cotidiano e nos atos corriqueiros de cada dia, sem serem percebidas. Muitos anos depois, vamos verificar que, disfarçadas em dia-a-dia, ali estavam e estalavam saudades antecipadas, vários nuncas dos quais jamais suspeitamos. Nunca se sabe onde está uma despedida. A não ser muito depois. Direitos Autorais Reservados Publicado com autorização do autor

O MELHO DA FESTA / ARTUR DA TÁVOLA

O MELHOR DA FESTA Cada vez que a gente formula uma expectativa sobre algo que vai ocorrer, inunda o instante futuro, o acaso, o novo, o adiante, com resíduos de um passado mental, aquele que engendrou a expectativa e pretende aprisionar a realidade dentro dela. E jogar passado no futuro susta a evolução. Estamos tão pouco preparados para o novo e para o criativo que, justamente as coisas que mais desejamos ou queremos, fazemo-las vítimas de uma expectativa anterior a elas, mero expediente mental de controlar o futuro com o passado da imaginação. Aí as coisas serão ruins ou boas, não em função delas mesmas ou de como estaremos nos momentos em que elas ocorrerão e, sim, em função da correspondência ou não com o esquema mental anterior, construído para aprisionar a realidade, desejos e vontades. Esta expectativa (que, em muitos casos, ganha o nome e o conceito prodigioso de esperança) modela comportamentos, impulsiona multidões, gera apetites, empurra, justifica, dá o valor de verdade aos mitos que o homem eternamente (se) construirá, para explicar o mistério de sua existência e enfrentar sua incapacidade de conhecer a essência do universo, ao qual está fatalizado. Sempre restará aquilo que alcance pela intuição, pelo êxtase ou pela revelação. Mas traz sofrimentos e frustrações desnecessários. Vivemos, pois, dentro de uma bolha de expectativas, fantasias e vontades que nos empurram, não para o real e a sua maravilhosa complexidade, mas para a confirmação do sonho, do desejo, da vontade, condicionados que somos por processos interiores e exteriores sobre os quais temos poucos controles. Em vez de ver o futuro com aspiração, queremo-lo apenas como confirmação dos modelos que fizemos para ele. Daí a infelicidade. Aprisionar o momento que passa pela expectativa que anteriormente dele construímos é encharcar com um teimoso passado a criatividade de um futuro repleto de acaso e mutação. Impossível não ter expectativas. E já que é impossível não as ter, possível é limitar o seu efeito sobre nós. Seremos tão mais felizes quanto mais formos capazes de limpar o "adiante" dos ruídos do passado, o qual nos faz repetir e repetir as experiências que já acumulamos, prisioneiros do "antes", quase nunca hospedeiros do "vir a ser", mensageiros do "depois", admiradores do acaso. Direitos Autorais Reservados Publicado com autorização do autor

AFINIDADE

AFINIDADE

Não é o mais brilhante,
mas é o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
Não importa o tempo, a ausência,
os adiantamentos, a distância, as impossibilidades.

Quando há AFINIDADE,
qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa,
o afeto, no exato ponto
de onde foi interrompido.

AFINIDADE é não haver
tempo mediante a vida.
É a vitória do adivinhado sobre o real,
do subjetivo sobre o objetivo,
do permanente sobre o passageiro,
do básico sobre o superficial.

Ter AFINIDADE é muito raro,
mas quando ela existe,
não precisa de códigos
verbais para se manifestar.
Ela existia antes do conhecimento,
irradia durante e permanece depois que as
pessoas deixam de estar juntas.

AFINIDADE é ficar longe,
pensando parecido a
respeito dos mesmos fatos que
impressionam, comovem, sensibilizam...

Artur da Távola

AMAR SÓ NÃO BASTA / ARTUR DA TÁVOLA



Até um dia..........................................

MINHA CRIANÇA / ARTUR DA TÁVOLA faleceu hoje, 09 de maio de 2008 NOSSA HOMENAGEM



ARTUR DA TÁVOLA

Minha Criança


Peço licença para falar na minha criança, a que mora aqui dentro e não me abandonará jamais. Talvez com a morte eu até regresse a ela. Os quase setenta anos que dela me separam não a removem. Ela ali está, magra e tímida, a me olhar e ditar comportamentos e reações.

Minha criança esteve em todos os meus filhos e aparece no meus sete netos. Ela se refaz da morte da irmã e abre os olhos para o mundo, com a certeza de que veio ao mundo para alguma missão, embora sempre se considere inferior ao tamanho da mesma. Minha criança sente enorme saudade de pai e da mãe com quem o adulto já não conta salvo no exemplo, na saudade e nas orações quando me domina uma fugidia sensação de estarem, incorpóreos, a meu lado, mas sem se manifestarem.

Minha criança possui incomensuráveis solidões diante do mistério do infinito. Ainda recua diante do violento, embora não o tema, e ainda se infiltra em episódios de distração e inocência inexplicáveis num homem com minha carga de vivências. Minha criança ainda gosta de abraço caloroso, proteções misteriosas e de um modo de rezar que o adulto nunca mais conseguiu tais a entrega e a total confiança no Mistério e na proteção de Deus.

Minha criança carrega o melhor de mim, é portadora de meu modo triste de falar de coisas alegres e de algum susto misterioso sempre que se lhe impõe alguma expectativa d enfermidade. Minha criança é inteira, mansa, bondosa e linda. Eu a amo, preservo, e dou boas gargalhadas quando a vejo infiltrar-se nas graves decisões de algumas de minhas responsabilidades adultas. Ninguém a vê, salvo eu. Ninguém a acaricia, salvo eu, que a estimo, procuro e admiro mais a cada dia e com quem converso histórias infinitas, que somente a imaginação pode conceber no universo maravilhoso da fabulação interior e solitária.

Diariamente passeio com minha criança e estou muito feliz por cumprimentá-la, levar-lhe balas, nuvens, aquele cão da meninice, as canções de minha mãe e os carinhos de meu pai, levar-lhe os presentes que ganhava de meu padrinho e toda a enorme vontade de Ser que então adivinhava para a minha vida. Vida que chegou, ameaça passar, e da qual não me arrependo. Minha criança adivinhou em seus sonhos o adulto que eu queria ser. E traz alegria e esperanças à minha idade atual. Hoje sou, há muito tempo, o adulto que sonhei ser. Talvez com menos tensões, mas igualzinho em meu modo de amar a vida.

Direitos Autorais Reservados
Publicado com autorização do autor

segunda-feira, 5 de maio de 2008

MARIA BETHANIA / PRIMAVERA

CENÁRIOS DE FORTALEZA - CE / FAGNER

FORTALEZA / FAGNER

FAGNER / AI QUE SAUDADES D'OCÊ

LUIS GONZAGA & FAGNER

FAGNER / ASA PARTIDA



FAGNER / RETROVISOR

MARIA BETHANIA / DOCE

MARIA BETHANIA & OMARA PORTUONDO / TAL VEZ



TAL VEZ
“Tal vez
Si te hubiera besado outra vez
Ahora fueram las cosas distintas
Tendrías um recuerdo de ti
Pero tal vez
Si tu hubieras hablado mi amor
Te tendría aqui a mi lado
Y serías feliz.
Tal vez
Si al desperdite de mi
Tus manos tíbias
Humbieran tocado mis manos
Diciéndome adíos.
Pero tal vez
Si tu hubieras hablado mi amor
Te tendría aqui a mi lado
Y serías feliz”

MARIA BETHANIA / NEGUE

BETHANIA / O QUE SERÁ ?

MARIA BETHANIA & PAULINHO DA VIOLA / TUDO É ILUSÃO/ PECADORA

MARIA BETHANIA & PAULINHO DA VIOLA / ROSA MARIA

domingo, 4 de maio de 2008

CLARISSE LISPECTOR

"Sonhe aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser.
Porque você possui apenas uma vida.
E nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer.
Tenha Felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade."

Clarice Lispector