sábado, 11 de agosto de 2007

PRÊMIO TIM - Zélia Duncan/Zé Renato/Hamilton - LEVIANA

Roberta Sá e Lenine cantam no Prêmio TIM 2007

PREMIO TIM 2007

MARIA BETHANIA - BALADA DO LADO SEM LUZ

Mil Perdões - Chico Buarque



Te perdôo
Por fazeres mil perguntas
Que em vidas que andam juntas
Ninguém faz
Te perdôo
Por pedires perdão
Por me amares demais

Te perdôo
Te perdôo por ligares
Pra todos os lugares
De onde eu vim
Te perdôo
Por ergueres a mão
Por bateres em mim

Te perdôo
Quando anseio pelo instante de sair
E rodar exuberante
E me perder de ti
Te perdôo
Por quereres me ver
Aprendendo a mentir (te mentir, te mentir)

Te perdôo
Por contares minhas horas
Nas minhas demoras por aí
Te perdôo
Te perdôo porque choras
Quando eu choro de rir
Te perdôo
Por te trair

NOEL ROSA e os Tangaras

FOI UM RIO QUE PASSOU NA MINHA VIDA / PAULINHO DA VIOLA



Se um dia
Meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar

Meu coração tem manias de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar

Porém, ai porém
Há um caso diferente
Que marcou um breve tempo
Meu coração para sempre
Era dia de Carnaval
Carregava uma tristeza
Não pensava em novo amor
Quando alguém que não me
Lembro anunciou
Portela, Portela.
O samba trazendo alvorada
Meu coração conquistou

Ai, minha Portela
Quando vi você passar
Senti meu coração apressado
Todo meu corpo tomado
Minha alegria voltar

Não posso definir aquele azul
Não era do céu
Nem era do mar
Foi um rio que passou em
Minha vida
E meu coração se deixou levar
Foi um rio que passou em
Minha vida

Paulinho da Viola - 14 Anos - Cápsula da Cultura



Tinha eu 14 anos de idade
Quando meu pai me chamou (quando meu pai me chamou)
Perguntou se eu não queria
Estudar filosofia
Medicina ou engenharia
Tinha eu que ser doutor

Mas a minha aspiração
Era ter um violão
Para me tornar sambista
Ele então me aconselhou
Sambista não tem valor
Nesta terra de doutor
E seu doutor
O meu pai tinha razão

Vejo um samba ser vendido
E o sambista esquecido,
O seu verdadeiro autor
Eu estou necessitado
Mas meu samba encabulado
Eu não vendo não senhor

MARIA BETHANIA - BALADA DO LADO SEM LUZ

Meu Mundo É Hoje / Wilson Batista

Meu Mundo É Hoje

Paulinho da Viola



Eu sou assim, quem quiser gostar de mim eu sou assim.
Eu sou assim, quem quiser gostar de mim eu sou assim.
Meu mundo é hoje não existe amanhã pra mim
Eu sou assim, assim morrerei um dia.
Não levarei arrependimentos nem o peso da hipocrisia.
Tenho pena daqueles que se agaixam até o chão
Enganando a si mesmo por dinheiro ou posição
Nunca tomei parte desse enorme batalhão,
Pois sei que além de flores, nada mais vai no caixão.
Eu sou assim, quem quiser gostar de mim eu sou assim.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Carlos Drummond de Andrade / Poema de sete faces

Carlos Drummond de Andrade


Poema de sete faces


Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.


O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos , raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo,
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

Carlos Drummond de Andrade / Hino nacional

Carlos Drummond de Andrade


Hino nacional


Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás as florestas,
com a água dos rios no meio,
o Brasil está dormindo, coitado.
Precisamos colonizar o Brasil.


O que faremos importando francesas
muito louras, de pele macia,
alemãs gordas, russas nostálgicas para
garçonetes dos restaurantes noturnos.
E virão sírias fidelíssimas.
Não convém desprezar as japonesas...


Precisamos educar o Brasil.
Compraremos professores e livros,
assimilaremos finas culturas,
abriremos dancings e subvencionaremos as elites.


Cada brasileiro terá sua casa
com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
salão para conferências científicas.
E cuidaremos do Estado Técnico.


Precisamos louvar o Brasil.
Não é só um país sem igual.
Nossas revoluções são bem maiores
do que quaisquer outras; nossos erros também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...
os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...


Precisamos adorar o Brasil!
Se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens,
por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão
de seus sofrimentos.


Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,
ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós!
Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?

Copacabana - Maria Bethania

WWW.BISCOITOFINO.COM.BR

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Morena de Angola



Clipe da Diva Clara Nunes cantando Morena de Angola.
compositor: Chico Buarque, grande mestre!

Clara Nunes - Você passa eu acho graça

Clara Nunes - O mar serenou

Maria Bethânia no show "A Hora da Estrela" 1984

MARIA BETHANIA - EXEMPLO - 1974

Maria Bethania - O quereres - Show Maria - 1988

MARIA BETHANIA - JEITO ESTUPIDO DE TE AMAR

Guilherme Arantes: Brincar de Viver - especial

Guilherme Arantes - Brincar de Viver

Guilherme Arantes - Um dia, um adeus

PLANETA ÁGUA - GUILHERME ARANTES




Água, a fonte da vida. Desperdiçada por quem justamente precisa dela para sobrevivência. É triste. Mas é lindo saber que ela ainda existe e que temos tempo de recuperar.

Leila Pinheiro - Verde

O Ovo e a Galinha / CLARISSE LISPECTOR



O Ovo e a Galinha: O ovo é a própria existência real, objetiva, em si mesma. A galinha é nossa visão de vida interior; ela só existe por causa do ovo. Sem o ovo, a galinha não tem sentido. Ela é o meio de transporte para o ovo, tonta, desocupada e míope. O ovo é sempre o mesmo, isto é, a vida; a galinha é sempre a tragédia de cada época. O ovo tem sua forma definida; a galinha continua sendo redesenhada. “Ainda não se achou a forma mais adequada para uma galinha.(...) O seu destino é o ovo, a sua vida pessoal não nos interessa.” A galinha prejudicial ao ovo é aquela que só pensa em si, que não quer sacrificar sua vida. Os homens são os agentes da vida. Os que têm amor são os que participam um pouco mais da vida. Mas, como o amor é a desilusão de tudo o mais, poucos amam, porque a maioria não suporta perder as outras ilusões. “Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor.” Os homens existem para que o ovo se faça. Aqueles que não entendem isso, suicidam-se ou são eliminados. Estes não entendem o nosso mistério: somos apenas um meio e não um fim. Os que não aceitam o mistério procuram eliminar os que o aceitam. Então eles mandam que estes falem. Enquanto falam, o ovo é esquecido.

Clarice Lispector (1977)

Clarice Lispector

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Sunshine On My Shoulders / John Denver tradução




Luz do sol em meus ombros - me faz feliz
Luz do sol em meus olhos - pode me fazer chorar
Luz do sol na água - veja como é bonito
Luz do sol a ponto de - me fazer sempre contente

Se eu tivesse um dia que pudesse dar a você
Eu lhe daria agora mesmo um dia igual hoje
Se eu tivesse uma canção que pudesse cantar pra você
Eu cantaria uma canção que ajude você seguir melhor seu caminho

Se eu tivesse um conto que pudesse contar a você
Eu contaria um conto que pudesse fazer você sorrir
Se eu tivesse um desejo que pudesse desejar a você
Eu desejaria que o sol brilhasse o tempo todo

Luz do sol durante o tempo todo me deixa contente
Luz do sol, a ponto de sempre

john denver-sunshine on my shoulder

Apanhei-Te Cavaquinho - Armandinho e Yamandú

Yamandu Costa - Disparada

Pra não dizer que não falei das flores / GERALDO VANDRÉ

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Inesquecivel Jessé - Voa Liberdade

Mart'nalia, Maria Rita e Alcione - "Sem Compromisso"

Inesquecivel Jessé - Pout Pourri Beatles e Freddie Mercury

Inesquecivel Jessé - Estrela Reticente

PORTO SOLIDÃO I / JESSÉ

Jessé - Porto Solidão II

Ana Carolina & Bethania - SOLIDÃO

Ana Carolina & Antonio Villeroy - Ela não sabe dizer adeus

Ana Carolina & Alcione - NEM MORTA

AS ROSAS NÃO FALAM / CARTOLA

Cartola avant trailer

Peito vazio / (Cartola / Elton Medeiros)

BISCOITO FINO: COMPRE SEU CD OU DVD PREFERIDOS

Maria Bethânia - "Reconvexo"

JAMES

James Taylor - You've Got A Friend

Imagem e Semelhança / Bena Lobo, Kiko Continentino e Milton Nascimento

Imagem e Semelhança
Milton Nascimento

Composição: Bena Lobo, Kiko Continentino e Milton Nascimento

Pai do céu
Me manda alguma ajuda
A luz numa mensagem, careço de saber
Senhor, só preciso de um recado
A coisas nesta vida
Que não posso entender

Será sua imagem e semelhança
Não, meu pai do céu,
Não posso acreditar,
Não dá

Alguém inventou essa balela
A gente não merece
De longe comparar
Falta de respeito, no começo,
Nem se acha um herdeiro
Na glória de amar
Veio seu filho salvar a terra,
Tanto sacrifício,
Alguém mereceu,
Será?

Buda, oxalá ou krishna, muito amado
Nos fizeram andar
Mas resta a pergunta do começo,
Tô tanto distante de ter sido feito
A sua semelhança, pai

Milton Nascimento - Pietá



Pietá
Milton Nascimento

Composição: Milton Nascimento e Chico Amaral

Guardo teu olhar comigo
Tenho teu manto abrigo
Vem me amparar, vem me trazer
A voz que pode me socorrer
Pra não sofrer a hora má
Deixo meu corpo em teu coração

Sabes acalmar as horas
Grave a paixão que choras
Mas vem quebrar com tuas mãos
As duras setas do padecer
Pedra do céu, fogo do ser
Quieta me abre teu coração

Deito em teu peito largo
Guardo todo pranto amargo
Prometo a ti dia virá
Verás o filho te proteger
Te consolar e recolher
A flor de sangue da solidão

Foi piedade que inventaram
Foi seu povo que me deu
Sua mão forte de mulher
Quando tudo escureceu
Foi o mundo que me deixou
Para sempre este cravo
Este cravo, minha paixão
Que é a luz do teu rosto

Guardo sobre a pedra fria
Dobras de minha alegria
Vem me amparar, vem me trazer
A voz que pode me proteger
És minha mão, és meu querer
Piedade és toda mulher

Guardo teu olhar comigo
Tenho teu manto abrigo
Vem me amparar, vem me trazer
A voz que pode me socorrer
Pra não sofrer a hora má
Deixo meu corpo em teu coração

Sabes acalmar as horas
Grave a paixão que choras
Mas vem quebrar com tuas mãos
As duras setas do padecer
Pedra do céu, fogo do ser
Quieta me abre teu coração

Deito em teu peito largo
Guardo todo pranto amargo
Prometo a ti dia virá
Verás o filho te proteger
Te consolar e recolher
A flor de sangue de soledad

Beleza e Canção / Fernando Brant

Beleza e Canção

Milton Nascimento

Composição: Fernando Brant

Nada de novo no meu mundo
Eu vivo o segundo
Meu tempo é o meu lugar
Nada me tira do meu rumo
Eu sigo o meu prumo
O meu jeito de ser
Nada espero que não tenha
O que vier que venha
Sem me atropelar
Tudo que quero é o mar aberto
É ter você bem perto
Olhar o seu olhar
Tudo é novo no meu mundo
Se seu sono profundo
Entrar no meu sonhar
Sua beleza me domar
Sua beleza me amar
Toda beleza é um espinho
Se ela está sozinha
Sem ninguém desfrutar
Toda beleza é tristeza
Se não tem a certeza
De alguém comtemplar
Toda beleza é uma chama
Que, acende e inflama
Paixão de encontrar
Toda beleza é uma alegria
Que incendeia o dia
Faz a vida cantar
Tudo é belo no meu mundo
E cabe no meu canto
No meu tempo e lugar
Tudo é claro no caminho
Se não estou sozinho
E alguém vai aguardar
Nada de novo no meu mundo
E o sol a cada dia
Na noite a escuridão
Tudo de novo no meu mundo
Comigo eu começo
Beleza e canção

Tristesse / Milton Nascimento / telo Borges

Tristesse

Milton Nascimento

Composição: Milton Nascimento/telo Borges

Como você pode pedir
Pra eu falar do nosso amor
Que foi tão forte e ainda é
Mas cada um se foi

Quanta saudade brilha em mim
Se cada sonho é seu
Virou história em sua vida
Mas prá mim não morreu

Lembra, lembra, lembra, cada instante que passou
De cada perigo, da audácia do temor
Que sobrevivemos que cobrimos de emoção
Volta a pensar então

Sinto, penso, espero, fico tenso toda vez
Que nos encontramos, nos olhamos sem viver
Pára de fingir que não sou parte do seu mundo
Volta a pensar então
Como você pode pedir...

Milton Nascimento e Fernando Brant / A Feminina Voz do Cantor

A Feminina Voz do Cantor

Composição: Milton Nascimento e Fernando Brant

Minha mãe que falou
Minha voz vem da mulher
Minha voz veio de lá, de quem me gerou
Quem explica o cantor
Quem entende essa voz
Sem as vozes que ele traz do interior?

Sem as vozes que ele ouviu
Quando era aprendiz
Como pode sua voz ser uma Elis
Sem o anjo que escutou
A Maria Sapoti
Quando é que seu cantar iria se abrir?

Feminino é o dom
Que o leva a entoar
A canção que sua alma sente no ar
Feminina é a paixão
O seu amor musical
Feminino é o som do seu coração

Sua voz de trovador
Com seu povo se casou
E as ruas do país são seu altar
Feminino é a paixão
No seu amor musical
Feminino é o som do seu coração

Sua voz de trovador
Com seu povo se casou
E as ruas do país são seu altar
A cidade é feliz
Com a voz do seu cantor
A cidade quer cantar com seu cantor
Ele vai sempre lembrar
Da lenha do fogão
E das melodias vindo lá do quintal
As vozes que ele guardou
As vozes que ele amou
As vozes que ensinaram: bom é cantar

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Dalida - Helwa ya baladi (VOCÊ É LINDO MEU PAÍS)

Cidade de Petra, na Jordânia - Uma das 7 Novas Maravilhas do Mundo




Petra foi construída por volta do século VI A.C. pelos nabateus, durante o Império Persa.

Schindler's List / VIOLINO

Schindler's List Theme Song - Piano



The theme song from the motion picture Schindler's List. Piano Solo. Written by John Williams.

classical guitar las abejas by agustin barrios mangore

Villa Lobos - Bachianas Brasileiras N°5 / FLAUTA E VIOLÃO

Bandolim - Villa Lobos - Bachiana nº5



"Ária" (Cantinela) da "Bachianas Brasileiras nº5" Interpretada por Carlos Venturelli.
Video gravado em Palma de Mallorca por Mauricio Tejada da "Associación Artística Takhi Rhuna".

MA-RA-VI-LHO-SO !!!

Hayley Westenra sings Bachianas Brasileiras

Demônios Da Garoa & Fundo De Quintal - Trem Das Onze

Tiro ao Álvaro - Demônios da garoa

Adoniran

Adoniran Barbosa - Samba do Arnesto

Adoniran e Elis - Iracema - Um samba no Bexiga 1978

Adoniran Barbosa - Saudosa Maloca + Malvina

Sonho Impossível - Maria Bethania



Maravilhosamente lindo!

James Taylor - Fire and Rain

James Taylor - Sweet Baby James 1970

BURNING SPEAR

Burning Spear "Walk" Burning Productions

Burning Spear > Biografia

Burning Spear > Biografia

Nasce nel 1948 a St. Ann?s Bay, in Jamaica; il suo vero nome è Winston Rodney, ma lo cambia presto in Burning Spear, dal nome di un leader africano, poi divenuto presidente del Kenia. I suoi primi passi sono stati alcune registrazioni per il grande produttore Coxsone Dodd, nel 1969, che non ottennero il successo sperato. Soltanto dopo parecchia anni ci si è resi conto del valore di quei pezzi, che infatti sono stati ristampati, e che erano evidentemente troppo "moderni" per essere capiti e apprezzati da tutti. E' così che Burning Spear si allontana per alcuni anni dalle scene per riapparire solo nel 1975, in compagnia del produttore Jack Ruby. Stavolta le cose vanno molto diversamente, e il pubblico giamaicano, ormai svezzato, lo comprede in pieno. La musica di Burning Spear può essere per certi versi associata alla "trance", e anche per questo motivo è considerato tra i precursori del Dub. In particolare le lunghe e monotone cantilene, e le danze che esegue dal vivo, lo fanno a tutti gli affetti rientrare nella categoria dei Rasta più carismatici e spiritualisti. Dopo aver registrato altri due album Burning Spear si trasferisce a Londra, e qui registra un eccezionale esecuzione dal vivo, poi pubblicata per la Island, etichetta con cui lavorerà stabilmente fino all'80. Vaga quindi per un decennio da un'etichetta all'altra, fino al definitivo ri-approdo alla Island nel 1990, e ciò nonostante alcuni suoi lavori successivi sono stati pubblicati dalla Heartbeat. Nel 1984, intanto, ha ricevuto una nomination ai Grammy Awards con l'album Resistance. E' a tutt'oggi considerato uno dei "grandi" della musica reggae, come dimostra il fatto che nel 2000 ha vinto il "Grammy for Best Reggae Album of the Year" con il disco Calling Rastafari


Burning Spear
Site oficial de um dos artistas mais queridos do roots reggae. Ganhador do Grammy de melhor disco de reggae em 2000, Winston Rodney, também conhecido como Burning Spear, está mais ativo do que nunca, cumprindo uma extensa agenda de shows, como pode ser observado no site. O mais interessante é que as turnês são cobertas por membros da banda de apoio de Spear, a Burning Band. Os fãs também podem fazer perguntas aos integrantes da banda através do message board e também trocar idéias sobre os shows e discos de Spear. O site ainda traz uma discografia, galeria de fotos, uma biografia (que poderia ser mais detalhada) e links para dezenas de artigos, entrevistas e resenhas sobre Burning Spear na rede.

Burning Spear "Burning Reggae" Live

Burning Spear in KENYA, Africa Jah Nuh Dead

burning spear-calling rastafari

Burning Spear-Slavery days

Burning Spear "African Postman" Burning Music

Reginald and Julius playing mbira music



Mbira player Reginald Chiundiza plays mbira with bassist Julius and other friends in Tafara near Harare, Zimbabwe

african jembe cora music

Milton Nascimento - MILAGRE DOS PEIXES

Milton Nascimento - Para Lennon & McCartney (1983)

"San Vicente" (Milton Nascimento/Fernando Brant.)



"San Vicente" (Milton Nascimento/Fernando Brant.)

Coração americano
Acordei de um sonho estranho
Um gosto de vidro e corte
Um sabor de chocolate
No corpo e na cidade
Um sabor de vida e morte
Coração americano
Com sabor de vidro e corte

A espera na fila imensa
E o corpo negro se esqueçeu
Estava em san vicente
A cidade e suas luzes
Estava em san vicente
As mulheres e os homens
Coração americano
Com sabor de vidro e corte

As horas não se contavam
E o que era negro anoiteceu
Enquanto se esperava
Eu estava em san vicente
Enquanto acontecia
Eu estava em san vicente
Coração americano

Milton Nascimento - Travessia (ao vivo)

Clarice Lispector / Estrela perigosa

Clarice Lispector


Estrela perigosa


Estrela perigosa
Rosto ao vento
Marulho e silêncio
leve porcelana
templo submerso
trigo e vinho
tristeza de coisa vivida
árvores já floresceram
o sal trazido pelo vento
conhecimento por encantação
esqueleto de idéias
ora pro nobis
Decompor a luz
mistério de estrelas
paixão pela exatidão
caça aos vagalumes.
Vagalume é como orvalho
Diálogos que disfarçam conflitos por explodir
Ela pode ser venenosa como às vezes o cogumelo é.


No obscuro erotismo de vida cheia
nodosas raízes.
Missa negra, feiticeiros.
Na proximidade de fontes,
lagos e cachoeiras
braços e pernas e olhos,
todos mortos se misturam e clamam por vida.
Sinto a falta dele
como se me faltasse um dente na frente:
excrucitante.
Que medo alegre,
o de te esperar.

ANTÔNIO MARIA / BIOGRAFIA

Antônio Maria Araújo de Morais nasceu no Recife, em 17 de março de 1921, filho de Inocêncio Ferreira de Morais e Diva Araújo de Morais. Junto com os irmãos Rodolfo, Maria das Dores, Consuelo, e inúmeros primos, teve uma infância feliz, conforme se depreende de suas crônicas sobre os bons momentos desfrutados, nessa época, em sua terra natal. Nelas nos conta sobre a mãe carinhosa, os tempos de colégio, as aulas de música, as lições de francês, os mergulhos no rio e os "banhos salgados", as férias na usina Cachoeira Lisa, deixada por seu avô materno, Rodolfo Araújo.

"Íamos à missa das seis e meia, todos os domingos, no Colégio Marista. Quando comungávamos, tínhamos direito a várias xícaras de café, meio pão e manteiga Sabiá. Depois, vínhamos andando ao longo da rua Formosa para tomar conta do domingo, que nos oferecia os seguintes prazeres: Das 9 às 11, jogo de botão, em disputa de um campeonato que nunca terminou. Ao meio-dia, violento almoço de feijoada, com porco assado. Às duas, pegar o bonde de Avenida Malaquias e assistir a mais um encontro entre Náutico e Esporte, acontecimento da maior importância na plana existência do Recife. Depois, voltávamos cansados, íamos ao Politeama — se sobrasse dinheirinho — e dormíamos de consciência tranqüila, o longo sono dos que ainda não foram ao Vogue, ao vento do Capibaribe, fresco, sem umidade, macio, sem cheiro de Botafogo e Leblon."

Já mocinho, nos fala de suas aventuras: "Quando eu fiz quinze anos, ganhei um relógio de pulso e 5 mil réis. Olhei os ponteiros, vi que era hora de fazer uma besteira e entrei num botequim. Estávamos veraneando em Boa Viagem e, quando era de tardinha, o pessoal da minha idade vinha, de banho tomado e roupa limpa, inventar mentira sobre as moças — namoros, bolinagens veladas, agrados sinistros, tudo mentira, tudo imaginação. No dia dos meus anos, em vez de conversar essas coisas, compramos uma garrafa de Bagaceira Pingo de Uva e eu, sozinho, para ganhar uma aposta de dois mil réis, bebi toda. Anoiteceu, me deixaram na praia, a maré cresceu e me levou. Quem deu por mim foi um negro chamado Paulo, que tinha ido molhar os pés na franja da onda. Não sabia onde eu morava, nem o nome de minha mãe. Saiu, andando comigo no ombro, perguntando a todo mundo e, aos poucos, mais de cem pessoas acompanhavam o menino bêbedo, desacordado, que o mar ia levando. Quando acordei eram três da madrugada e minhas irmãs choravam ao pé da minha cama. Quando compreendi a gravidade daquele momento, comecei a chorar também — choramos em coro, cinco pessoas, até seis horas, sem dizer uma palavra, quando dormimos abraçados, com pecado e o sofrimento lavados pelas nossas lágrimas quentes."

Seu primeiro emprego, aos 17 anos, foi o de apresentador de programas musicais na Rádio Clube Pernambuco. Vencido o primeiro degrau, no ano de 1940, mês de março, vem para o Rio a bordo do Ita "Almirante Jaceguai", "com quatro roupas novas e cinco contos no bolso", para ser locutor esportivo na Rádio Ipanema. A cidade tinha 1.764.411 habitantes. Quase todos cantavam que o passarinho do relógio está maluco, achavam que a Elvira Pagã era uma uva e fingiam não ver , no prédio moderninho do Ministério da Educação e Cultura (MEC) que Carlos Drummond de Andrade e Sérgio Buarque de Holanda (pai do Chico) bancavam os antigos e se estapeavam, óculos quebrados, por causa de um xodó comum. Foi direto do Ita para o apartamento 1.005 do edifício Souza, na Cinelândia, onde passou a morar ao lado de Fernando Lobo e Abelardo Barbosa, o futuro rei dos auditórios Chacrinha, também pernambucanos. Também vivia por lá Dorival Caymmi e o pintor Augusto Rodrigues. Ficou pouco tempo por aqui — 10 meses — sem ser notado. Passou fome, foi humilhado e preso. Retornou ao Recife e se casou, em maio de 1944, com Maria Gonçalves Ferreira.

Logo muda-se para Fortaleza, tendo ido trabalhar na Rádio Clube do Ceará. Depois de um ano vai para a Bahia como diretor das Emissoras Associadas, tendo ali conhecido e feito amizade com Di Cavalcanti, Dorival Caymmi e Jorge Amado. Chegou a ser candidato a vereador naquela cidade.

Volta ao Rio de Janeiro, em 1947, já com dois filhos, Rita e Antônio Maria Filho, como diretor artístico da Rádio Tupi. Convocado por Assis Chateaubriand foi o primeiro diretor de produção da TV Tupi, inaugurada em 20 de janeiro de 1951, tendo trabalhado também como cronista de O Jornal. Durante mais de 15 anos escreveu crônicas diárias. Assinou, até 1955, as colunas "A noite é grande" e "O Jornal de Antônio Maria", nesse diário. No jornal O Globo manteve, por pouco tempo (início de 1959), a coluna "Mesa de Pista", tendo então se transferido para a Última Hora. Ali voltou a assinar "O Jornal de Antônio Maria" e "Romance Policial de Copacabana", esta última com crônicas e reportagens.

Graças ao dinheiro que o governo Getúlio Vargas despejou em troca de apoio político, no fim de 1952 a rádio Mayrink Veiga partiu para o ataque contra a Tupi e passou a contratar seus grandes nomes. Antônio Maria foi um dos primeiros contratados, por 50 mil cruzeiros, o mais alto salário do rádio no Brasil. Logo comprou seu primeiro Cadillac, símbolo de status entre os reis do rádio naquela época.

Na televisão era famoso o programa "Preto no Branco", de Oswaldo Sargentelli, onde sempre aparecia uma "pergunta de Antônio Maria, da produção do programa", geralmente muito embaraçosa. Fez, com Ary Barroso, durante todo o ano de 1957, um programa de sucesso: "Rio, Eu Gosto de Você", na TV Rio. Maria gostava de alfinetar os entrevistados. Um dia perguntou a Sandra Cavalcanti, candidata a deputada: "Quer dizer, dona Sandra, que a senhora é mal-amada?" A resposta de Sandra, dizem os espectadores da cena, assegurou-lhe a eleição. — Posso até ser, senhor Maria, mas não fui eu que fiz aquela música Ninguém me ama.

Com Paulo Soledade, assinou alguns shows na boate Casablanca e, em 1953, chegou a subir toda noite ao palco do Night and Day, no Edifício Serrador, localizado no centro do Rio, para apresentar "A Mulher é o Diabo", revista de Ary Barroso. Era um homem de 7 instrumentos, como se dizia.

Mesmo sendo uma pessoa extrovertida e de muitos amigos (e inimigos), Maria, como era chamado por eles, sempre teve a solidão dentro de si. Um exemplo está em sua crônica "Oração", escrita em 30-03-1954: "Rosinha Desossée, me tire desse quarto de hotel e de todas as coisas que entram pela janela; me leve para longe das palmeiras, mais longe e perto das coisas mais macias; me faça esquecer (depressa) os homens ruins — isto é: os que gostam de cebola crua; me ensine, Rosinha Desossée, tudo o que eu não aprendi: a cortar com a mão direita, a usar anel, a tocar piano, a desenhar uma árvore e valsar; e me lembre do que eu esqueci — raiz quadrada, (as mais ordinárias), frações, latim, geofísica e "Navio Negreiro", de Castro Alves; depois, me dê, pelo bem dos seus filhinhos, aquilo que eu não tenho há quase um ano, carinho — de um jeito que eu não sei dizer como é, mas que há, por aí ou, pelo menos, já houve; destelhe a casa, deixe a noite entrar e, juntos, vamos nos resfriar; espirre de lá, que eu espirro de cá... agora, cada um com a sua bombinha, inalação, inalação; lado a lado, sentemos, os dois de perfil para o ventilador; minhas mãos e as suas não são de ninguém, entendido?; se interesse por mim e pergunte o que eu sei, que eu quero exclamar, no mais puro francês: "oh!"..."comment allez vous"? (...) de um jeito ou de outro, me tire daqui, pra Pérsia, Sibéria, pro Clube da Chave, pra Marte, Inglaterra, sem couvert, sem couvert; está vendo o retrato dos meus 20 anos? de lá para cá, cansaço, pé chato, gordura, calvície fizeram de mim essa coisa ansiosa, insegura e com sono, que pede a você, no auge do manso: você, Desossée, não saia esta noite e fique, ao meu lado, esperando que o sono me tome e me mate, me salve e me leve, por amor ao teu andar, assim seja..."

Aracy de Almeida foi uma de suas grandes amigas. Sabia tudo sobre Antônio Maria e, mesmo assim, como dizia brincando, continuava a gostar dele. Era desprovido de qualquer cerimônia: uma vez pediu a ela ajuda para colocar um supositório ("Já tentei todas as posições e não consegui nada."). Em outra oportunidade, ele e Vinícius de Morais, também seu grande amigo, tentavam cumprir um compromisso assumido: fazer um jingle para o lançamento de um... regulador feminino. Estavam com inúmeros outros trabalhos e foram pedir ajuda a Aracy. Ela, sem pensar muito, tomando emprestada a melodia de O orvalho vem caindo, de Noel, atacou de pronto: "— O ovário vem caindo...". Carlos Heitor Cony dizia que se o autor fosse mandado para cobrir a posse do papa, voltaria cardeal.

Cony conta: "Um dia, Maria me telefona: — Carlos Heitor, Carlos Heitor, você nunca me enganou." Disse então que, vindo de São Paulo, viu no avião uma mulher linda lendo o livro Matéria de Memórias, de Cony. Aproximou-se, se apresentou como o autor do livro, e a mulher, uma típica apaixonada, acreditou. Pintou para ela um quadro bastante dramático: era um desgraçado, que nunca tinha tido sucesso, que as mulheres o abandonavam. "— Mas, Maria..." era tudo o que o espantado Cony conseguia dizer. "— Fica tranqüilo, Cony, fica tranqüilo porque em seguida nós fomos pra cama. Ou melhor, você foi pra cama." E Cony, curioso: "— E ai?" "— E aí foi que aconteceu o problema" — gargalhava Maria. "— E ai você broxou, Cony, você broxou!"

Cronista, locutor esportivo, produtor de rádio, compositor de jingles, é dele essa pequena jóia literária, interpretada por Dircinha Batista, para o remédio Aurissedina:

"Se a criança acordou
Doooooorme, doooooorme filhinha
Tudo calmo ficou
Mamãe tem
Aurissedina"

Maria, não satisfeito, passou a ilustrar suas crônicas, onde sempre apareciam, num canto, a ave Ivanov e o gato Profumo. Disse, respondendo a um leitor que estranhou esse procedimento: "Entrei para o rol dos caricaturistas para iniciar um grande movimento nacional pela caricatura. Não a que eu faço. Mas a caricatura que você faz, que outros fazem... sempre sem vez. O Brasil é um país sem caricatura. Por isso, um país triste. A caricatura é mais importante que o retrato."

Autor de jingles comerciais em parceria com Geraldo Mendonça e com o Maestro Aldo Taranto, acabou compondo letra para um samba que falava numa "poltrona surrada / um cigarro apagado / só nós dois e mais nada..." Não fez sucesso, mas pouco depois compôs um frevo, que foi o primeiro de uma série de cinco, chamado Frevo nº. 1 do Recife, gravado pelo Trio de Ouro em agosto de 1951. Nesse mesmo ano, com Fernando Lobo, compõe o samba Querer Bem, gravado por Aracy de Almeida.

No ano seguinte duas gravações na voz de Nora Ney se transformam em grande sucesso na programação das rádios brasileiras: Menino Grande e Ninguém me ama. Essas músicas são, até hoje, lembradas por diversas gerações, sempre com muita emoção. Compôs, também, outros grandes sucessos, dentre os quais podemos destacar Valsa de uma cidade e Canção da Volta, com Ismael Neto; Manhã de Carnaval e Samba do Orfeu, com Luís Bonfá, em 1959; O Amor e a Rosa e As Suas mãos, com Pernambuco, e Se eu Morresse Amanhã. De sua grande produção musical, apenas 62 foram gravadas. Eram, em sua maioria, tristes, de dor-de-cotovelo. Além dos acima citados, foram seus parceiros, entre outros: Fernando Lobo, Moacyr Silva, Vinicius de Moraes, Zé da Zilda e Reynaldo Dias Leme. Alguns dos intérpretes de suas músicas: Nora Ney, Dolores Duran, Elizeth Cardoso, Lúcio Alves, Doris Monteiro, Jamelão, Ângela Maria, Aracy de Almeida, Agostinho dos Santos, Dircinha Batista, Luiz Bandeira e Claudionor Germano, além de Nat King Cole, que gravou Ninguém me ama e Tuas mãos.

Convidado, no começo de outubro de 1964, pelo compositor Miguel Gustavo, para ser seu parceiro na produção de um programa de televisão, respondeu com um bilhete nos seguintes termos: "Nome - Antônio, simples. Telefone: 36-1255, mas só até o dia 14, porque saio do ar..."

Antonio Maria, cardiopata desde a infância, faleceu fulminado por um enfarte do miocárdio na madrugada de 15 de outubro de 1964, em Copacabana, quando se dirigia para o Le Rond Point; mesmo tendo sido socorrido por amigos que o viram cair e que se encontravam na boate O Cangaceiro, em frente daquele restaurante. Bom de copo e de garfo, Maria se auto-intitulava "cardisplicente", uma mistura de cardíaco com displicente. Profissão: Esperança.

Transcrevemos abaixo a "Oração para Antônio Maria, pecador e mártir", escrita por Vinícius de Moraes em julho de 1968:

"Nós saíamos os dois do "Vogue", e depois de deixar Aracy no táxi que a levava ao seu subúrbio, seguíamos de carro até o Leblon, às vezes acompanhando a matilha madrugadora de vira-latas a transitar entre as calçadas do Jardim de Alá; havia sempre um que parava para fazer pipi, o que provocava o reflexo dos outros, e era aquela mijação feliz — que eu nunca vi raça de bicho mais contente da vida que vira-lata carioca ao nascer do Sol. Parecia, mal comparando, uma fileira de lingüiças semoventes, uma a cheirar o rabinho da outra.

Você ria uma grande gargalhada, contente com o seu Cadillac velho, com a explosão da aurora no mar, com os vira-latas transeuntes e com seu novo amigo e poeta. E depois de passar pela casa de Caymmi, para ver se o baiano ainda ralentava a noite, acabávamos nos Pescadores enfrentando um filé com fritas, ou uns ovos com presunto — os melhores de Copacabana, porque eram feitos para a nossa grande fome. O pão era fresco e a cerveja bem gelada. Depois você me deixava em casa, eu dilacerado de saudades de tudo: de você, das conversas na boate amiga, onde dois barões,
von Schiller e von Stuckart, disputavam em carinho e gentileza. E sobretudo da mulher amada ainda não tida. Você, maciste ao volante, cantava a marcha que tinha feito para a minha infinita dor-de-corno:

É muito tarde pra esperar por ela
Ela não vem ouvir a tua voz
Esquece, amigo porque a vida é bela
A noite é grande e cabe todos nós...

Um elo forte e viril se fizera entre nossas almas, e nós passamos a ser imprescindíveis um ao outro. A noite — que esperança! — não era grande, era pequena para a nossa gula de vivê-la em toda a sua plenitude. Tudo passava tão rápido, nós olhávamos as moças dançando, Aracy cantava, surgia a figura amiga de Fernando Ferreira, de repente a porta da boate deixava filtrar a luz da manhã. "Ele", como dizia Américo Marques da Costa, tinha despontado. Mais um dia, mais uma morte. Muitas mortes morremos nós, meu Maria, antes que a sua acontecesse para deixar-me mais só vivendo as minhas. Tantos já se foram, atraídos pela Grande Noite... Evaldo Rui, Bicudo, Stuckart, Waldemarzinho, Louis Cole, Alzirinha, Mauro, Dolores, Ozorinho, Ismael Filho, Ari... Mas em compensação ai estão Paulinho Soledade e Carlinhos Niemeyer, respirando por um fole só, mas cada dia fazendo mais viração; Verinha, esse amor de Verinha, uma graça total, a nossa boa Araça, rainha das vagotônicas, e o querido Rinaldinho, que neste particular nada lhe fica a dever, ele e sua gargalhada que o rádio silenciou. E de vez em quando ainda acontece uma grávida, em geral moça do Norte. Porque a verdade, meu Maria, é que depois da pílula, moça carioca quase não muda mais de silhueta. Às vezes eu fico pensando. Não sei se você gostaria de estar vivo agora, meu Maria, depois de 1964. Tudo piorou muito, o governo, o meu caráter, a música. Agora só se faz música para Festival e perdeu-se aquela criatividade boa e gratuita da década de 50. Todo mundo faz música com objetivo: comprar apartamento, ter um carrinho, ganhar popularidade, dobrar o cachê, vencer Festival, namorar as moças, bater papo furado. Isso não quer dizer que os caras não sejam ótimos compositores: eles o são. Mas tudo é feito num espírito muito toma-lá-da-cá, cada-um-por-si-e-Deus-por-todos. Assim, a meu ver, perde a graça. Aliás, não é culpa deles. Em absoluto. É o "esquema", como está em moda falar. Eles têm que estar na onda, senão não tem apartamento, não tem carro, não tem cachê, não tem Festival, o papo micha e as moças não dão. Ficam, por assim dizer, marginalizados, e aí nem o "Globo" nem a "Record" querem nada com os infelizes. Em resumo, meu Maria, não se perdeu a música; perdeu-se a sua dignidade.

Mas por um motivo eu sei que você gostaria de estar vivo: as moças. Elas estão, meu Maria, cada dia mais lindas e esportivas, havendo mesmo uns espécimes de se espetar na parede com alfinete. E acho que você iria gostar do "Antonio's", um restaurante novo do Leblon onde todo mundo vai, e tem de certo modo o espírito do velho "Maxim's" dos anos 51/53.

De vivo mesmo, meu bom Maria, há Oscar Niemeyer e Di Cavalcanti, certamente os dois maiores homens do atual Brasil. Di está, nos seus 70, a coisa mais jovem, trêfega, inteligente e lírica do mundo, pintando cada dia mais lindo e batendo o melhor papo da República. E Oscar então, desse nem se fala. Elevou-se muito acima de todos, pelo gênio, pela consciência política, pela compreensão humana, pela simplicidade autêntica.


E há os estudantes. Estão maravilhosos, e dando lição de cultura aos pais e professores. Saem à rua como um fogo que se alastra, fazendo comícios relâmpagos, topando as paradas com a polícia e conseguindo unir todas as camadas da população, com exceção dos milicos. Outro dia nós saímos em passeata cívica, e éramos 100.000 na Avenida Rio Branco: estudantes, intelectuais, clero, donas de casa, protegidos por um extraordinário esquema de segurança bolado pelos próprios garotos. Uma beleza. Se alguma coisa de bom tem que sair deste país, vai ser à base do novo movimento estudantil. E, naturalmente, Chico Buarque de Holanda."

O DIÁRIO DE ANTÔNIO MARIA

Antônio Maria


"
Às vezes, me sinto muito só. Sem ontem e sem amanhã. Não adianta que haja pessoas em volta de mim. Mesmo as mais queridas. Só se está só ou acompanhado, dentro de si mesmo. Estou muito só hoje. Duas ou três lembranças que me fizeram companhia, desde segunda-feira, eu já gastei. Não creio que, amanhã, aconteça alguma coisa de melhor."

(O diário de Antônio Maria)

Frases de Dezembro / Antônio Maria

Frases de Dezembro

Antônio Maria


Dezembro é o mês de uma infinidade de frases, que se repetem em todos os anos, sempre as mesmas. Vamos lembrar algumas, que estão sendo ditas, desde o dia 1º.:

"O ano passou num abrir e fechar de olhos"

"Você reparou quanta gente conhecida morreu este ano?"

"E todas quando a gente menos esperava"

"Eu espero que o ano que vem seja um pouquinho melhor"

"Pois eu, minha filha, não tenho nada que me queixar. Luís Mário passou de ano"

"Nunca houve um ano tão ruim para negócios"

"Vocês já viram quanto está custando um quilo de castanhas?"

"Minha filha, com a vida pelo preço que está, nós não vamos fazer nada. Mas, se você quiser aparecer lá em casa, com as crianças, só nos dará prazer"

"Eu tenho horror a datas... se não fossem as crianças..."

"Natal de pobre é no dia 26"

"Se o Dagoberto não estivesse tão atropelado,eu ia pedir para ir, com as crianças, passar Natal nos Estados Unidos"

"Olhe, Daniel, como eu sei que os seus negócios não vão bem, vou deixar os brincos de e esmeraldas para o ano que vem"

"Mamãe, o Luís Otávio falou que Papai Noel é o pai da gente"

"Olhe, se você não comer o ovinho todo, Papai Noel vai ficar tão triste que é capaz de não vir"

"Deixa passar esse negócio de Natal e Ano-Bom, que eu vou estudar uma maneira de ir pagando devagarzinho"

"Bom, o regime eu só vou começar depois do ano"

"Você não vai encontrar banco nenhum que desconte este título, a não ser depois do dia 1º."

"Eu quero ver se, de janeiro em diante, paro de fumar e de beber"

"Este ano só quem mandou presente foi o armazém e, assim mesmo, uma garrafinha de vinho do Porto"

"Eu já avisei a todo mundo, que não quero nada, porque não tenho para dar a ninguém"

"Logo que as crianças terminarem os exames, eu boto tudo num automóvel e levo lá para um sitiozinho que eu tenho em Thiago de Melo"

"Vocês sabiam que, no Norte, eles chamam rabanadas de fatias paridas?"

"O que é que você mais desejaria que o Ano Novo lhe trouxesse?"

"Minha filha, eu e as crianças estando com saúde, não preciso de mais nada"

"Minha mulher é uma santa. Ela falou que tudo o que eu tivesse de dar de Natal, desse às crianças"

"Falaram tanto dessas cestas! Você viu o que veio dentro?"

"Pois olhe, lá em Portugal, um quilo de castanhas custa três escudos"

"Mas, hoje em dia, qual é a diferença que existe entre o champagne nacional e o francês?"

"Com este, faz não sei quantos natais que eu não como uma fatia de peru"

"Você acha que, com as coisas como estão, este Governo agüenta até o fim do ano?"

Rio, 14/12/59


Texto extraído do livro "
O Jornal de Antônio Maria", Editora Saga - Rio de Janeiro, 1968, pág. 74.

CLARISSE LISPECTOR / A REPARTIÇÃO DOS PÃES

A Repartição dos Pães

Clarice Lispector


Era sábado e estávamos convidados para o almoço de obrigação. Mas cada um de nós gostava demais de sábado para gastá-lo com quem não queríamos. Cada um fora alguma vez feliz e ficara com a marca do desejo. Eu, eu queria tudo. E nós ali presos, como se nosso trem tivesse descarrilado e fôssemos obrigados a pousar entre estranhos. Ninguém ali me queria, eu não queria a ninguém. Quanto a meu sábado – que fora da janela se balançava em acácias e sombras – eu preferia, a gastá-lo mal, fechá-la na mão dura, onde eu o amarfanhava como a um lenço. À espera do almoço, bebíamos sem prazer, à saúde do ressentimento: amanhã já seria domingo. Não é com você que eu quero, dizia nosso olhar sem umidade, e soprávamos devagar a fumaça do cigarro seco. A avareza de não repartir o sábado,ia pouco a pouco roendo e avançando como ferrugem, até que qualquer alegria seria um insulto à alegria maior.

Só a dona da casa não parecia economizar o sábado para usá-lo numa quinta de noite. Ela, no entanto, cujo coração já conhecera outros sábados. Como pudera esquecer que se quer mais e mais? Não se impacientava sequer com o grupo heterogêneo, sonhador e resignado que na sua casa só esperava como pela hora do primeiro trem partir, qualquer trem – menos ficar naquela estação vazia, menos ter que refrear o cavalo que correria de coração batendo para outros, outros cavalos.

Passamos afinal à sala para um almoço que não tinha a bênção da fome. E foi quando surpreendidos deparamos com a mesa. Não podia ser para nós...

Era uma mesa para homens de boa-vontade. Quem seria o conviva realmente esperado e que não viera? Mas éramos nós mesmos. Então aquela mulher dava o melhor não importava a quem? E lavava contente os pés do primeiro estrangeiro. Constrangidos, olhávamos.

A mesa fora coberta por uma solene abundância. Sobre a toalha branca amontoavam-se espigas de trigo. E maçãs vermelhas, enormes cenouras amarelas, redondos tomates de pele quase estalando, chuchus de um verde líquido, abacaxis malignos na sua selvageria, laranjas alaranjadas e calmas, maxixes eriçados como porcos-espinhos, pepinos que se fechavam duros sobre a própria carne aquosa, pimentões ocos e avermelhados que ardiam nos olhos – tudo emaranhado em barbas e barbas úmidas de milho, ruivas como junto de uma boca. E os bagos de uva. As mais roxas das uvas pretas e que mal podiam esperar pelo instante de serem esmagadas. E não lhes importava esmagadas por quem. Os tomates eram redondos para ninguém: para o ar, para o redondo ar. Sábado era de quem viesse. E a laranja adoçaria a língua de quem primeiro chegasse.

Junto do prato de cada mal-convidado, a mulher que lavava pés de estranhos pusera – mesmo sem nos eleger, mesmo sem nos amar – um ramo de trigo ou um cacho de rabanetes ardentes ou uma talhada vermelha de melancia com seus alegres caroços. Tudo cortado pela acidez espanhola que se adivinhava nos limões verdes. Nas bilhas estava o leite, como se tivesse atravessado com as cabras o deserto dos penhascos. Vinho, quase negro de tão pisado, estremecia em vasilhas de barro. Tudo diante de nós. Tudo limpo do retorcido desejo humano. 'Tudo como é, não como quiséramos. Só existindo, e todo. Assim como existe um campo. Assim como as montanhas. Assim como homens e mulheres, e não nós, os ávidos. Assim como um sábado. Assim como apenas existe. Existe.

Em nome de nada, era hora de comer. Em nome de ninguém, era bom. Sem nenhum sonho. E nós pouco a pouco a par do dia, pouco a pouco anonimizados, crescendo, maiores, à altura da vida possível. Então, como fidalgos camponeses, aceitamos a mesa.

Não havia holocausto: aquilo tudo queria tanto ser comido quanto nós queríamos comê-lo. Nada guardando para o dia seguinte, ali mesmo ofereci o que eu sentia àquilo que me fazia sentir. Era um viver que eu não pagara de antemão com o sofrimento da espera, fome que nasce quando a boca já está perto da comida. Porque agora estávamos com fome, fome inteira que abrigava o todo e as migalhas. Quem bebia vinho, com os olhos tornava conta do leite. Quem lento bebeu o leite, sentiu o vinho que o outro bebia. Lá fora Deus nas acácias. Que existiam. Comíamos. Como quem dá água ao cavalo. A carne trinchada foi distribuída. A cordialidade era rude e rural. Ninguém falou mal de ninguém porque ninguém falou bem de ninguém. Era reunião de colheita, e fez-se trégua. Comíamos. Como uma horda de seres vivos, cobríamos gradualmente a terra. Ocupados como quem lavra a existência, e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre, e come. Comi com a honestidade de quem não engana o que come: comi aquela comida e não o seu nome. Nunca Deus foi tão tomado pelo que Ele é. A comida dizia rude, feliz, austera: come, come e reparte. Aquilo tudo me pertencia, aquela era a mesa de meu pai. Comi sem ternura, comi sem a paixão da piedade. E sem me oferecer à esperança. Comi sem saudade nenhuma. E eu bem valia aquela comida. Porque nem sempre posso ser a guarda de meu irmão, e não posso mais ser a minha guarda, ah não me quero mais. E não quero formar a vida porque a existência já existe. Existe como um chão onde nós todos avançamos. Sem uma palavra de amor. Sem uma palavra. Mas teu prazer entende o meu. Nós somos fortes e nós comemos.

Pão é amor entre estranhos.