sábado, 8 de setembro de 2007

L' Abitudine / Andrea Bocelli







L' Abitudine

Andrea Bocelli

Composição: Pierpaolo Guerrini - Giorgio Calabrese

Tu, per quello che mi dai, quell'emozione in più, ad ogni tua parola...
Tu, probabilmente, tu
Sei stata fino a qui per troppo tempo sola, fino a convincerti, come me
Che si può stare da soli.
Perché la solitudine che non sorride mai, diventa l'abitudine e non la scelta che tu fai

Ma ora che son qui
Il vento cambierà
E sembrerà più facile il tempo che verrà

La vita può sorprenderti in tutto quel che fa
E dove non lo immagini
Incontri la felicità.

E sono qui con te
E non ti lascerò
Ti chiedo di fermarti qui e stare insieme ate.
(e stare insieme a te)
Si, adesso ci sei tu
Nei sogni e nelle idee
Nell'imaginazione...

Tu, che sei vicino a me, (così vicino a me)
Che sei parte di me (così dentro di te)
Come una sensazione...
Sei le parole e la musica
Per una nuova canzone...
Perché la solitudine
Non si riprenderà
La voglia di sorridere(ora, no...)
E la felicità (se ci sei...)

Per quello che tu sai (e lo sai...)
Per quello che mi dai (anche tu...)
Per un amore semplice
Ma grande più che mai

E non è un'abitudine
Il bene che mi fai(anche tu)
E l'allegria di viverti (finché vuoi...)
Di averti accanto più che mai

E adesso siamo noi (io e te)
Ci siamo solo noi (solo noi)

Sicuri di non perderci

Di non lasciarci mai...

Un'altra solitudine
Non ci riprenderà
E tu non te ne andrai...mai

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Maria Bethânia - "Cântico Negro" (1982)



Cântico Negro

José Régio



‘Vem por aqui» — dizem-me alguns com olhos doces,

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: «vem por aqui»!

Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)

E cruzo os braços,

E nunca vou por ali...



A minha glória é esta:

Criar desumanidade!

Não acompanhar ninguém.



Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre a minha Mãe.



Não, não vou por ai! Só vou por onde Me levam meus próprios passos...



Se ao que busco saber nenhum de vós responde,

Por que me repetis: «vem por aqui»?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,

A ir por aí...



Se vim ao mundo, fdi

Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada.



Como, pois, sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?...

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...



Ide! tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátrias, tendes tectos,

E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.

Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...



Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.



Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!

Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: <(vem por aqui»!

A minha vida é um vendaval que se soltou.

É uma onda que se alevantou.

É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou,

- Sei que não vou por aí!

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ANTOLOGIA POÉTICA

José Régio – Edições Quasi - Lisboa – Portugal - 2001

EU NÃO PARO - Ana Carolina

Manhã - Ana Carolina

Ana Carolina - Manhã

Ana Carolina - Cantando Beatriz de Chico Buarque

Uma louca tempestade - Ana Carolina

Encostar na tua - Ana Carolina

Sinais de fogo - Ana Carolina

Marisa Monte - Bem Que Se Quis

Carinhoso (Pixinguinha/Braguinha) / Paulinho da Viola e Marisa Monte

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Singela Homenagem ao som de Valsinha...

Geraldo Flach - Retrato em Branco e Preto / CHICO BUARQUE

Chico Buarque - Construção

Quem te viu, quem te vê

TRAPO / Alvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Alvaro de Campos (Fernando Pessoa)

TRAPO


O dia deu em chuvoso.
A manhã, contudo, estava bastante azul.
O dia deu em chuvoso.
Desde manhã eu estava um pouco triste.
Antecipação? Tristeza? Coisa nenhuma?
Não sei: já ao acordar estava triste.
O dia deu em chuvoso.

Bem sei: a penumbra da chuva é elegante.
Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um elegante.
Bem sei: ser susceptível às mudanças de luz não é elegante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser elegante?
Dêem-me o céu azul e o sol visível.
Névoa, chuvas, escuros – isso tenho eu em mim.
Hoje quero só sossego.
Até amaria o lar, desde que o não tivesse.
Chego a ter sono de vontade de ter sossego.
Não exageremos!
Tenho efectivamente sono, sem explicação.
O dia deu em chuvoso.

Carinhos? Afectos? São memórias...
É preciso ser-se criança para os ter...
Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!
O dia deu em chuvoso.

Boca bonita da filha do caseiro,
Polpa de fruta de um coração por comer...
Quando foi isso? não sei...
No azul da manhã...

O dia deu em chuvoso.


10/09/1930 (publicado na Presença, nº 31-32, Março-Junho de 1931)

Alvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Alvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


21/10/1935 (publicado em acção, nº 41, 6 de Março de 1937)

Alvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Alvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Não sei. Falta-me um sentido, um tacto
Para a vida, para o amor, para a glória...
Para que serve qualquer história,
Ou qualquer facto?

Estou só, só como ninguém ainda esteve,
Oco dentro de mim, sem depois nem antes.
Parece que passam sem ver-me os instantes
Mas passam sem que o seu passo seja leve.

Começo o ler, mas cansa-me o que inda não li.
Quero pensar, mas dói-me o que irei concluir.
O sonho pesa-me antes de o ter. Sentir
É tudo uma coisa como qualquer coisa que já vi.

Não ser nada, ser uma figura de romance,
Sem vida, sem morte material, uma ideia,
Qualquer coisa que nada tornasse útil ou feia,
Uma sombra num chão irreal, um sonho num transe.


01/03/1917



ÁLVARO CAMPO / AS TORMENTAS

Alvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
Ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulho de chinelas no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.



O SONHO / CLARISSE LISPECTOR

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

ESSA MOÇA TÁ DIFERENTE / CHICO BUARQUE

Essa moça tá diferente
Já não me conhece mais
Está pra lá de pra frente
Está me passando pra trás
Essa moça tá decidida
A se supermodernizar
Ela só samba escondida
Que é pra ninguém reparar
Eu cultivo rosas e rimas
Achando que é muito bom
Ela me olha de cima
E vai desinventar o som
Faço-lhe um concerto de flauta
E não lhe desperto emoção
Ela quer ver o astronauta
Descer na televisão
Mas o tempo vai
Mas o tempo vem
Ela me desfaz
Mas o que é que tem
Que ela só me guarda despeito
Que ela só me guarda desdém
Mas o tempo vai
Mas o tempo vem
Ela me desfaz
Mas o que é que tem
Se do lado esquerdo do peito
No fundo, ela ainda me quer bem

Essa moça tá diferente (etc.)

Essa moça é a tal da janela
Que eu me cansei de cantar
E agora está só na dela
Botando só pra quebrar

Mas o tempo vai (etc.)