sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

EXPLORAÇÃO INFANTIL

Apresentação contra instalação de usinas de cana

Grupo Teatral Arte & Manha - O Cio da Terra

O CIO DA TERRA

arca de noé 1 - o pato [mpb 4]

arca de noé 1 - menininha [toquinho]

arca de noé 1 - o gato [marina lima]

arca de noé 1 - aula de piano [as frenéticas]

arca de noé 1 - as abelhas [moraes moreira]

ARCA DE NOÉ / A FOCA / ALCEU VALENÇA

MILTON NASCIMENTO / ARCA DE NOÉ

Sophia de Mello Breyner Andresen / Retrato de uma princesa desconhecida

Sophia de Mello Breyner Andresen


Retrato de uma princesa desconhecida


Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos


Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino

Fernando Pessoa / Ela canta, pobre ceifeira

Fernando Pessoa


Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,

Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.

Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões pra cantar que a vida.

Ah, canta, canta sem razão !
O que em mim sente 'stá pensando.
Derrama no meu coração a tua incerta voz ondeando !

Ah, poder ser tu, sendo eu !
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso ! Ó céu !
Ó campo ! Ó canção ! A ciência

Pesa tanto e a vida é tão breve !
Entrai por mim dentro ! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve !
Depois, levando-me, passai !

VINICICIUS DE MORAES / A PORTA

Vinicius de Moraes


A porta


Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.


Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de sopetão
Pra passar o capitão.


Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa . . .)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.


Eu sou muito inteligente!


Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu!

MATINHO DA VILA

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007