sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

CORA CORALINA / MASCARADOS

Saiu o Semeador a semear
Semeou o dia todo
e a noite o apanhou ainda
com as mãos cheias de sementes.
Ele semeava tranqüilo
sem pensar na colheita
porque muito tinha colhido
do que outros semearam.
Jovem, seja você esse semeador
Semeia com otimismo
Semeia com idealismo
as sementes vivas
da Paz e da Justiça.

CORA CORALINA / ASSIM EU VEJO A VIDA

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

Cora Coralina / Conclusões de Aninha

Estavam ali parados. Marido e mulher.
Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça
tímida, humilde, sofrida.
Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,
e tudo que tinha dentro.
Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar
novo rancho e comprar suas pobrezinhas.
O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula,
entregou sem palavra.
A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,
se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar
E não abriu a bolsa.
Qual dos dois ajudou mais?
Donde se infere que o homem ajuda sem participar
e a mulher participa sem ajudar.
Da mesma forma aquela sentença:
"A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar."
Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso
e ensinar a paciência do pescador.
Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se fizesse
o desvalido não morreria de fome?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Selma Gillet - COMO VOCÊ


COMO VOCÊ
(Selma Gillet)

Você me abraça
E nesse abraço eu sinto que você é como eu
Simples como eu, frágil como eu
Você me beija
E nesse beijo eu sinto você
Querendo como eu, sonhando o meu com o teu
Um: você e eu

Um dia irei pelo caminho mais difícil
Nunca alguém me fez sentir, como você,
Que em mim existe um cara como eu
Um dia, sei, serei, irei também achar
Meu lado forte pra te conquistar
E um dia ser assim um tanto quanto você
Um dia ser forte assim como você
Um dia, ser assim como você
Um dia, como você

Existe um Céu

SIMONE BITTENCOURT DE OLIVEIRA & ZELIA DUNCAN

simone & zélia duncan

SIMONE BITTENCOURT DE OLIVEIRA

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Sorte / CAETANO VELOSO / Composição: Celso Fonseca/Ronaldo Bastos

Tudo de bom que você me fizer
Faz minha rima ficar mais rara
O que você faz me ajuda a cantar
Põe um sorriso na minha cara...
Meu amor, você me dá sorte
Meu amor!
Você me dá sorte meu amor!
Você me dá sorte
Na vida!...
Quando te vejo não saio do tom
Mas meu desejo já se repara
Me dá um beijo com tudo de bom
E acende a noite na Guanabara...
Meu amor, você me dá sorte
Meu amor!
Você me dá sorte meu amor!
Você me dá sorte
De cara!...
Tudo de bom que você me fizer
Faz minha rima ficar mais rara
O que você faz me ajuda a cantar
Põe um sorriso na minha cara...
Meu amor!
Você me dá sorte meu amor!
Você me dá sorte meu amor!
Você me dá sorte na vida!...
Quando te vejo não saio do tom
Mas meu desejo já se repara
Me dá um beijo com tudo de bom
E acende a noite na Guanabara...
Meu amor!
Você me dá sorte meu amor!
Você me dá sorte meu amor!
Você me dá sorte
De cara! (Na vida!)...
Meu amor!
Você me dá sorte meu amor!
Você me dá sorte meu amor!
Você me dá sorte
Na vida!...
De cara! Na vida!...
Meu amor!
Você me dá sorte meu amor!
Você me dá sorte meu amor!
Você me dá sorte
Na vida! (De cara!)...

Maria Bethania - olhos nos olhos - chico buarque

Olhos nos Olhos - Chico Buarque

Musica Portuguesa

Portugal Em Fotos...by Os-Fudidos.skyrock.com

25 de Abril 1974 - Revolução dos Cravos

Chico Buarque - Tanto Mar

Imagina - Chico Buarque - Carioca

Partido alto - Chico Buarque

A Rita - Chico Buarque de Hollanda

Homenagem Ao Malandro - Chico Buarque

zelia duncan & capital inicial

Milton Nascimento, Zélia Duncan and Christiaan Oyens

Luis Passos Trio - Chorinho

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

POR FAVOR, ME TOQUE

SE SOU SEU BEBÊ,POR FAVOR ME TOQUE...

Preciso de seu afago de um modo que talvez nunca saiba...Não se limite a me banhar,trocar minha fralda e me alimentar, mas me embale estreitado, me beije e acaricie meu corpo.Seu carinho gentil transmite segurança e amor...

SE SOU SUA CRIANÇA, POR FAVOR ME TOQUE...

Ainda que eu resista e até o rejeite,insista,descubra um jeito de atender minha necessidade. Seu abraço de boa noite ajuda a adoçar meus sonhos; seu carinho de dia me diz o que você sente de verdade...

SE SOU SEU ADOLESCENTE, POR FAVOR ME TOQUE...

Não pense que eu, por estar crescido, já não precise saber que você ainda se importa. Necessito de seus abraços carinhosos, preciso de uma voz terna. Quando a vida fica difícil, a criança em mim volta a precisar...

SE SOU SEU AMIGO, POR FAVOR ME TOQUE...

Nada como um abraço afetuoso para eu saber que você se importa. Um gesto de carinho quando estou deprimido me garante que sou amado e me reafirma que não estou só. Seu gesto de conforto talvez seja o único que eu consiga...

SE SOU SEU PARCEIRO SEXUAL, POR FAVOR ME TOQUE...

Talvez você pense que sua paixão me basta, mas só os seus braços detém os meus temores. Preciso do seu toque terno e confortador, para me lembrar que sou amado apenas porque eu sou eu...

SE SOU SEU FILHO ADULTO, POR FAVOR ME TOQUE...

Embora eu possa ter até minha própria família para abraçar, ainda preciso dos braços de mamãe e papai quando me machuco...

SE SOU SEU PAI IDOSO, POR FAVOR ME TOQUE...

Do jeito que me tocaram quando era bem pequeno.Segure minha mão, sente-se perto de mim, dê-me força e aqueça meu corpo cansado com sua proximidade. Minha pele, ainda que muito enrugada, adora ser afagada...

NÃO TENHA MEDO...APENAS ME TOQUE...

Romaria- Elis Regina

Trem Azul - Elis Regina

Canção da América - Milton Nascimento

Milton Nascimento - Travessia

SIMONE E MILTON NASCIMENTO / MARIA MARIA

SIMONE / Som Brasil - Gonzaguinha - Sangrando

Sangrando - Gonzaguinha

Gonzaguinha cantando Infinito Desejo

Elis Regina / Gonzaguinha Redescobrir 1980


Redescobrir
Elis Regina
Composição: Luiz Gonzaga Jr.
Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos, macias
O suor dos corpos na canção da vida, história
O suor da vida no calor de irmãos, magia
Como um animal que sabe da floresta, perigosa
Redescobrir o sal que está na própria pele, macia
Redescobrir o doce no lamber das línguas, macias
Redescobrir o gosto e o sabor da festa, magia
Vai o bicho homem fruto da semente, memória
Renascer da prórpria força, própria luz e fé, memória
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós, história
Somos a semente, ato, mente e voz, magia
Não tenha medo, meu menino bobo, memória
Tudo principia na própria pessoa, beleza
Vai como a criança que não teme o tempo, mistério
Amor se fazer é tão prazer que é como se fosse dor, magia
Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos, macias
O suor dos corpos na canção da vida, história
O suor da vida no calor de irmãos, magia

Elis Regina - Atras da Porta

Jair Rodrigues e Maria Madalena - "Arrastão"

Elis e Jair cantam juntos num momento mágico

Disparada

Geraldo Vandré canta "Aroeira"

Geraldo Vandré - Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores



Geraldo Vandré é o nome artístico de Geraldo Pedrosa de Araújo Dias (João Pessoa, 12 de setembro de 1935), um cantor e compositor brasileiro.

Em 1966, chegou à final do Festival de Música Popular Brasileira da TV Record com o sucesso "Disparada", interpretado por Jair Rodrigues. A canção arrebatou o primeiro lugar ao lado de "A Banda", de Chico Buarque. Em 1968, participou do III Festival Internacional da Canção com "Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores" ou "Caminhando".

A composição era um hino de resistência contra o governo militar. O refrão "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora / Não espera acontecer" foi interpretado como uma chamada à luta armada contra os ditadores. O sucesso acabou em segundo lugar no festival, perdendo para "Sabiá", de Chico Buarque e Tom Jobim.

Ainda em 1968, com o AI-5, Vandré foi obrigado a exilar-se. Depois de passar dias escondido na fazenda da viúva de Guimarães Rosa, morto no ano anterior, o compositor partiu para o Chile e, de lá, para a França.

Voltou ao Brasil em 1973. Até hoje, vive em São Paulo e compõe. Muitos, porém, acreditam que Vandré tenha enlouquecido por causa de supostas torturas que ele teria sofrido. Dizem que uma das agressões físicas que sofreu foi ter os testículos extirpados, após a realização de um espetáculo, por policiais da repressão. O músico, no entanto, nega que tenha sido torturado e diz que só não se apresenta mais porque sua imagem de Che Guevara Cantor abafa a obra.

Uma canção relativamente recente muito contribuiu para difundir a idéia de loucura de Vandré. Trata-se de "Fabiana", composição em homenagem à Força Aérea Brasileira, apresentada na década de 1990 na Biblioteca Municipal de São Paulo.

Xangai canta "Canção Primeira"

Chico César e Xangai cantam "Estampas Eucalol"

CHICO BUARQUE

TOM JOBIM

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O sermão do padre durante o casamento / Mario Quintana

Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?

'Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?

Mario Quintana foi um dos maiores poetas brasileiros. Nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1906 e morreu em Porto Alegre.  Sua poesia foi caracterizada especialmente pela simplicidade, utilização de uma linguagem coloquial e cotidiana, além de exprimir um sutil humor. Neste texto o poeta expressou o que achava do sermão dos padres durante o casamento.

"Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento na igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre:

'Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?'

Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:

Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?

Promete se deixar conhecer?

Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?

Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?

Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?

Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?

Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?

Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher.

Declaro-os maduros!

Tempo mágico...



 

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.
Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos".
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus.

MARIA BETHANIA / BEIRA MAR

MARIA BETHANIA / A DONA DO RAIO E DO VENTO

ALCIONE

ALCIONE

ALCIONE

ALCIONE



Uma turma da pesada acompanha Alcione cantando Brasileirinho, de Waldir Azevedo. Além do próprio Waldir Azevedo no cavaquinho, estão Déo Rian no bandolim, Waltel Branco no violão, Abel Ferreira na clarineta, Altamiro Carrilh o na flauta e o grupo Noites Cariocas.

VINÍCIUS DE MORAES / BALADA DO ENTERRADO VIVO

Vinicius de Moraes


Balada do enterrado vivo

Na mais medonha das trevas
Acabei de despertar
Soterrado sob um túmulo.
De nada chego a lembrar
Sinto meu corpo pesar
Como se fosse de chumbo.
Não posso me levantar
Debalde tentei clamar
Aos habitantes do mundo.
Tenho um minuto de vida
Em breve estará perdida
Quando eu quiser respirar.
Meu caixão me prende os braços.
Enorme, a tampa fechada
Roça-me quase a cabeça.
Se ao menos a escuridão
Não estivesse tão espessa!
Se eu conseguisse fincar
Os joelhos nessa tampa
E os sete palmos de terra
Do fundo à campa rasgar!
Se um som eu chegasse a ouvir
No oco deste caixão
Que não fosse esse soturno
Bater do meu coração!
Se eu conseguisse esticar
Os braços num repelão
Inda rasgassem-me a carne
Os ossos que restarão!
Se eu pudesse me virar
As omoplatas romper
Na fúria de uma evasão
Ou se eu pudesse sorrir
Ou de ódio me estrangular
E de outra morte morrer!

Mas só me resta esperar
Suster a respiração
Sentindo o sangue subir-me
Como a lava de um vulcão
Enquanto a terra me esmaga
O caixão me oprime os membros
A gravata me asfixia
E um lenço me cerra os dentes!
Não há como me mover
E este lenço desatar
Não há como desmanchar
O laço que os pés me prende!
Bate, bate, mão aflita
No fundo deste caixão
Marca a angústia dos segundos
Que sem ar se extinguirão!
Lutai, pés espavoridos
Presos num nó de cordão
Que acima, os homens passando
Não ouvem vossa aflição!
Raspa, cara enlouquecida
Contra a lenha da prisão
Pesando sobre teus olhos
Há sete palmos de chão!
Corre mente desvairada
Sem consolo e sem perdão
Que nem a prece te ocorre
À louca imaginação!
Busca o ar que se te finda
Na caverna do pulmão
O pouco que tens ainda
Te há de erguer na convulsão
Que romperá teu sepulcro
E os sete palmos de chão:
Não te restassem por cima
Setecentos de amplidão!

VINICIUS DE MORAES / TOQUINHO / MIUCHA / BERIMBAU


TOM JOBIM / SAMBA DE UMA NOTA SÓ



OS POEMAS / MARIO QUINTANA

Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Fonte:
QUINTANA, Mário. Esconderijos do tempo. Porto Alegre: L&PM,1980.

TOM JOBIM

TOM JOBIM & GAL COSTA

TOM JOBIM