segunda-feira, 31 de março de 2008

Olivia Hime retoma as palavras de Guerra

Olivia Hime retoma as palavras de Guerra
Cantora lança DVD com show que reúne letras do cineasta Ruy Guerra








Em 2007 a cantora Olivia Hime se lançou na obra musical de Ruy Guerra. Depois de um ótimo trabalho de estúdio, Olivia partiu para desenvolver a idéia e desdobrar o projeto no palco. O registro está no elegante DVD Palavras de Guerra ao vivo, novo lançamento da cantora pela Biscoito Fino, que também ganha edição em CD.

O show foi gravado no palco do Sesc Santana em julho de 2007 e transformado em especial televisivo pelo Canal Brasil, cada vez melhor em seus registros de espetáculos musicais. As câmeras captam uma Olivia muito à vontade. Entre os papéis que desempenha como a cantora de estúdio e a executiva de gravadora, o palco continua sendo o habitat natural da artista.

O potencial de Olivia como artista que sabe conceituar bem seus planos é evidente nesse projeto. O CD de estúdio, editado exatamente um ano antes, ganha dimensões ainda maiores quando vira um bem cuidado show. A edição do espetáculo em DVD segue o mesmo padrão de qualidade, garantindo uma obra de grande valor artístico e cultural.

As letras do cineasta há muito freqüentam o repertório mais nobre da música brasileira, mas nunca foram enxergados como uma obra. Na concepção de Olivia, Ruy é fio de ligação entre seus parceiros. Edu Lobo, Francis Hime, Carlos Lyra e Sérgio Ricardo se encontram aqui no argumento musical de Ruy Guerra. Diretora dessa aventura musical, Olivia Hime costura e dá vida a esse roteiro inédito.

Por se tratar de ler a obra de um cineasta compositor, o show tem um cuidado especial com a imagem e roteiro, que destaca a poesia das canções. As marcações ficam evidentes em números mais fortes, como Fado tropical e Por um amor maior, apresentada já no bis. A interpretação de Bárbara costura Tatuagem, um dos grandes sucessos de Ruy. Ambas são parcerias com Chico Buarque, escritas para a peça Calabar. Esse bloco revela a voz de Cristina Braga, conhecida harpista.

O dueto segue de outra forma. Em Minha Olivia encontra a delicadeza dividindo a música com a harpa de Cristina. Segue o mesmo clima em Corpo e alma, que destaca o piano de João Carlos Coutinho. Na hora de escalar o elenco para dividir esse espetáculo, Olivia optou por um time de músicos formado somente por estrelas de primeira grandeza que traduzem os arranjos escritos pelo maestro Francis Hime. Além dos já citados, sobem ao palco Ricardo Medeiros (contrabaixo), João Lyra (violão e viola) e Diego Zangado (bateria e percussão). Todos com suas cenas e os agradecimentos da cantora em cena aberta.

Olivia Hime leva a sério seu ofício de intérprete. A inteligência de conceber um projeto como esse só é superada pela coragem de realizar. No palco, com um bem produzido espetáculo, Olivia dá mais vida ao que no estúdio já era um nobre momento de sua carreira. A intérprete foge do óbvio e consegue formatar uma idéia ousada como um espetáculo nobre. As palavras de Guerra, juntas, dão um panorama da contribuição do cineasta dentro da música brasileira.

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