terça-feira, 9 de outubro de 2007

Vital Lima - Três casas e um rio



Três casas e um rio (Marcelo Siratheou/Vital Lima)

Eram três casas e um rio que subia
Invadindo março e abril, escorria
Inundando o real de fantasia
E a vida, essa ilusão, de poesia,
Não cabia, avançava (alagava?)
Igualzinho às paixões
Eram três casas e um rio que inchava
E o menino e o rio ali, se espiando
Pela fresta do soalho que atava
O olho de Alfredo no rio passando
Alagando, espelhando
Nuvem e pássaro no céu
Boiando a lua no breu
Contemplando ao léu a dor e o prazer
A historia, enfim, de quem sonha ali
E assim...
Eram três casas e um rio, o carbono
Das riquezas, donos e abandonos
Danos, fugas, lutas, perdas e ganhos
Solidão, paixão, igual todo mundo
Ou mais fundo, mais profundo
Longe dos arranha-céus
Cheio de amargo e de mel
Chama de algum pavio que morre
E baixa o rio
Que vai, assim, renascer no estio...
Num sem fim!

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