sábado, 12 de maio de 2007

Luar do sertão (1914) Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco






Luar do sertão
(1914)

Toada


Não há, oh gente
oh não, Luar
Como esse do sertão
Não há, oh gente
oh não, Luar
Como esse do sertão

Oh que saudade
Do luar da minha terra
Lá na serra branquejando
folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade
Tão escuro
Não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão
Não há, oh gente
oh não, Luar
Como esse do sertão
Não há, oh gente
oh não, Luar
Como esse do sertão
Se a lua nasce
Por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata
Prateando a solidão
E a gente pega
Na viola que ponteia
E a canção
É a lua cheia
A nos nascer do coração
Não há, oh gente
oh não, Luar
Como esse do sertão
Não há, oh gente
oh não, Luar
Como esse do sertão
Coisa mais bela
Neste mundo não existe
Do que ouvir-se um galo triste
No sertão, se faz luar
Parece até que a alma da lua
É que descanta
Escondida na garganta
Desse galo a soluçar
Não há, oh gente
oh não, Luar
Como esse do sertão
Não há, oh gente
oh não, Luar
Como esse do sertão
Ah, quem me dera
Que eu morrese lá na serra
Abraçado à minha terra
E dormindo de uma vez
Ser enterrado
Numa grota pequenina
Onde à tarde a sururina
Chora a sua viuvez
Não há, oh gente
oh não, Luar
Como esse do sertão
Não há, oh gente oh não, Luar Como esse do sertão

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