segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

"ACHEI UMA ESTELA CAÍDA"

Numa manhã de segunda,nebulosa,úmida e quase fria...

Andava a cruzar uma pequena ponte,

era Março...sobre riachinho tão cheio de alegria!

Um caminho entre sítios, roças, eu descalço,cercado por gentes simples, mas arredia

Desconfiadas de todo novo ente, urbano, forasteiro, intruso...

Seus olhares, seus gestos... O que querias?

Cono muralha, todo o vale era abraçado por inúmerase belas colinas, verdes e serenas, tal mosteiro!

Estas montanhas e cumes tornavam nossa pequenez tão fértil e vadia, na paisagem amena! Vi quimeras...

"Que adianta tanto conhecimento e sede de vontades tão díspares?

Que ínfima existência, serdes humus, talvez?

"Assim, pelas trilhas vagava, aos sons de pássaros, vivas vidas, distraído e absorto, até meus olhos serem

assombradospor radiante brilho que emanava do milharal abandonado...

Era esta pequena flor do campo! Se erguia como trepadeira que pela haste do milho, como uma amante

pendurada ao peito de raro, único amigo, só querendo ser notada...

Um silêncio tão profundo quanto demorado fez-me admirar tão bela florzinha que me falava, sussurrando

docemente:"Viste-me sem maquiagem, espiaste minha intimidade

Agora leve consigo meus rubros vestidos tão sem idade

Aos demais que nunca me viram, nem experimentaramquer a cor ou o formato, ou o perfume que te calaram!

Mas ao levar e dividir-me, com os "nunca vi", mostre-lhes mais!AQUILO!

A verdade, beleza por trás de todas coisas tão Reais!

Sou uma estrela caída, aprisionada nestes esquecidos vales...

Obrigada a decorar tão injusta prisão e o mais vil dos Males:Estar apartada, divorciada de tua Origem, de tua

Luz-Pátria!Explicai a todos: ninguém aqui VIVE, senão sendo Párias!

Vê minha veste? Como está reduzida? Foi me subtraída...Por legiões de parasitas e de Tiranos, assim que me vi

caída...Estes, sem vida própria, são seres sem Lume, sugam apenasO néctar, a seiva e toda essência de Todos,

sem penas...Se te emocionas,viajor, melhor ainda é a tua forma mesma!Pois és própria imagem, a eões: da

razão suprema!Porém, anos neste cárcere,degenerastes a bela veste dada.mais lindíssima e excelsa que as

minhas: ó dádiva Iluminada!Seguimos, ó andarilho, vereda tão efêmera como a vida minha!Mas lembre-se de

meu estelar aspecto, ainda tão pequeninha,Erga a fronte, vença limitações, assuma de onde vens!

"És filho de Rei, não sois escravos! Guie-se na filiação, teus Gens!

"Não te acomodes, nem resignes com teu corpo e cadeias da matéria!Lute! Principalmente em si mesmo,

diariamente, é aí que reina a miséria!Limpe vosso templo, tão energicamente como quem ara a terra, o

campo!Só assim, as verdadeiras sementes brotarão e se elevarão ao Espaço Amplo!

Siga, agora, carregando-me em seu coração, e nele irrompendo sem hesitação!E nos veremos em breve, fora

daqui, alhures, onde há Paz e contemplação!Pois vida devota a Deus, não são discursos ou imitações:

Transfiguração!

Eis minha oblação aos teus olhos, Cidadão, voemos à nossa Mansidão!"


Autoria wiliam

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