quarta-feira, 15 de agosto de 2007

No novo CD de Olivia Hime


No novo CD de Olivia Hime, ela recupera um velho choro de sua parceria com o marido, Francis Hime, Cada Canção (perdido num LP dele, Pau Brasil, de 1982), uma das melhores músicas já feitas a partir de outra: a melodia, toda inspirada no choro Vou vivendo de Pixinguinha, a letra seguindo a idéia da música com precisão buarquiana, “Vou vivendo e contigo aprendendo / Vou rezando pra São Pixinguinha / Me trazer outra vez o Vininha / Derramando notinhas do céu”.

Mas, mais do que uma feliz abertura, o disco traz de volta a cantora para a corrente principal da MPB. Olivia, na sofisticação extrema de projetos como Mar de Algodão (sobre Caymmi), Canta Chiquinha Gonzaga e Estrela da Vida Inteira (sobre Manuel Bandeira) - estava há quase 20 anos ausente dela. Agora, volta com o que fazia de melhor: cantando suas próprias letras, para músicas de Francis mas também dos novos parceiros Mauricio Carrilho e Sérgio Santos.

Disco revela letrista que escreve de um ponto de vista raro

Olivia canta desde músicas de seu primeiro LP, de 1981, o samba reflexivo A Tarde (“E a tarde vai caindo em mim / Sobre essa cidade / E eu fico pensando assim”) e o baião épico-indigenista Parintintim (“Diz pro Parintintim / Se esquecer de mim / diz pra ele que eu sou pior que o ruim / Corre lá pra avisar do seu fim”) a inéditas como o samba Sol Forte e a valsa Sinuosa. Estas duas, por sinal, refletem a principal atividade atual da cantora, a de diretora artística da Biscoito Fino, pois são parcerias com dois contratados seus, o mineiro Sérgio Santos (que busca renovar o samba) e o carioca Mauricio Carrilho (que busca fixar gêneros cariocas tradicionais como a valsa e o choro), típicos artistas Biscoito Fino.

Mas mais do que o reflexo de sua cabeça de produtora na criação artística — presente também na participação de grupos de sua gravadora renovadores da música instrumental como o Tira Poeira (que a acompanha no samba Disfarçando) e o Quarteto Maogani (em Canção Transparente e Mariposa) — o que o disco revela é uma letrista sui generis, que escreve de um ponto de vista raro, o da mulher brasileira madura e moderna.

De tal ponto de vista é que ela fala, de forma sempre confessional, com a filha numa anticanção de ninar como Mariposa (“Ó filhinha minha não sai de perto até clarear / Tua mãe tem medo e precisa muito do teu olhar / Conta aquela história que eu te contava pra dor passar”). Com o homem amado seja no registro sensual do baião Cara Bonita (“Me põe no teu colo e me tira o quimono... e o sono”) ou na serenidade de uma canção como Velho Moinho (“Minha vida eu recolho na concha da mão / Pra só então devolvê-la / Às imensas águas que brotam do teu chão”). Ou para si mesma, como no Choro Rasgado (“Te peço que guardes pra sempre / Esse jeito doce no olhar / Que sejas sempre assim menina / Porém senhora diante da dor”) e no samba Disfarçando (“Quem amará a vida / Como eu amei”).

Se a falta de perspectiva mercadológica gerar obras assim, que viva a crise!, ela recupera um velho choro de sua parceria com o marido, Francis Hime, Cada Canção (perdido num LP dele, Pau Brasil, de 1982), uma das melhores músicas já feitas a partir de outra: a melodia, toda inspirada no choro Vou vivendo de Pixinguinha, a letra seguindo a idéia da música com precisão buarquiana, “Vou vivendo e contigo aprendendo / Vou rezando pra São Pixinguinha / Me trazer outra vez o Vininha / Derramando notinhas do céu”.

Mas, mais do que uma feliz abertura, o disco traz de volta a cantora para a corrente principal da MPB. Olivia, na sofisticação extrema de projetos como Mar de Algodão (sobre Caymmi), Canta Chiquinha Gonzaga e Estrela da Vida Inteira (sobre Manuel Bandeira) - estava há quase 20 anos ausente dela. Agora, volta com o que fazia de melhor: cantando suas próprias letras, para músicas de Francis mas também dos novos parceiros Mauricio Carrilho e Sérgio Santos.

Disco revela letrista que escreve de um ponto de vista raro

Olivia canta desde músicas de seu primeiro LP, de 1981, o samba reflexivo A Tarde (“E a tarde vai caindo em mim / Sobre essa cidade / E eu fico pensando assim”) e o baião épico-indigenista Parintintim (“Diz pro Parintintim / Se esquecer de mim / diz pra ele que eu sou pior que o ruim / Corre lá pra avisar do seu fim”) a inéditas como o samba Sol Forte e a valsa Sinuosa. Estas duas, por sinal, refletem a principal atividade atual da cantora, a de diretora artística da Biscoito Fino, pois são parcerias com dois contratados seus, o mineiro Sérgio Santos (que busca renovar o samba) e o carioca Mauricio Carrilho (que busca fixar gêneros cariocas tradicionais como a valsa e o choro), típicos artistas Biscoito Fino.

Mas mais do que o reflexo de sua cabeça de produtora na criação artística — presente também na participação de grupos de sua gravadora renovadores da música instrumental como o Tira Poeira (que a acompanha no samba Disfarçando) e o Quarteto Maogani (em Canção Transparente e Mariposa) — o que o disco revela é uma letrista sui generis, que escreve de um ponto de vista raro, o da mulher brasileira madura e moderna.

De tal ponto de vista é que ela fala, de forma sempre confessional, com a filha numa anticanção de ninar como Mariposa (“Ó filhinha minha não sai de perto até clarear / Tua mãe tem medo e precisa muito do teu olhar / Conta aquela história que eu te contava pra dor passar”). Com o homem amado seja no registro sensual do baião Cara Bonita (“Me põe no teu colo e me tira o quimono... e o sono”) ou na serenidade de uma canção como Velho Moinho (“Minha vida eu recolho na concha da mão / Pra só então devolvê-la / Às imensas águas que brotam do teu chão”). Ou para si mesma, como no Choro Rasgado (“Te peço que guardes pra sempre / Esse jeito doce no olhar / Que sejas sempre assim menina / Porém senhora diante da dor”) e no samba Disfarçando (“Quem amará a vida / Como eu amei”).

Se a falta de perspectiva mercadológica gerar obras assim, que viva a crise!

Gravado e mixado no Estúdio Biscoito Fino entre dezembro de 2003 e maio de 2004

Produção musical - Francis Hime
Direção musical - Francis Hime e Olivia Hime
Engenheiros de gravação - Rodrigo de Castro Lopes e Gabriel Pinheiro
Assistente de gravação e mixagem - Lucas Ariel e Beto Gonzaga
Engenheiro de mixagem - Rodrigo de Castro Lopes
Direção de mixagem - Francis Hime e Olivia Hime
Masterização - Luiz Tornaghi (Visom) e Rodrigo de Castro Lopes
Design gráfico - Ruth Freihof (www.passaredo-design.com.br)
Designer assistente - Anderson Araujo Soares da Costa
Fotos - Leo Aversa
Assistente de produção - Tomaz Secco

UMA REALIZAÇÃO BISCOITO FINO
Direção geral - Kati Almeida Braga
Direção artística - Olivia Hime
Coordenação de produção - Martinho Filho
Telefone - (021) 2266-9300

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