quarta-feira, 25 de abril de 2007

Luar Do Sertão Catullo da Paixão Cearense e João Pernambuco

Luar Do Sertão

Catullo da Paixão Cearense e João Pernambuco

Catullo da Paixão Cearense



Oh, que saudade do luar da minha terra, lá na serra,

Branquejando folhas secas pelo chão!

Este luar cá da cidade, tão escuro,

Não tem aquela saudade do luar lá do sertão.



Não há, ó gente, oh não,

Luar como esse do sertão Bis



Se a lua nasce por detrás da verde mata

Mais parece um sol de prata prateando a solidão

E a gente pega na viola que ponteia,

E a canção é lua cheia a nos nascer do coração



Estribilho



Quando vermelha, no sertão, desponta a lua,

Dentro d'alma, onde flutua, também rubra, nasce a dor!

E a lua sobe, e o sangue muda em claridade,

E a nossa dor muda em saudade, branca assim, da mesma cor!



Esribilho



Ai! Quem me dera que eu morresse lá na serra,

Abraçado à minha terra, e dormindo de uma vez!

Ser enterrado numa grota pequenina,

Onde à tarde a sururina chora a sua viuvez!

LINDO !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Estribilho



Diz uma trova, que o sertão todo conhece,

Que, se à noite o céu floresce, nos encanta e nos seduz,

É porque rouba dos sertões as flores belas

Com que faz essas estrelas lá no seu jardim de luz!!!



Estribilho



Mas como é lindo ver, depois por entre o mato,

Deslizar, calmo o regato, transparente como um véu

No leito azul das suas águas murmurando,

Ir por sua vez roubando as estrelas lá do céu!



Estribilho



(LUAR DO SERTÃO)



A gente fria desta terra, sem poesia,

Não se importa com esta lua, nem faz caso do luar!

Enquanto a onça, lá na verde capoeira,

Leva uma hora inteira vendo a lua, a meditar!



Estribilho



Coisa mais bela neste mundo não existe

Do que ouvir um galo triste, no sertão se faz luar!

Parece até que a alma da lua é que descanta,

Escondida na garganta desse galo, a soluçar!



Estribilho



Se Deus me ouvisse com amor e caridade,

Me faria esta vontade - o ideal do coração!

Era que a morte, a descantar, me surpreendesse,

E eu morresse numa noite de luar, no meu sertão!



Estribilho



E quando a lua surge em noites estreladas

Nessas noites enluaradas, em divina aparição,

Deus faz cantar o coração da Natureza

Para ver toda a beleza do luar do Maranhão.



Estribilho



Deus lá no céu, ouvindo um dia essa harmonia,

A canção do meu sertão, do meu sertão primaveril

Disse aos arcanjos que era o Hino da Poesia,

E também a Ave Maria da grandeza do Brasil.



Estribilho



Pois só nas noites do sertão de lua plena,

Quando a lua é uma açucena, é uma flor primaveril,

É que o poeta, descantado, a noite inteira,

Vê na Lua Brasileira toda a alma do Brasil.



Nenhum comentário: