domingo, 4 de março de 2007












UM CASO DE AMOR E TALENTO DEDICADOS À MÚSICA - texto de Sérgio Cabral extraído do Songbook Francis Hime, produzido por Almir Chediak e lançado pela Editora Lumiar em 2001.



Francis Victor Walter Hime, nascido no dia 31 de agosto de 1939, na maternidade do Hospital Alemão, na Tijuca, tinha de dar no que deu, até por fatores genéticos: seu avô paterno era pianista e sua mãe, pintora. Tanto a família percebeu isso que, aos 6 anos de idade, ele já estava estudando piano com Carmen Manhães e, pouco depois, no Conservatório Brasileiro de Música, onde passou sete anos. Aos 16 anos, foi estudar em Lausanne, na Suíça, permanecendo lá até os 20 anos, período em que freqüentou muitos concertos de música, entrou na intimidade da obra de compositores como Brahms, Tchaikovsky e Rachmaninoff, e chegou a formar dupla com o violonista e saxofonista Carlos Somlo. Foi, sem dúvida, uma experiência vital para a sua formação musical, mas, provavelmente, não tão emocionante quanto o momento que viveu naquele dia em que ouviu, numa emissora de Saint Gallen, Agostinho Santos cantando A Felicidade, de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, um dos sucessos do filme Orfeu do Carnaval.


Francis em Roma, em 1958, mesma época em que estudava na Suíça.

A Felicidade soou para ele como uma advertência de que era hora de voltar. De fato, voltou e continuou estudando, agora com Vilma Graça, a professora de tantos personagens importantes de nossa música. E aderiu com tanto entusiasmo à nova música popular que se fazia no Brasil que, quando Vinicius de Moraes, um dos autores de A Felicidade e amigo dos seus pais, esteve em sua casa, Francis tocou para ele, no piano, a bela Valsa de Eurídice, um dos melhores exemplos de que, se o fantástico poetinha quisesse, não teria entrado em nossa história musical apenas como um dos melhores letristas, mas também como um craque na arte de criar melodias.

Assim, Francis Hime não se sentiu um estranho no ninho quando, em 1962, foi recebido pelo casal Vinicius de Moraes e Lúcia Proença, em sua casa de Petrópolis, para participar de reuniões ao lado de Carlos Lyra, Baden Powell, Edu Lobo, Dori Caymmi, Wanda Sá e Marcos Vale. Nesses encontros ocorreram dois fatos muito importantes para a sua biografia: compôs a primeira música com Vinicius, Sem Mais Adeus, e conheceu uma moça muito bonita, chamada Olivia, ex-namorada de Edu Lobo. Sem Mais Adeus receberia, logo depois, gravações de Wanda Sá, Tamba Trio, Doris Monteiro e Elizeth Cardoso, mas Francis nem desconfiava que poderia fazer da música um instrumento de sobrevivência, razão pela qual tratou de ingressar no curso de engenharia. Todas as famílias de classe média da época (e de hoje, sem dúvida) estavam absolutamente convencidas de que havia muito mais segurança na profissão de engenheiro do que na de músico.

Estudante universitário, compositor (entre seus parceiros, além de Vinicius de Moraes, estavam Ruy Guerra e João Vitório) e namorado de Olivia - eis a vida de Francis a partir de 1963. As músicas iam surgindo: Mar Azul, Se Você Pensar, Minha, Saudade de Amar e outras. Em 1965, sentava-se pela primeira vez ao piano de uma casa noturna, apresentando-se ao lado de Dori Caymmi num dos templos da bossa nova do complexo do Beco das Garrafas, a boate Bottle´s, num show dirigido por Ruy Guerra. E foi um dos concorrentes do I Festival de Música Popular Brasileira, promovido pela TV Excelsior, com a música Por um Amor Maior (letra de Ruy Guerra), defendida brilhantemente pela também estreante Elis Regina. Mas a interpretação de Elis para a outra música concorrente passou da conta. Resultado: Por um Amor Maior ficou em sexto lugar e a outra música, Arrastão (Edu Lobo e Vinicius de Moraes), foi a primeira colocada. Após o festival, um long-playOs Seis Em Ponto. O violonista do grupo era nada mais, nada menos, do que um jovem que viria a ficar muito famoso como compositor, homem de televisão e produtor de discos e de espetáculos, o jornalista Nelsinho Motta. Na contracapa do disco, textos de Antonio Carlos Jobim e Ronaldo Bôscoli.

O show Pois É, apresentado por Vinicius de Moraes, Maria Bethânia e Gilberto Gil no então chamado Teatro Opinião, em 1966, que tinha Francis como diretor musical, deu a ele a oportunidade de escrever os seus primeiros arranjos. Naquele ano, ele também participou do I Festival Internacional da Canção (FIC), com Maria (letra de Vinicius), e viu duas músicas suas, Sem Mais Adeus e Saudade de Amar, incluídas no álbum duplo Vinicius, Poesia e Canção, a gravação ao vivo do grande espetáculo em homenagem ao poeta no Teatro Municipal de São Paulo. Ainda em 1966, numa festa, Francis Hime conheceu Chico Buarque de Hollanda, responsável por uma manifestação de ciúmes de Vinicius de Moraes quando alguém sugeriu que Chico fizesse a letra para a melodia de A Dor a Mais.

E lá ia Francis Hime, compondo, estudando engenharia, namorando Olivia e, de vez em quando, escrevendo arranjos. Em 1967, dividiu com Dori Caymmi a direção musical do espetáculo Dura Lex sed Lex, no cabelo só Gumex, do grande Oduvaldo Vianna Filho. Concorreu no Festival de Música Popular, agora na TV Record, com Samba de Maria e, no FIC, com Tempo da Flor e Eu te Amo, Amor, todas com letras de Vinicius de Moraes. Nenhuma dessas músicas conquistou os primeiros lugares, mas isso não significa um julgamento definitivo do mérito de nenhuma delas (e olha que quem vos escreve foi um dos mais assíduos integrantes das comissões julgadoras dos festivais dos anos 60), pois muitas vezes as manifestações do público falavam mais alto do que qualquer outro critério de avaliação musical. Em compensação, Anoiteceu (Francis e Vinicius) era gravada por Nara Leão, Joyce e Zimbo Trio. Quando 1968 chegou, lá estava Francis Hime apresentando-se em shows com Vinicius de Moraes, Dori Caymmi, Wanda Sá, Milton Nascimento, Joyce e Marcos Valle. Naquele ano, insistiu nos festivais, concorrendo com A Grande AusenteAnunciação no FIC, ambas com letras do jovem e talentoso Paulo César Pinheiro. Iniciava também a carreira de autor de trilhas sonoras para cinema, a partir do filme O Homem que Comprou o Mundo, de Eduardo Coutinho. Na década de 1970, ele seria um dos autores de música preferidos do cinema brasileiro, compondo para filmes como A Estrela Sobe, de Bruno Barreto, em 1973; O Homem Célebre, de Miguel Faria, em 1974; Lição de Amor, de Eduardo Escorel, e A Noiva da Cidade, de Alex Viany, ambos de 1975; Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto, em 1977; Marcados para Viver, de Maria do Rosário, e Marília e Marina, de Luis Fernando Goulart, ambos de 1978; e República dos Assassinos, de Miguel Faria, em 1979.

Em 1969, Francis Hime sabia que era hora de tomar decisões muito sérias. Uma delas foi fácil: casar-se com Olivia em cerimônia no Outeiro da Glória. Outra foi dificílima: formado em engenharia, deixou a profissão de lado para assumir integralmente a música. A terceira foi, pelo menos, dolorosa: sair daqui, em 1969, porque o Brasil era um país insuportável, em tempos de Ato Institucional N° 5 e de governos ditatoriais com enorme vocação para a burrice e para a tirania. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e outros já viviam no exterior. Vinicius de Moraes, depois de uma temporada em Portugal, hesitou muito em voltar para o Brasil. Os integrantes do MPB-4 já estavam resolvidos a acabar com o conjunto por falta de músicas para gravar, pois alguns de seus compositores preferidos foram embora e os que aqui permaneciam não conseguiam gravar as suas músicas porque a censura não permitia (o MPB-4 foi salvo em 1970 pelo antológico samba Amigo É pra Essas Coisas, de Sílvio Silva e Aldir Blanc, um dos concorrentes do Festival Universitário da TV Tupi). Francis tratou de fazer as malas e, ao lado de Olivia, foi viver em Los Angeles, onde permaneceu férteis quatro anos. Estudou orquestração com Albert Harris e Hugo Friedhopfer (considerado um dos maiores orquestradores para o cinema), regência com Roy Rogosin, trilha sonora com Lalo Schinfrin e David Raksin (um dos autores do clássico Laura) e composição com Paul Glass.

“Glass fez-me ver que eu não tinha de me fixar só na idéia de compor para cinema e que poderia paritr para a música erudita. Sempre sonhei com isso, mas como uma ambição remota, uma espécie de auge da carreira”, disse Francis Hime, ao comentar os quatro anos de estudos nos Estados Unidos.

Não demoraria muito para que o compositor fizesse suas primeiras incursões pelo erudito, com a criação de duas músicas de câmara: Joana, para flauta, oboé, clarineta, fagote e trompa, e Un Uccellino Chiamato Maria, para flauta, sax alto e clarone. Em ambas as composições, o autor homenageava duas obras-primas de sua parceria com Olivia: as filhas Maria e Joana (pouco depois, Luíza formaria o trio das obras-primas do casal).

Em 1973, Francis gravou o seu primeiro LP individual, na gravadora Odeon. Apesar de reunir alguns de seus grandes sucessos (entre os quais Atrás da Porta, dele e Chico Buarque, um dos maiores êxitos de Elis Regina e a primeira parceria da magnífica dupla), o disco vendeu pouco, fato que ele atribuiria, mais tarde a um erro muito comum em iniciantes: quis mostrar tudo o que aprendera nos arranjos, aumentando muito o peso da orquestra. Naquele ano, assumiu a direção musical da segunda montagem da peça Gota D´Água, de Paulo Pontes e Chico Buarque de Hollanda. Em 1975, fez a música para o programa Cata-Vento, apresentado pela TV Educativa, e no ano seguinte participou da trilha de Casarão e Escrava Isaura, novelas da TV Globo. Também em 1976, ganhou a Coruja de Ouro do Instituto Nacional do Cinema e o prêmio de melhor trilha sonora do Festival de Gramado pela música que compôs para Lição de Amor, de Eduardo Escorel. Recebeu novamente a Coruja de Ouro pelo filme Dona Flor e Seus Dois Maridos, cuja trilha sonora saiu em disco nos Estados Unidos, fez arranjos para os álbuns de Clara Nunes e Chico Buarque de Hollanda, sendo que, neste, Francis contribuiu também com suas parcerias com Chico em A Noiva da Cidade, Passaredo e Meu Caro Amigo, esta a música de maior sucesso do LP. Uma das suas principais atividades, por sinal, seria escrever arranjos para as gravações de Chico Buarque, participando de discos como Meus Caros Amigos (1976), Chico Buarque (1978), Ópera do Malandro (álbum duplo de 1978), Vida (1980) e Almanaque (1981). Aliás, se houve uma dupla responsável por alguns dos melhores momentos da nossa música popular nas décadas de 1970 e 1980, foi Francis-Chico, com obras-primas como Vai Passar, Pivete, Trocando em Miúdos, Atrás da Porta e tantas outras.

O segundo long-play de Francis Hime, Passaredo, saiu em 1977 pela Som Livre, a gravadora que mais lançou discos do compositor. Foi a gravação que marcou a estréia de Olivia Hime como letrista (Meu Melhor Amigo), cantora e produtora. Teria sido um trabalho inteiramente prazeroso se a censura não intervisse na letra de Paulo César Pinheiro para Lindalva: “Lembra, Lindalva? / A doideira da gente amar / Correndo os campos nuzinhos em pêlo”. Os censores cortaram a expressão “nuzinhos em pêlo”, vejam vocês. Mas Francis resolveu não passar recibo para a censura e, no espaço deixado pela ausência daquelas palavras, não cantou coisa alguma. Em 1977, também fez a música de A Noiva da Cidade, de Alex Viany. No fim do ano, apresentou-se no Teatro Clara Nunes como o show Passaredo, que seria exibido, logo depois, no teatro da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.

Em 1978, gravou o terceiro LP, novamente na Som Livre, intitulado Se Porém Fosse Portanto, até então o seu disco com maior variedade de parceiros: Cacaso, Renata Palotini, Queiroz Teles, Olivia Hime, Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Ruy Guerra e Edu Lobo. As músicas do disco constituíram a peça de resistência do show que apresentou no fim do ano, no Teatro Ipanema. Em 1979, compôs com Chico Buarque a trilha sonora do espetáculo musical O Rei de Ramos, escrito por Dias Gomes e dirigido por Flávio Rangel, que ficou oito meses em cartaz. Vale a pena, por sinal, chamar a atenção para o seu trabalho em teatro: além de Dura Lex Sed Lex, no Cabelo Só Gumex e O Rei de Ramos, fez músicas também para as peças teatrais A Menina e o Vento, de Maria Clara Machado; Belas Figuras, de Ziraldo; Pinocchio, de A. Collodi (com o grupo Tapa); Na Sauna, direção de Wolf Maia; Foi Bom, Meu Bem, de Alberto Abreu; O Banquete, de Mário de Andrade, com adaptação de Camila Amado; e Tá Ruço no Açougue (uma adaptação de Santa Joana dos Matadouros, de Bertolt Brecht), direção de Antônio Pedro para o grupo Tem Folga na Direção.

No ano seguinte, Francis Hime integrou a caravana de músicos brasileiros (Chico Buarque, Clara Nunes, João do Vale, Martinho da Vila e outros) que se apresentou em Angola. Em 1980, fez nova viagem pelo Brasil, ao lado de Toquinho e Maria Creuza. No mesmo ano, gravou o LP Francis pela Som Livre, com participações do poeta Cacaso em cinco músicas. Outro poeta, Tite de Lemos estreou como letrista das melodias de Francis Hime na música Flor do Mal.

Sonho de Moço intitulou seu LP de 1981. Maria, com 8 anos, estreou como cantora em Lua de Cetim, música de Francis, letra de Olivia. Houve também a participação de Milton Nascimento, parceiro nas faixas Sonho de Moço, Homem Feito e O Farol. Em 1982, apresentou mais um show, no Rio Palace (ao lado do Quarteto em Cy), e o sétimo LP só seria gravado em 1984. O título, Essas Parcerias, dizia tudo, pois as músicas foram feitas com a participação de Abel Silva, Chico Buarque de Hollanda, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Olivia, Cacaso, Alberto Abreu, da dupla Ivan Lins e Vítor Martins, Fátima Guedes, Geraldinho Carneiro, Capinam e Toquinho. Além de Francis, cantaram no disco Gal Costa, Simone, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Olivia Hime, Milton Nascimento e Chico Buarque de Hollanda. Enfim, em cada faixa tem um parceiro diferente. O lançamento de Essas Parcerias foi o pretexto para uma pelada no campo de futebol de Chico Buarque e um show no Circo Voador. Em 1985, foi lançado o disco Clareando, que reunia os maiores sucessos e duas músicas inéditas do compositor e intérprete. Em 1988, Francis escreveu a cantata Carnavais, sobre o texto de Geraldo Carneiro.

Depois de muitos shows pelo Brasil afora, Francis Hime viveu, em novembro de 1993, o que considerou uma das maiores emoções de sua vida: reger a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) na Sala Cecília Meireles, na estréia carioca de sua Sinfonia n° 1, escrita em 1986 e apresentada, anteriormente, nas cidades de Campinas e Recife. No ano seguinte, a emoção se repetiria ao reger novamente a OSB, agora no Teatro Municipal, no concerto comemorativo do trecentésimo aniversário da Casa da Moeda. Permanecem inéditas duas obras importantes do autor no campo da música erudita: Concerto para Violão e Orquestra, peça em três movimentos que escreveu especialmente para Raphael Rabello, e um concerto para violino e orquestra, que lhe valeu uma bolsa da Fundação Vitae.

A estréia como letrista ocorreu em 1997, no CD Choro Rasgado, com as músicas Duas Faces, Gente Carioca e Jardim Botânico, esta uma homenagem a Antonio Carlos Jobim. As demais músicas do disco tiveram letras de Olivia Hime e Paulo César Pinheiro. No mesmo ano, lançou pela Warner o CD Álbum Musical, em formato de songbook, com os seus maiores sucessos, e que contou contou com a participação de um dos maiores e mais expressivos contingentes da música popular brasileira: Milton Nascimento, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Chico Buarque de Hollanda, Olivia Hime, Djavan, Maria Bethânia, Ivan Lins, Zélia Duncan, Miúcha, Toquinho, Gilberto Gil, Daniela Mercury, Leila Pinheiro, Zé Renato, Gal Costa, Beth Carvalho e João Bosco. Ainda nesse ano, Francis apresentou a Suíte da Terra Encantada, para orquestra sinfônica, regida por ele mesmo, com textos de Olivia Hime e Paulo César Pinheiro.


Francis Hime e Sérgio Cabral - o mestre de cerimônias do show de aniversário de 60 anos de Francis, no Canecão.

Uma nova leva de amigos ocupou o palco do Canecão (lotado), em agosto de 1999, para comemorar a passagem do sexagésimo aniversário de Francis Hime. O show foi apresentado em videoteipe pelo canal Multishow. No ano seguinte, Francis decidiu fechar o milênio com chave de ouro:

1. Escreveu 12 músicas para poemas de Manuel Bandeira, que foram apresentadas no Centro Cultural Banco do Brasil.

2. Em março, apresentou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro a peça Fantasia para Piano e Orquestra, com ele mesmo ao piano e Roberto Tibiriçá regendo a Orquestra da Petrobrás. Foi a primeira obra que escreveu para o seu próprio instrumento.

3. No dia 30 de novembro, o Teatro Municipal recebeu um imenso público para assistir à apresentação do que Francis Hime considera o trabalho mais significativo de sua carreira, a Sinfonia do Rio de Janeiro de São Sebastião, criada a partir de uma idéia de Ricardo Cravo Albin e que contou com a participação de Geraldo Carneiro e Paulo César Pinheiro na elaboração das letras.

A Sinfonia do Rio de Janeiro de São Sebastião é uma peça cantada, em cinco movimentos, cada um alusivo a uma época do Rio. Participaram da apresentação 70 músicos e os seguintes cantores: Lenine, com o lundu (Rio Colônia); Zé Renato, com a modinha (Rio Império); Leila Pinheiro, com o choro (Rio República); Olivia Hime, com o samba (Rio da época de ouro do samba); e Sérgio Santos, com a canção brasileira (Rio contemporâneo da bossa nova até o fim do século XX).

Quem não foi ao Teatro Municipal poderá conhecer a obra em CD e DVD, lançados pela Biscoito Fino, a mesma gravadora do disco Meus Caros Pianistas, que reúne 15 pianistas, tanto da área popular quanto da erudita, executando arranjos escritos por Francis Hime.

Em 2001, Francis trabalhou com Almir Chediak na organização de seu Songbook, lançado no mesmo ano pela Editora Lumiar. Além disso, trabalhou nos arranjos para o CD duplo Meus Caros Pianistas e na ainda inédita Ópera do Futebol, que foi finalizada em 2002, ano em que terminou a orquestração dos dois primeiros atos do libreto de Silvana Gontijo (ópera em 3 atos) e começou a compor as músicas do disco Brasil Lua Cheia. Lançado em 2003, pela Biscoito Fino, o CD inaugura parcerias com Lenine, Adriana Calcanhotto, Paulinho da Viola, Joyce e Moraes Moreira, além de contar com novas investidas cancioneiras com Paulo César Pinheiro, Geraldo Carneiro, Cacaso, Olivia Hime e Vinicius de Moraes.

PS: Haveria muito mais a ser dito sobre Francis Hime, como, por exemplo, a sua inteligente opção pelo glorioso C. R. Vasco da Gama. Mas o espaço acabou.
instrumental marcou a estréia de Francis Hime em disco, tocando piano num conjunto musical cujo nome deu título ao LP, na TV Record e com

Francis Hime (Francis Victor Walter Hime) é compositor, pianista, maestro, arranjador e cantor; nasceu no Rio de Janeiro em 31/08/1939 tendo iniciado seus estudos de piano aos 6 anos de idade e de 1955 a 1959 estudou em Lausanne na Suiça. Em 1962 passou a frequentar a casa de Vinícius de Moraes em Petrópolis juntamente com Carlos Lyra, Baden Pawell, Edu Lobo, Dori Caymmi, Wanda Sá e Marcos Valle e é dessa époce sua primeira parceria com Vinícius, "Sem mais adeus" gravada por Wanda Sá. Em 1969 formou-se em engenharia, casou-se com a cantora Olívia Hime e continuou seus estudos musicais nos Estados Unidos por 4 anos; participou ativamente de inúmeros Festivais de Música Popular sendo autor mais de cem composições solo e com os melhores parceiros como Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Toquinho, Dias Gomes, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Paulinho da Viola, Ruy Guerra, Paulo Cesar Pinheiro, Ivan Lins, Victor Martins, Cacaso, Capinan e outros. Suas músicas de maior sucesso são: "Vai passar", "Atrás da porta", "Luíza", "Trocando em miúdos" todas com Chico Buarque.
Segundo definição do musicólogo Ricardo Cravo Albin, Francis Hime pertence à realeza musical do Brasil, sendo da mesma linhagem de Tom Jobim, Carlos Lyra, Cartola, Chico Buarque e alguns poucos.

Chico Buarque: a partir dos anos 70 suas músicas passaram a ter cunho mais fortemente social, como "Apesar de você", "Cálice", "Bolsa de amores", "Tanto mar" todas censuradas pelo governo militar da época.
Chico compôs mais de duzentas músicas, só e com diversos parceiros sendo considerado um dos mais eruditos, profícuos e importantes compositores da MPB.
Participou de inúmeros espetáculos teatrais, filmes e mais recentemente dedica-se à literatura tendo escrito várias obras de sucesso.

Dárcio Fragoso







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