VENTO BRAVO – EDU LOBO
Primeiro DVD de Edu Lobo mostra desde o compositor dos festivais até o autor de trilhas para cinema e musicais para teatro.
“Era como um filme de Fellini”, lembra Edu nos primeiros momentos do seu primeiro DVD, Vento Bravo, com roteiro e direção de Beatriz Thielmann e Regina Zappa e fotografia de Walter Carvalho. O Fellini a que se refere Edu era a sua chegada ainda menino, de navio, ao Recife: muitos tios, primos, praias, blocos de rua, pregões, mamulengos, bandas de pífaros (“com a escala nordestina, melodias com uso do intervalo de quinta diminuta”), frevo, maracatu. Era natural que o compositor carioca, filho de pernambucanos, acabasse procurando uma música, como ele diz, próxima de sua alma. “Edu pertence a uma geração que foi praticamente educada pela música de Luiz Gonzaga e fez com que o acordeon virasse moda”, enfatiza o jornalista e crítico musical Tárik de Souza no DVD, que está sendo lançado pela Biscoito Fino. A explicação de Edu para a sua música é simples: “Esta idéia de misturar a música do Nordeste com a Bossa Nova foi uma coisa quase que de sobrevivência. Porque eu convivia com pessoas cuja barra era muito pesada. Através do Vinicius, conheci o Tom, o Carlinhos Lyra, o Baden. Se entrasse nesta área seria expulso de campo. Os caras eram muito craques e eu, muito garoto”. O escritor Eric Nepomuceno lembra que “Edu trazia sons que para nós eram diferentes, mas para ele, eram memória”.
Vento Bravo continua decifrando Edu na bela fotografia de Walter Carvalho e nos inúmeros depoimentos: Dori Caymmi e Marcos Valle, Paulo César Pinheiro (“Me lembro das festas de antigamente. A gentileza era o prato forte. Nunca vi ninguém escondendo acorde”), Abel Silva, Ronaldo Bastos, Chico Buarque (“Eu era escravo da Bossa Nova até começarem as primeiras parcerias de Baden e Vinicius. Depois, o maior impacto que recebi foram as músicas de Edu, uma coisa inteiramente nova, com muita vitalidade e um pé no Nordeste. Era uma porta que se abria”. Tem ainda Maria Bethânia (“Ouço e digo logo: é Edu. Ele tem sofisticação e apuro musical”), Wagner Tiso, Bebeto Castilho – o primeiro disco de Edu foi gravado com o Tamba Trio -, Marília Medalha, uma visita emocionante de Edu a Gianfrancesco Guarnieri, Cristovão Bastos, Zuza Homem de Mello, Joyce (“Edu passou pela fase em que poderia ter virado popstar, mas ele não queria isso”), maestro Chiquinho de Moraes (“Edu me passa tudo detalhado, com todos os caminhos a seguir”), Ivan Lins (“Para a minha geração foi uma pancada. Depois do amor e da flor, a música de cunho social do Edu”), Nelson Motta, Mauro Senise e a família Lobo: os três filhos e a neta. Este primeiro DVD de Edu Lobo tem também, é claro, muita música.
E surpresas, como sua descoberta, através de Tárik de Souza, da única gravação de seu pai, o também compositor e jornalista Fernando Lobo, cantando Pare, olhe, escute...e goste, de Nélson Ferreira, em 1936. Vento Bravo tem ainda uma segunda parte: um show gravado em 2006 na extinta casa de shows Mistura Fina, com Edu acompanhado de Cristóvão Bastos (direção musical, arranjos e piano), Jorge Helder (contrabaixo) e Rafael Barata (bateria). O grupo apresenta 12 composições: Casa Forte, A Moça e o Sonho, Choro Bandido, Corrida de Jangada, Senhora do Rio, Beatriz, Forrobodó, No Cordão da Saideira, A História de Lilly Braun, Ciranda da Bailarina, Pra Dizer Adeus e Na Carreira. Canções de diversas épocas com músicas e letras do compositor ou compostas em parceria com Chico Buarque, Torquato Neto e Capinan.
Adeus
Vou pra não voltar
E onde quer que eu vá
Sei que vou sozinho
Tão sozinho amor
Nem é bom pensar
Que eu não volto mais
Desse meu caminho
Ah, pena eu não saber
Como te contar
Que o amor foi tanto
E no entanto eu queria dizer
Vem
Eu só sei dizer
Vem
Nem que seja só
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