Mar de Sophia e Pirata aportam em Portugal Blog do Mauro Ferreira - 07 / 07 / 2007 |
Os dois belos CDs de Maria Bethânia sobre as águas - Mar de Sophia e Pirata - estão aportando de forma oficial no mercado de Portugal. Os dois já eram vendidos na Terrinha na seção de importados de algumas lojas. A intérprete está aliás no país para fazer show e promover os discos, editados no Brasil em 1º de novembro de 2006 pela Biscoito Fino. Mar de Sophia tem forte elo com Portugal pelos textos da poeta lusitana Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 - 2004). |
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quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Mar de Sophia e Pirata aportam em Portugal
Sophia de Mello Breyner Andresen (06NOV1919 – 02JUL2004)
BARCO / Sophia de Mello Breyner Andresen
BARCO
Margens inertes abrem os seus braçosUm grande barco no silêncio parte.
Altas gaivotas nos ângulos a pique,
Recém-nascidas à luz, perfeita a morte.
Um grande barco parte abandonando
As colunas de um cais ausente e branco.
E o seu rosto busca-se emergindo
Do corpo sem cabeça da cidade.
Um grande barco desligado parte
Esculpindo de frente o vento norte.
Perfeito azul do mar, perfeita a morte
Formas claras e nítidas de espanto
Pirata / Sophia de Mello Breyner Andresen
Pirata
Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.
Gosto de uivar no vento com os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.
A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.
Sophia de Mello Breyner
MAR-POESIA DE SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN: POÉTICA DO ESPAÇO E DA VIAGEM - I
MAR-POESIA abre com uma epígrafe poética detonadora da identidade da alma do sujeitop lírico:
Metade da minha alma é feita de maresia.
Atlântico, p. 9
Há muito que deixei aquela praia
De grandes areais e grandes vagas
Mas sou eu ainda quem na brisa respira
E é por mim que espera cintilando a maré vasa
Há muito, p. 48
Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar
Inscrição, p. 40
No mar passa de onda em onda repetido
O meu nome fantástico e secreto
Que só os anjos do vento reconhecem
Quando os encontro e perco de repente
No mar passa , p. 26
Dia do mar do meu quarto – cubo
Onde os meus gestos sonâmbulos deslizam
Entre o animal e a flor como medusas.
Dia do mar no ar, dia alto
Onde os meus gestos são gaivotas que se perdem
Rolando sobre as ondas, sobre as nuvens.
Dia do mar no ar, p. 20
O mar azul e branco e as luzidias
Pedras – O arfado espaço
Onde o que está lavado se relava
Para o rito do espanto e do começo
Onde sou a mim mesma devolvida
Em sal espuma e concha regressada
À praia inicial da minha vida.
Inicial, p. 47
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
Mar, p. 10
Mar sonoro, mar sem fundo mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós.
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.
Mar Sonoro, p. 16
As ondas quebravam uma à uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só p’ra mim
p.15
Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.
Liberdade, p. 28
Reino de medusas e água lisa
Reino de silêncio luz e pedra
Habitação das formas espantosas
Coluna de sal e círculo de luz
Medida da Balança misteriosa
Reino, p. 35
Vem do mar azul o marinheiro
Vem tranquilo ritmado inteiro
Perfeito como um deus,
Alheio às ruas.
Marinheiro Real, p. 29
Mostrai-me as anémonas, as medusas e os corais
Do fundo do mar.
Eu nasci há um instante.
p.21
Devastada era eu própria como cidade em ruína
Que ninguém reconstruiu
Mas no sol dos meus pátios vazios
A fúria reina intacta
E penetra comigo no interior do mar
Porque pertenço à raça daqueles que mergulham de olhos abertos
E reconhecem o abismo pedra a pedra anémona a anémona flor a flor
E o mar de Creta por dentro é todo azul
Oferenda incrível de primordial alegria
Onde o sombrio Minotauro navega
O Minotauro, pp. 52-53
O sol rente ao mar te acordará no intenso azul
Subirás devagar como os ressuscitados
Terás recuperado o teu selo, a tua sabedoria inicial
Emergirás confirmada e reunida
Espantada e jovem com as estátuas arcaicas
Com os gestos enrolados ainda nas dobras do teu manto
Ítaca, p. 43
Onde tudo se torna impessoal e livre
Onde tudo é divino como convém ao real
Em Hydra, evocando Fernando Pessoa, p. 50
O mar ergue o seu radioso sorrir de estátua arcaica
Toda a luz se azula.
Reconhecemos nossa inata alegria:
A evidência do lugar sagrado.
Promontório, p. 70
Vi as águas, os cabos, vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som de suas falas
Que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fonte trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice das neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais
As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri
Navegações VII, p. 65
HELENA CONCEIÇÃO LANGROUVA
In: Revista Brotéria, Lisboa, Maio-Junho e Julho de 2002
(Agradecemos ao director da revista a autorização para publicar)
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
BIOGRAFIA / SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
BIOGRAFIA
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
Porto, 1919-2004
Intervalo / SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
Passam os carros / SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
Passam os carros e fazem tremer a casa
A casa em que estou só.
As coisas há muito já foram vividas:
Há no ar espaços extintos
A forma gravada em vazio
Das vozes e dos gestos que outrora aqui estavam.
E as minhas mãos não podem prender nada.
Porém eu olho para a noite
E preciso de cada folha.
Rola, gira no ar a tua vida,
Longe de mim...
Mesmo para sofrer este tormento de não ser
Preciso de estar só.
Antes a solidão de eternas partidas
De planos e perguntas,
De combates com o inextinguível
Peso de mortes e lamentações
Antes a solidão porque é completa.
Creio na nudez da minha vida
Tudo quanto nele acontece é dispensável.
Só tenho o sentimento suspenso de tudo
Com a eternidade a boiar sobre as montanhas.
Jardim, jardim perdido
Os nossos membros cercando a tua ausência...
As folhas dizem uma à outra o teu segredo,
E o meu amor é oculto como o medo.
Dia do mar no ar / SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
Dia do mar no ar
Dia do mar no ar, construído
Com sombras de cavalos e de plumas.
Dia do mar no meu quarto- cubo
Onde os meus gestos sonâmbulos deslizam
Entre o animal e a flor como medusas.
Dia do mar no ar, dia alto
Onde os meus gestos são gaivotas que se perdem
Rolando sobre as ondas, sobre as nuvens.
As minhas mãos / SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
Fundo do Mar / SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
Fundo do Mar
No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
No alto mar
No alto mar
No alto mar
A luz escorre
Lisa sobre a água.
Planície infinita
Que ninguém habita.
O Sol brilha enorme
SEm que ninguém forme
Gestos na sua luz.
Livre e verde a água ondula
Graça que não modula
O sonho de ninguém.
São claros e vastos os espaços
Onde baloiça o vento
E ninguém nunca de delícia ou de tormento
Abre neles os seus braços.
Liberdade / Sophia de Mello Breyner Andresen
Alexei Bueno / O mar único de Sophia, visual e musical
Alexei Bueno
O mar único de Sophia, visual e musical
Poemas escolhidos, de Sophia de Mello Breyner Andresen. Seleção de Vilma Arêas. Editora Companhia das Letras, 288 páginas. R$ 39
Sophia de Mello Breyner Andresen, ou simplesmente Sophia, como era universalmente referida em Portugal, fazia parte, quando de seu muito recente falecimento, de uma espécie de grupo canônico, indiscutido, clássico, dos grandes poetas portugueses vivos, em companhia de Herberto Helder, de Eugénio de Andrade, de António Ramos Rosa, de Mário Cesariny, talvez de muitos poucos outros. Mais velha deles todos, era ainda o grande nome feminino da poesia portuguesa contemporânea. Sua obra, relativamente curta, distingue-se fortemente da de todos os poetas citados, com a exceção talvez da de Eugénio de Andrade, com quem mantinha similitudes. De fato, sua poesia, essencialmente dominada pelo poema curto, em nada se aproxima dos grandes ciclos poemáticos de seu amigo Herberto Helder, nem da pletora quase grafômana de António Ramos Rosa, nem do apelo ao inconsciente de Mário Cesariny. Essencial, clara, cristalina, tudo o que escreveu confirma uma mundivisão ao mesmo tempo uma estética e uma ética, um desejo quase romântico de fusão de vida e obra, que exemplarmente cumpriu.
Urbana ou natural, lusitana ou helênica
Salta aos olhos na poesia de Sophia a sua inalterável unidade dentro do múltiplo. É sempre uma voz — implacavelmente única e muito nossa conhecida — que fala em seus poemas, invariavelmente surgidos, apesar disso, à distância de toda e qualquer constrição temática. Sua poesia é atemporal ou histórica, atlântica ou mediterrânea, urbana ou natural, lusitana ou helênica, política ou subjetiva, mas sempre se manifesta por tal voz única, que nunca se repete. Subjacente a tudo isso, através de tudo o que escreveu, essa consciência trágica da desaparição, do exílio da beleza do mundo a que estamos condenados, muito dolorida por muito sóbria, que talvez seja um dos fundamentos dessa mesma unidade.
O mar é o grande cerne de sua obra, o do Algarve ou o da Grécia, outra grande obsessão sua. Mais visual que musical — embora alcançasse seus maiores momentos quando unia essas duas postulações num todo irretocável — poderia situar-se geneticamente mais para a linha de Cesário Verde do que para a de Camilo Pessanha, não fosse tudo isso falsificações práticas que tentam escamotear a grande musicalidade de Cesário e a espantosa visualidade de Pessanha. Os poemas menos conseguidos de Sophia são, no entanto, aqueles, geralmente mínimos, em que o elemento sonoro parece renunciar a acompanhar o outro, e o complexo milagre do poema curto — que geralmente se resolve numa iluminação ou redunda em fracasso — não se cumpre totalmente, tangenciando às vezes o prosaico, coisa que aconteceu em um ou outro de seus poemas militantes, logo após o 25 de Abril, que lhe deram grande notoriedade em Portugal, mesmo se não fossem dos maiores momentos de sua obra.
A seleção da antologia, escolhida e prefaciada por Vilma Arêas, parece-nos a melhor possível, registrando todos as facetas de Sophia de Mello Breyner, e, o que é o mais importante, não omitindo os seus grandes poemas. Para o leitor brasileiro, além da fruição óbvia de tantos momentos de alto lirismo, será uma curiosidade a leitura dos poemas dedicados aos poetas brasileiros seus amigos ou de sua admiração, como “Manuel Bandeira”, das mais precisas homenagens a ele feitas, com o acréscimo de ser por uma estrangeira, ou os poemas para Murilo Mendes e João Cabral, seus amigos, da maior qualidade. Importantes também são os não poucos poemas referentes a Pessoa, dos melhores que encararam a sua presença gigantesca, hoje sentida até como incômoda em Portugal por certos poetas de fraca categoria.
O prefácio situa bastante bem a posição de Sophia, inclusive em relação ao Brasil, embora não compreendamos a classificação de Rilke como “romântico alemão”. O maior, talvez único, defeito do livro, encontra-se numa questão banal de semiótica gráfica. Muitos dos poemas não levam títulos. Consideramos um equívoco não marcar de nenhuma forma o início de cada um, seja por capitular, primeira palavra em negrito, ou mesmo, em último caso, pelo uso do primeiro verso como título. O que é imperdoável é marcar o início dos poemas não titulados apenas pela altura da página. Não haverá leitor na face da terra que, ao ler a “Meditação do Duque de Gandia sobre a morte de Isabel de Portugal”, seguramente um dos mais belos poemas da autora, na página 108, não o emende com o primeiro verso do poema sem título da página 109, exceto o conhecedor da sua obra. E tal possibilidade se repete algumas vezes. São desleixos de composição que se tornam comuns, como o inacreditável processo de margear poemas pela direita, como se lêssemos em árabe. Excetuando esse senão, o lançamento dessa primeira e vasta antologia de Sophia é uma festa para o leitor de poesia.
ALEXEI BUENO é poeta
terça-feira, 2 de outubro de 2007
Acervo Biscoito Fino: 3 CDs para o Dia das Crianças
Acervo Biscoito Fino:
3 CDs especiais em uma caixa exclusiva.
Um ótimo presente para o Dia das Crianças!
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• CD 1 - Samba Pras Crianças | |||||
01 | Maracangalha (participação: Crianças) | 2m51s | |||
02 | Candeeiro da Vovó / Sorriso de Criança (Partcipação: D. Yvonne Lara) | 4m56s | |||
03 | Moro na Roça (Participação: D. Yvonne Lara) | 3m47s | |||
04 | Lamento da Lavadeira (Participação: Ney Lopes) | 3m00s | |||
05 | Batuque na Cozinha (Paticipação: Mart´nália) | 3m15s | |||
06 | Eu Não Tenho Onde Morar (Participação: Zé Renato) | 3m01s | |||
07 | A Mariposa (Participação: Mariana de Moraes) | 3m20s | |||
08 | Clementina Cadê Você (Participação: Dudu Nobre) | 3m27s | |||
09 | Pique Esconde na Internet (Participação: Pedro Miranda e Lucinha Lins) | 3m41s | |||
10 | Marinheiro Só (Participação: Moska) | 4m05s | |||
11 | Sambalelê (Participação: Zé Renato) | 2m45s | |||
12 | Me Dá Meu Boné (Participação: Crianças) | 1m57s | |||
• CD 2 - Cantos, Contos e Acalantos | |||||
01 | AmazonasConsolo (participação: Mônica Salmaso) | 1m06s | |||
02 | As Nove Filhas | 2m44s | |||
03 | Tutu - Marambá / Boi do Currá / Boi da Cara Preta / Cantiga da Cuca (participação: Mônica Salmaso) | 3m43s | |||
04 | A História do Surrão | 9m19s | |||
05 | Papia Curmiassu (participação: Soraya Ravenle) | 2m17s | |||
06 | Antoninho e o Pavão Mestre | 2m39s | |||
07 | Xô, Xô, Pavão! | 0m59s | |||
08 | Contos, Cantos e Acalantos (Tim Rescala / José Mauro Brant) participação: Bia Bedran | 3m36s | |||
09 | Negrinho do Pastoreio | 2m45s | |||
10 | Negrinho do Pastoreio (Barbosa Lessa) participação: Mônica Salmaso | 2m14s | |||
11 | Acordei de Madrugada | 1m43s | |||
12 | A Triste História de Eredegalda | 5m34s | |||
13 | Carrilhão / Vida e Morte | 1m49s | |||
14 | Oração (Roseane Murray) | 0m42s | |||
15 | Papai Me Pôs na Escola / O Meu Boi Morreu | 1m46s | |||
16 | Passarinhos - O Meu Passarinho Voa / A Pombinha Voou / Xô, Galo, Xô Peru / Xô, Xô Passarinho / Araruna | 3m42s | |||
17 | João Jiló | 8m07s | |||
18 | Adeus, Adeus / (vinheta - Consolo) participação: Mônica Salmaso | 2m32s | |||
19 | A Princesa Encantada ou A Linguagem dos Pássaros (faixa bônus) | 15m10s | |||
• CD 3 - Forró Pras Crianças | |||||
01 | Quadro Negro (Jackson do Pandeiro / Rosil Cavalcanti) Intérprete: Alceu Valença | 2m22s | |||
02 | Morena Bela (Onildo Almeida / Juarez Santiago) Intérprete: Chico Buarque | 2m45s | |||
03 | Forró em Limoeiro (Edgar Ferreira) Intérprete: João Bosco | 2m44s | |||
04 | Sina de Cigarra (Jackson do Pandeiro / Delmiro Ramos) Intérprete: Maria Rita | 2m31s | |||
05 | Côco do Norte (Rosil Cavalcanti) Intérprete: Silvério Pessoa | 3m11s | |||
06 | Cantiga do Sapo (Jackson do Pandeiro / Buco do Pandeiro) Intérprete: Zé Renato | 2m47s | |||
07 | Sebastiana (Rosil Cavalcanti) Intérprete: Eduardo Dussek | 2m41s | |||
08 | Amor de Mentirinha (Jackson do Pandeiro / Ivo Martins) Intérpretes: Crianças | 2m54s | |||
09 | Tum Tum Tum (Ary Monteiro / Cristóvão de Alencar) Intérpretes: Roberta Sá | 1m59s | |||
10 | Forró em Campina (Jackson do Pandeiro) Intérprete: Elba Ramalho | 3m04s | |||
11 | Canto da Ema (Ayres Vianna / João do Vale) Intérprete: Renato Braz | 2m57s | |||
12 | Vendedor de Caranguejo (Gordurinha) Intérprete: Rômulo Gomes | 3m09s | |||
13 | Chiclete Com Banana (Gordurinha / Altamira Castilho) Intérprete: Zélia Duncan | 3m33s | |||
14 | Cajueiro (Jackson do Pandeiro / Raimundo Baima) Intérpretes: Crianças com Severo | 2m27s | |||
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REALIZAÇÃO BISCOITO FINO Direção Geral: Kati Almeida Braga Direção Artística: Olivia Hime Arte Gráfica - Adesivo: Andrea Bevilaqua |
GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ
CITAÇÕES DO POETA
- Te amo não por quem tu és, se não por quem sou quando estou contigo.
-Nenhuma pessoa merece tuas lágrimas, e quem as mereça não te farão chorar.
- Só porque alguém não te ama como tu desejas, não significa que não te ame com todo seu ser.
- Um verdadeiro amigo é quem te pega da mão e te toca o coração.
- A pior forma de sentir falta de alguém é estar sentado a seu lado e saber que nunca o poderás ter.
- Nunca deixes de sorrir, nem mesmo quando estejas triste porque nunca sabes quem poderá enamorar-se de teu sorriso.
- Podes ser somente uma pessoa para o mundo, mas para alguma pessoa tu és o mundo.
- Não passes o tempo com alguém que não esteja disposto a passá-lo contigo.
- Quem sabe Deus queira que conheças muita gente enganada antes de que conheças à pessoa adequada, para que quando no fim a conheças , saibas estar agradecido.
- Não chores porque já terminou, sorria porque aconteceu.
- Sempre haverá gente que te machuque, assim, o que tens de fazer é seguir confiando e só ser mais cuidadoso com em quem confias duas vezes.
- Converte-te em uma melhor pessoa e assegura-te de saber quem és antes de conhecer mais alguém e esperar que essa pessoa saiba quem és.
- Não te esforces tanto, as melhores coisas acontecem quando menos esperas.
Para ler e pensar
Carta aos amigos / Gabriel Garcia Márquez
-
Carta aos amigos
-
Gabriel Garcia Márquez
- "Se por um instante Deus se esquecesse de que sou
uma marionete de trapo e me presenteasse um fragmento
de vida, possivelmente não diria tudo o que penso
mas em definitivo pensaria tudo o que digo.
Daria valor as coisas, não pelo que valem, senão
pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais,
entendo que por cada minuto que fechamos os
olhos, perdemos sessenta segundos de luz.
Andaria quando os demais se detêm, despertaria
quando os demais dormem. - Escutaria quando os demais falam, e como
desfrutaria um bom sorvete de chocolate! Se
Deus me obsequiasse um fragmento de vida, vestiria
simples, me atiraria de bruços ao sol, deixando des-
coberto, não somente meu corpo senão minha alma.
Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu
ódio sobre o gelo, esperaria que saísse o sol. - Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as
estrelas um poema de Benedetti, e uma canção
de Serrat seria a serenata que lhes ofereceria à
lua. Regaria com minhas lágrimas as rosas, para
sentir a dor de seus espinhos, e o encarnado beijo
de suas pétalas... - Deus meu, se eu tivesse um fragmento de vida... Não
deixaria passar um só dia sem dizer as pessoas que
quero, que as quero. Convenceria a cada mulher ou
homem de que são meus favoritos e viveria enamorado
do amor. Aos homens lhes provaria quão equivocados
estão ao pensar que deixam de enamorar-se quando
envelhecem, sem saber que envelhecem quando
deixam de enamorar-se! A criança lhe daria asas,
porém lhe deixaria que sozinho aprendesse a voar. - Aos velhos lhes ensinaria que a morte não chega com a
velhice senão com o esquecimento.
- Tantas coisas tenho aprendido de vocês, os
homens... Tenho aprendido que todo o mundo quer
viver no topo da montanha, sem saber que a
verdadeira felicidade está na forma de subir a
escarpa. Tenho aprendido que quando um recém
nascido aperta com seu pequeno punho, pela primeira
vez, o dedo do pai, o tem apanhado para
sempre. Tenho aprendido que um homem só tem
o direito de olhar a outro com o olhar baixo quando
há de ajudar-lhe a levantar-se. São tantas coisas as
que tenho podido aprender de vocês, porém real-
mente de muito não haverão de servir, porque quando
me guardarem dentro dessa mala, infelizmente
estarei morrendo"
Ode marítima / ÁLVARO DA CAMPOS
Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão,
Olho prò lado da barra, olho prò Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira.
Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo.
Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio,
Aqui, acolá, acorda a vida marítima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos detrás dos navios que estão no porto.
Há uma vaga brisa.
Mas a minh'alma está com o que vejo menos.
Com o paquete que entra,
Porque ele está com a Distância, com a Manhã,
Com o sentido marítimo desta Hora,
Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma náusea,
Como um começar a enjoar, mas no espírito.
Olho de longe o paquete, com uma grande independência de alma,
E dentro de mim um volante começa a girar, lentamente.
O Amor é uma Companhia / Alberto Caeiro
O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
NADA QUE SOU ME INTERESSA / FERNANDO PESSOA
Se existe em meu coração
Qualquer que tem pressa
Terá pressa em vão.
Nada que sou me pertence.
Se existo em que me conheço
Qualquer cousa que me vence
Depressa a esqueço.
Nada que sou eu serei.
Sonho, e só existe em meu ser,
Um sonho do que terei.
Só que o não hei de ter.