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sábado, 12 de maio de 2007
A FLOR DO MARACUJÁ (Catulo da Paixão Cearense )
A FLOR DO MARACUJÁ
Um dia encontrei um sertanejo
Perto de um pé de Maracujá
E perguntei-lhe:
Diga-me lá caro sertanejo
Porque razão nasce roxa
A flor do Maracujá?
Ah, pois então eu vou narrar-lhe
A história que ouvi contar,
A razão porque nasce roxa
A flor do Maracujá.
O Maracujá já foi branco
Eu posso até lhe jurar,
Mais branco que a claridade
Mais brando do que o luar.
Quando a flor nele nascia
Lá p’ros confins do sertão,
O Maracujá parecia
Um ninho de algodão.
Mas um dia, há muito tempo
Num mês que até nem me lembro,
Se foi Maio, se foi Junho
Se foi Janeiro ou Dezembro,
Nosso Senhor Jesus Cristo
Foi condenado a morrer,
Numa cruz crucificado
Longe daqui a valer.
Pregaram Cristo a martelo
E ao ver tamanha crueza,
A natureza inteirinha
Pôs-se a chorar de tristeza.
Choravam tristes os campos
As folhas e as ribeiras,
Choravam os passarinhos
Nos ramos das laranjeiras.
E junto da cruz havia
Um pé de Maracujá,
Carregadinho de flor
Aos pés de Nosso Senhor.
E o sangue de Jesus Cristo
Sangue pisado de dores,
No pé de Maracujá
Tingia todas as flores.
Eis aqui seu moço ou moça
A história que ouvi contar,
A razão porque nasce roxa
A flor do Maracujá.
Fruta da paixão
Hoje quero falar de maracujá porque ontem saboreando aos poucos uma torta da tal fruta lembrei-me do nome sugestivo que ela tem em outras línguas: passion fruit em inglês, Fruit de la Passion em francês e Passionsfrucht em alemão.
Vertendo ao pé da letra para o nosso idioma, o significado da tradução é “Fruta da Paixão”, o que me deixou muito intrigado e me faz fantasiar ardentemente com os supostos super poderes dessa frutescência sobre os meus mais profundos sentimentos .
Mas meus anseios logo foram desfeitos após uma pesquisa mais aprofundada sobre o assunto, no entanto a fruta da paixão tem esse nome por um motivo igualmente nobre: a paixão de Cristo.
A palavra maracujá é de origem tupi e significa alimento em forma de cuia, os índios já a conheciam muito antes dos colonizadores chegarem à pátria amada idolatrada salve, salve e os jesuítas foram os responsáveis pelo seu descobrimento e catalogação, bem como a divulgação do seu sabor e propriedades calmantes.
Todavia ainda não haviam vislumbrado o que o maracujá, a fruta da paixão, tem de mais belo; sua flor.
Missionários espanhóis do século XVI viram a flor do maracujá e ficaram em êxtase, acharam que sua estrutura representava a Paixão de Cristo. As cinco pétalas e cinco sépalas representavam os 10 Apóstolos, as cinco anteras simbolizavam as cinco Chagas de Cristo, os três estigmas faziam referência aos três pregos na cruz, e os filamentos a Coroa de espinhos....as flores seriam manchadas de roxo em virtude do sangue de Cristo.
Não é só o Louva-Deus de todos os seres viventes que louvam a Deus, mesmo aqueles que pensam estar vivendo em pecado ou não também são filhos de Deus....Deus pra mim é um pai severo, mas que não castiga com as mãos, castiga com as palavras duras...e a sua voz e o mesmo som da minha consciência me condenando ou não.
As sementes do maracujá foram então enviadas de presente ao Papa Paulo V (1605-1621), que mandou cultivá-las com grande carinho em Roma e divulgar que ela representava uma revelação divina.
Ao ver a flor do maracujá o Papa também ficou em extasiado e então a batizou de “Fruta da paixão” fazendo uma alusão direta ao calvário de Jesus Cristo...depois disso o maracujá já tem até outro sabor na minha boca.
A flor do maracujá é mesmo mágica, foi cantada em verso e prosa ao redor do mundo, quando a vi pela primeira vez tive uma sensação de tristeza e alegria ao mesmo tempo, algo que me provou que sentimentos opostos podem sim conviver num mesmo corpo.
Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do Sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá !
Fagundes Varela
Luar do sertão (1914) Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco
Luar do sertão
Toada
oh não, Luar
Como esse do sertão
oh não, Luar
Como esse do sertão
Oh que saudade
Do luar da minha terra
Lá na serra branquejando
folhas secas pelo chão
Tão escuro
Não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão
oh não, Luar
Como esse do sertão
oh não, Luar
Como esse do sertão
Por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata
Prateando a solidão
Na viola que ponteia
E a canção
É a lua cheia
A nos nascer do coração
oh não, Luar
Como esse do sertão
oh não, Luar
Como esse do sertão
Neste mundo não existe
Do que ouvir-se um galo triste
No sertão, se faz luar
É que descanta
Escondida na garganta
Desse galo a soluçar
oh não, Luar
Como esse do sertão
oh não, Luar
Como esse do sertão
Que eu morrese lá na serra
Abraçado à minha terra
E dormindo de uma vez
Numa grota pequenina
Onde à tarde a sururina
Chora a sua viuvez
oh não, Luar
Como esse do sertão
Lua Branca (CHIQUINHA GONZAGA)
Ó! lua branca de fulgores e de encanto,
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
vem tirar dos olhos meus, o pranto
Ai vem matar essa paixão que anda comigo.
Ai! Por quem és, desce do céu, ó ! lua branca
Essa amargura do meu peito, ó! vem, arranca
Dá-me o luar de tua compaixão
Ó! vem, por Deus, iluminar meu coração.
E quantas vezes lá no céu me aparecias
A brilhar em noite calma e constelada,
Em tua luz então me surpreendias
Ajoelhado junto aos pés da minha amada
Ela a chorar, a soluçar, cheia de pejo
Vinha em seus lábios me ofertar, um doce beijo...
Ela partiu, me abandonou assim...
Lua Branca - Chiquinha Gonzaga
Dárcio Fragoso
Casinha pequenina (1910) Folclore popular - autor desconhecido
Casinha pequenina
Modinha
Folclore popular - autor desconhecido
sexta-feira, 11 de maio de 2007
DESEJO-LHE SEMPRE A FORÇA DOS ELEMENTOS DA NATUREZA
no que gostaríamos de ter
ria porque aconteceu.
ria porque aconteceu.
Que caminho você deve seguir na sua vida e de qual você deve desviar.
mas somente poucos o conhece de verdade.
quinta-feira, 10 de maio de 2007
ORAÇÃO DE NATAL 2006
Pelo projeto político do deputado Clodovil
Pelo "espetáculo do crescimento" que até hoje ninguém viu
Pelas explicações sucintas do ministro Gilberto Gil
Senhor, tende piedade de nós
Pelo jeitinho brejeiro da nossa juíza
Pelo perigo constante quando Lula improvisa
Pelas toneladas de botox da Dona Marisa
Senhor, tende piedade de nós
Pelo Marcos Valério e o Banco Rural
Pela casa de praia do Sérgio Cabral
Pelo dia em que Lula usará o plural
Senhor, tende piedade de nós
Pelo nosso Delúbio e Valdomiro Diniz
Pelo "nunca antes nesse país"
Pelo povo brasileiro que acabou pedindo bis
Senhor, tende piedade de nós
Pela Cicarelli na praia namorando sem vergonha
Pela Dilma Rousseff sempre tão risonha
Pelo Gabeira que jurou que não fuma mais maconha
Senhor, tende piedade de nós
Pela importante missão do astronauta brasileiro
Pelos tempos que Lorenzetti era só marca de chuveiro
Pelo Freud que "não explica" a origem do dinheiro
Senhor, tende piedade de nós
Pelo casal Garotinho e sua cria
Pelos pijamas de seda do "nosso guia"
Pela desculpa de que "o presidente não sabia"
Senhor, tende piedade de nós
Pela jogada milionária do Lulinha com a Telemar
Pelo espírito pacato e conciliador do Itamar
Pelo dia em que finalmente Dona Marisa vai falar
Senhor, tende piedade de nós
Pela "queima do arquivo" Celso Daniel
Pela compra do dossiê no quarto de hotel
Pelos "hermanos compañeros" Evo, Chaves e Fidel
Senhor, tende piedade de nós
Pelas opiniões do prefeito César Maia
Pela turma de Ribeirão que caía na gandaia
Pela primeira dama catando conchinha na praia
Senhor, tende piedade de nós
Pelo escândalo na compra de ambulâncias da Planam
Pelos aplausos "roubados" do Kofi Annan
Pelo lindo amor do "sapo barbudo" por sua "rã"
Senhor, tende piedade de nós
Pela Heloisa Helena nua em pêlo
Pela Jandira Feghali e seu cabelo
Pelo charme irresistível do Aldo Rebelo
Senhor, tende piedade de nós
Pela greve de fome que engordou o Garotinho
Pela Denise Frossard de colar e terninho
Pelas aulas de subtração do professor Luizinho
Senhor, tende piedade de nós
Pela volta triunfal do "caçador de marajás"
Pelo Duda Mendonça e os paraísos fiscais
Pelo Galvão Bueno que ninguém agüenta mais
Senhor, tende piedade de nós
Pela eterna farra dos nossos banqueiros
Pela quebra do sigilo do pobre caseiro
Pelo Jader Barbalho que virou "conselheiro"
Senhor, tende piedade de nós
Pela máfia dos "vampiros" e "sanguessugas"
Pelas malas de dinheiro do Suassuna
Pelo Lula na praia com sua sunga
Senhor, tende piedade de nós
Pelos "meninos aloprados" envolvidos na lambança
Pelo plenário do Congresso que virou pista de dança
Pelo compadre Okamotto que empresta sem cobrança
Senhor, tende piedade de nós
Pela família Maluf e suas contas secretas
Pelo dólar na cueca e pela máfia da Loteca
Pela mãe do presidente que nasceu analfabeta
Senhor, tende piedade de nós
Pela invejável cultura da Adriana Galisteu
Pelo "picolé de xuxu" que esquentou e derreteu
Pela infinita bondade do comandante Zé Dirceu
Senhor, tende piedade de nós
Pela eterna desculpa da "herança maldita"
Pelo "chefe" abusar da birita
Pelo novo penteado da companheira Benedita
Senhor, tende piedade de nós
Pela refinaria brasileira que hoje é boliviana
Pelo "compañero" Evo Morales que nos deu uma banana
Pela mulher do presidente que virou italiana
Senhor, tende piedade de nós
Pelo MST e pela volta da Sudene
Pelo filho do prefeito e pelo neto do ACM
Pelo político brasileiro que coloca a mão na "m"
Senhor, tende piedade de nós
Pelo Ali Babá e sua quadrilha
Pelo Gushiken e sua cartilha
Pelo Zé Sarney e sua filha
Senhor, tende piedade de nós
Pelas balas perdidas na Linha Amarela
Pela conta bancária do bispo Crivella
Pela cafetina de Brasília e sua clientela
Senhor, tende piedade de nós
Pelo crescimento do PIB igual do Haití
Pelo Doutor Enéas e pela senhorita Suely
Pela décima plástica da Marta Suplicy
Senhor, tende piedade de nós
Por fim
Para que possamos festejar juntos os próximos natais
Senhor, dái-nos a paz
Dezembro 2006
(Hugo Hamann)
ÓBIDOS (LISBOA)
Se Todos Fossem Iguais a Você - Vinicius de Morais e Tom Jobim
Vladimir Maiakovski (1893-1930)
HINO AO JUIZ
Pelo Mar Vermelho vão, contra a maré,
Na galera a gemer os galés, um por um.
Com um rugido abafam o relincho dos ferros:
Clamam pela pátria perdida - o Peru.
Por um Peru - Paraíso - clamam os peruanos,
Onde havia mulheres, pássaros, danças,
E, sobre guirlandas de flores de laranja,
Baobás - até onde a vista alcança.
Bananas, ananás! Peitos felizes.
Vinho nas vasilhas seladas...
Mas eis que de repente com praga
No Peru imperam os juízes!
Encerraram num círculo de incisos
Os pássaros, as mulheres e o riso.
Boiões de lata, os olhos dos juízes
São faíscas num monte de lixo.
Sob o olhar de um juiz, duro como um jejum,
Caiu, por acaso, um pavão laranja-azul:
Na mesma hora virou cor de carvão
A espaventosa cauda do pavão.
No Peru voavam pelas campinas
Livres os pequeninos colibris;
Os juízes apreenderam-lhes as penas
E aos pobres colibris coibiram.
Já não há mais vulcões em parte alguma,
A todo monte ordenam que se cale.
Há uma tabuleta em cada vale:
"Só vale para quem não fuma."
Nem os meus versos escapam à censura;
São interditos, sob pena de tortura.
Classificaram-nos como bebidas
Espirituosa: "venda proibida".
O equador estremece sob o som dos ferros.
Sem pássaros, sem homens, o Peru está a zero.
Somente, acocorados com rancor sob os livros,
Ali jazem, deprimidos, os juízes.
Pobres peruanos sem esperança,
Levados sem razão à galera, um por um.
Os juízes cassam os pássaros, a dança,
A mim e a vocês e ao peru.
(Tradução de Augusto de Campos)
quarta-feira, 9 de maio de 2007
E então, que quereis?... (Maiakóvski)
E então, que quereis?...
Maiakóvski
Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.
Não estamos alegres,
Último texto 1927
é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.
MAIAKOVSKI
HINO AO CRÍTICO
Da paixão de um cocheiro e de uma lavadeira
Tagarela, nasceu um rebento raquítico.
Filho não é bagulho, não se atira na lixeira.
A mãe chorou e o batizou: crítico.
O pai, recordando sua progenitura,
Vivia a contestar os maternais direitos.
Com tais boas maneiras e tal compostura
Defendia o menino do pendor à sarjeta.
Assim como o vigia cantava a cozinheira,
A mãe cantava, a lavar calça e calção.
Dela o garoto herdou o cheiro da sujeira
E a arte de penetrar fácil e sem sabão.
Quando cresceu, do tamanho de um bastão,
Sardas na cara como um prato de cogumelos,
Lançaram-no, com um leve golpe de joelho,
À rua, para tornar-se um cidadão.
Será preciso muito para ele sair da fralda?
Um pedaço de pano, calças e um embornal.
Com o nariz grácil como um vintém por lauda
Ele cheirou o céu afável do jornal.
E em certa propriedade um certo magnata
Ouviu uma batida suavíssima na aldrava,
E logo o crítico, da teta das palavras
Ordenhou as calças, o pão e uma gravata.
Já vestido e calçado, é fácil fazer pouco
Dos jogos rebuscados dos jovens que pesquisam,
E pensar: quando a estes, ao menos, é preciso
Mordiscar-lhes de leve os tornozelos loucos.
Mas se infiltra na rede jornalística
Algo sobre a grandeza de Púchkin ou Dante,
Parece que apodrece ante a nossa vista
Um enorme lacaio, balofo e bajulante.
Quando, por fim, no jubileu do centenário,
Acordares em meio ao fumo funerário,
Verás brilhar na cigarreira-souvenir o
Seu nome em caixa alta, mais alvo do que um lírio.
Escritores, há muitos. Juntem um milhar.
E ergamos em Nice um asilo para os críticos.
Vocês pensam que é mole viver a enxaguar
A nossa roupa branca nos artigos?
(Tradução de Augusto de Campos e Boris Schnaiderman)
O POETA-OPERÁRIO Maiakóvski
O POETA-OPERÁRIO
Grita-se ao poeta:
"Queria te ver numa fábrica!
O que? Versos? Pura bobagem".
Talvez ninguém como nós
ponha tanto coração
no trabalho.
Eu sou uma fábrica.
E se chaminés
me faltam
talvez seja preciso
ainda mais coragem.
Sei.
Frases vazias não agradam.
Quando serrais madeira
é para fazer lenha.
E nós que somos
senão entalhadores a esculpir
a tora da cabeça humana?
Certamente que a pesca é coisa respeitável.
Atira-se a rede e quem sabe?
Pega-se um esturjão!
Mas o trabalho do poeta
é muito mais difícil.
Pescamos gente viva e não peixes.
Penoso é trabalhar nos altos-fornos
onde se tempera o ferro em brasa.
Mas pode alguém
acusar-nos de ociosos?
Nós polimos as almas
com a lixa do verso.
Quem vale mais:
o poeta ou o técnico
que produz comodidades?
Ambos!
Os corações também são motores.
A alma é poderosa força motriz.
Somos iguais.
Camaradas dentro da massa operária.
Proletários do corpo e do espírito.
Somente unidos,
somente juntos remoçaremos o mundo,
fá-lo-emos marchar num ritmo célere.
Diante da vaga de palavras
levantemos um dique!
Mãos à obra!
O trabalho é vivo e novo!
Com os oradores vazios, fora!
Moinho com eles!
Com a água de seus discursos
que façam mover-se a mó!
Vladimir Maiakovski (1893-1930)
Poeta russo. Um dos principais representantes da vanguarda futurista do início do século XX.
Um dos principais integrantes do movimento futurista em seu país, Maiakovski distinguiu-se como o mais ousado renovador da poesia russa no século XX. Aparentemente retórico e essencialmente prático, foi dos primeiros poetas a usar um vocabulário destituído de aura estética, urbano, cotidiano, com o qual soube, no entanto, expressar-se em metáforas brilhantes e de meticuloso tratamento artesanal.
Vladimir Vladimirovitch Maiakovski nasceu em 19 de julho (7 de julho no calendário juliano) de 1893 na Geórgia, então Império Russo. Bagdadi, sua cidade natal, chamou-se Maiakovski durante o período soviético. Após a morte do pai, em 1906, mudou-se com a família para Moscou. Em 1908, filiou-se ao partido bolchevique. Participou da elaboração do primeiro manifesto futurista russo e tornou-se uma das mais representativas figuras do movimento. São dessa fase os poemas "Oblako v shtanaj" (1915; "A nuvem de calças") e "Fleitapozvonotchnik" (1916; "A flauta de vértebras") de alta substância lírica.
Após a revolução de 1917, Maiakovski colaborou com o governo na criação de lemas revolucionários. Depois de sustentar que "não há conteúdo revolucionário sem forma revolucionária", contribuiu para exaltar os valores da nova ordem política com uma obra poética em que usava, cada vez mais, recursos modernos como a sintaxe fonética e visual (em que as palavras se relacionam mais por suas equivalências sonoras e por sua localização gráfica na página do que por seus valores gramaticais), as rimas encadeadas ou a repetição de consoantes fortes com intenção percussiva. Entre os exemplos da poesia engajada que produziu nesse período estão os poemas "150.000.000" (1920), que tem como tema o confronto entre o mundo novo e o velho, e "Oktiabr" (1927, "Outubro"), em comemoração ao décimo aniversário da revolução.
O poeta escreveu várias peças teatrais, sempre ligadas a sua produção lírica, como Klop (1929; O percevejo) e Bania (1930; Os banhos), e também roteiros para cinema. Empregou ainda, como meios de expressão, o desenho, a caricatura e o cartaz. Suas inovações estéticas, todavia, trouxeram-lhe um conflito crescente com as autoridades stalinistas, e Maiakovski, depois de escrever um de seus melhores poemas, Vo Ves Golos (A plenos pulmões), suicidou-se em Moscou, em 14 de abril de 1930.
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Pastorinhas (Noel Rosa e Braguinha)
A estrela d'alva no céu desponta
E a lua anda tonta com tamanho esplendor
E as pastorinhas pra consolo da lua
Vão cantando na rua lindos versos de amor
Linda pastora morena da cor de madalena
Tu não tens pena de mim
Que vivo tonto com o teu olhar
Linda criança tu não me sais da lembrança
Meu coração não se cansa
De sempre sempre te amar
Noel Rosa-Braguinha, 1934
terça-feira, 8 de maio de 2007
BIOGRAFIA DE NOEL ROSA
Encontro
Olho-me ao espelho, mas não me vejo.
Procuro-me no escuro, mas não me encontro.
Onde andarei?
Pergunto por mim a um menino que passa
Sorri e diz-me que não me viu.
Onde estarei?
Navego até à lua,
Procuro-me em cada estrela
Mas não me vejo.
Vou ao fundo do mar,
Vou à lama,
Ás árvores,
Ás flores,
Ao mel,
Ao fel...
Onde estou?
Onde ando?
Preciso de me encontrar...
DIA DAS MÃES
Eu te bendigo, mãe humilde e mãe rica, mãe preta e mãe branca,
mãe do faxineiro, mãe dos fracassados e dos bem sucedidos!
Eu te bendigo, mãe lavadeira que trabalhas durante dia-a-dia
para que seus filhos possam comer, estudar e viver!
Eu te bendigo, mãe que foste abandonada por teu marido e que
agora tens somente o tesouro de teus filhos que saíram do teu seio!
Eu te bendigo mãe dos filhos assassinos, de filhos que estão
pelo caminho do vício e da perdição,
eu te bendigo , porque vives intuindo, prevendo, antecipando em teu
coração aquilo que vai acontecer a teus filhos mesmo que eles disto não
tenham consciência!
Eu te bendigo, mulher que querias ser mãe, que alimentaste em teu seio a vida de teus
filhos que nunca chegaram a ver a luz do dia!
Eu te bendigo, mãe, porque somente tu sabes amar, somente tu compreendes o que
significa dar a vida pelos que se ama.
Eu te bendigo, mãe, que tens um filho incompreendido, injustiçado, perseguido,
marginalizado, porque tu és uma cópia da mãe do meu Senhor Jesus!
Eu te bendigo, mãe santa de Jesus Cristo, mãe da minha esperança, porque és a
humilde, a pequenina, a serva do Senhor e minha MAE!