domingo, 14 de dezembro de 2008

MARIA BETHÂNIA E O SEU AMOR PELA BAHIA







Além de procurar Mabel Velloso para intermediar nosso ambicioso projeto era preciso tornar conhecido mais profundamente a Maria Bethânia a semimilenar, fascinante e benemérita história das Santas Casas de Misericórdia, particularmente a da Bahia.



E na medida em que lhe passávamos informações sobre a nossa história e ação, ela ia se envolvendo e entusiasmando pelo projeto, e a idéia de conectá-la às comemorações dos 400 anos de Vieira foi a cartada decisiva.



Conquistamos definitivamente esta baiana empolgada pela história de sua terra e cheia de amor pelo seu povo...



A Maria Bethânia, nossa gratidão pela generosidade da oferta. E a nossa alegria de ver a sua marcante presença de artista completa, senhora dos palcos, aliada à belíssima tradição desta nossa Casa, desta Igreja e a Vieira, “Imperador da Língua Portuguesa” (Lemos Filho, A C).



A voz de Maria Bethânia nascida em Santo Amaro, junto às águas do Subaé tem banhado muitas Terras, levando força e muito amor a muita gente.



Tem aquecido, embalado, aquietado muitos corações.



Os Palcos onde tem se apresentado, onde pisa respeitosamente, transformam-se em verdadeiros templos da música.



Quando menina cantou na Capela de Nossa Senhora dos Humildes e na Matriz da Purificação. Cresceu sem perder a humildade e foi longe! Cantou rezando em Fátima e em Aparecida.



Seu canto vive como numa trança: pedido, louvor, agradecimento. Hoje sua voz se espalha nesta Igreja como grito de alerta em favor das crianças da Creche da Santa casa de Misericórdia. Maria Bethânia canta como quem reza, mesmo cantando dores de amores...



Nesta noite o seu cantar é uma oração de amor por aqueles que precisam ser lembrados, por todos que não devemos esquecer. (Mabel Velloso)



Amigos, após 2 dias ainda tenho dificuldades em narrar-lhes o inenarrável, pois Maria Bethânia ultrapassa sempre e pra melhor, o limite máximo que podemos esperar que venha a acontecer numa nova apresentação.



Estar num palco, lugar sagrado, cujo cenário é o altar, também sagrado deu-nos a impressão de termos Nossa Senhora no altar e uma aparição no palco.



O show se deu em 2 atos e a abertura foi com a banda entoando Jesus, alegria dos homens de J. S. Bach, em seguida ela nos brinda com a sua presença e o belíssimo repertório:

Seguimento Bahia (Caymmi)/
Cem barquinhos brancos/
Nas sacadas/
Você já foi a Bahia/
São Salvador/
Gente Humilde (C. Buarque - Garoto – V. de Moraes)/
Procissão (G. Gil)/
Cio da Terra (M. Nascimento-F. Brant)/
Cálice bento (M. Nascimento-F. Brant)/
Texto MB/
Sermão Pe. A. Vieira/
Dirirê dirirê/ Rainha dos raios (G. Gil - C. Veloso)/
Stª Bárbara (R. Ferreira)/
Texto MB/
De papo pro ar (G. de Carvalho – O. Mariano)/
Tristeza do Jeca (A. de Oliveira)/
Adeus guacyra (H Tavares)/
Casinha branca (Gilson)/
Felicidade (V. de Moraes)/
Trenzinho caipira (V. Lobos)/
Texto MB/
Medalha de S. Jorge (M. Luz)/
Oração a S. Jorge/
Padroeiro do Brasil (A. Monteiro – I. de Oliveira)/
São João, São João menino (T. Gondim)/
Olha pro céu (L. Gonzaga)/
São João do carneirinho (L. Gonzaga)/
Francisco, Francisco (R. Mendes – Capinan)/
Oração de S. Francisco/
Texto/
Meu divino S. José (domínio público)/
Cosme Damião (domínio público)/
Vadeia dois-dóis (domínio público)/
Oração a S. Cosme e S. Damião/
Cosme Damião (domínio público)
Meu insigne português (domínio público)/
Sermão Pe. A. Vieira/
Incenso (trezena de S. Antônio)/
Santo Antônio (domínio público)/
Banda: “Maxixe”/
Pedrinha de Aruanda (domínio público)/
Texto MB/
Motriz (C. Veloso)/
Adeus meu S. Amaro (C. Veloso)/
Ó sino da minha aldeia (S. Costa – F. Pessoa)/
Ciclo (C. Veloso)/
Geniapo absoluto (C. Veloso)/
Purificar o Subaé (C. Veloso)/
Miséria (Titãs)/
Texto: Ladainha de S. Amaro (M. Velloso)/
Ave Maria no Morro/
Ladainha de N. Senhora (M. Velloso)/
Hino de N. S. da Purificação (domínio público)/
Oferta de flores (domínio público)/
Sermão Pe. A. Vieira/
Maria mater gracie (domínio público)/
Magnificat (domínio público)/
Romaria (R. Teixeira)/
Dona do dom (C. César)/
Poema do Menino Jesus (F. Pessoa)/
Doce mistério da vida (V. Herbert – R. Young)/
Ofertório (domínio público)/
Texto MB/ Hino do S. do Bonfim (domínio público)/
Bis: Menino de Braçaná (L. Vieira)
Banda: J. Alem, João Carlos Coutinho, Márcio Mallard, Reginaldo Vargas, Rômulo Gomes, e o vocal de: Nair de Candia e Viviane Godói.

FOTOS DE MARIA SAMPAIO


Foi na noite do dia 10 de dezembro de 2008, na nave central, no altar-mor, da quatrocentona Igreja da Misericórdia, na Cidade da Bahia, em homenagem ao ícone da língua portuguesa, o padre Antonio Vieira, festejando os seus lendários quatrocentos anos, que Maria fez mais um projeto especial: um show longo, mesclando o universo sagrado do candomblé com o do católico, de modo impecável, e como sempre, também desfiou canções sagradas do cancioneiro brasileiro e recitou textos como só ela sabe fazer aqui neste nosso Brasil. Mais uma réstia de luz sobre as sombras dos anos atuais. Mais um exemplo da navegação de beleza que esta senhora imputa à sua carreira. Mais uma vez, pela correnteza de força e frescor daquela voz, alguns privilegiados assistiram ao Brasil que dá certo. Ela, tão respeitosa intérprete dos mistérios da Fé, aos pés de Nossa Senhora, rezando canções, perfilou a grandeza da cultura que nos permite sonhar com um país melhor... A homenagem honrou a nossa tradição popular: Dona Bethânia no centro católico do Brasil gritando: “Eu sou o céu para suas tempestades/Deusa pagã dos relâmpagos/ Das chuvas de todo ano/ Dentro de mim". Revigorando a santificação de entes caros para todos nós: Santa Bárbara e São Jorge! Luminescência pura e perfumada de azul. O canto sublime do artista longevo mais criativo em tempos atuais. Sibilares da vontade dos deuses de terem Maria como sua porta-voz mais legítima e preparada. As fotos são da escritora Maria Sampaio. E, segundo o doce Rodrigo Velloso, as imagens foram feitas por Bia Lessa, o que pode nos assegurar mais um registro artístico, em áudio-visual, das performances memoráveis da nossa Maricotinha (Marlon Marcos).

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