quarta-feira, 4 de junho de 2008

SUELI COSTA


Para os parceiros, letristas talentosos, Sueli Costa sempre tem a melodia perfeita na ponta dos dedos. Para o público, inúmeros clássicos glorificados em nobres gargantas como as de Elis, Simone, Nara, Bethânia, Nana, Lucinha, Gal. A arte de Sueli é essencialmente feminina. A arte de Sueli é para todos.
E para provar que a arte não tem barreiras, alguns de nossos maiores cantores também mergulharam na alma da música de Sueli. Fagner, Cauby, Ney, Pedro Mariano são alguns do que entenderam o recado e deram vida aos sucessos da compositora.
O nascimento foi no Rio de Janeiro, em 25 de julho de 1943. Mineira de coração e criação, foi em Juiz de Fora que, aos quatro anos, teve as primeiras lições e noções de piano com a mãe, Maria Aparecida Correa Costa, que também ensinava canto coral. Dos encontros musicais familiares nasceu o Trieto, com as irmãs Telma Costa (cantora, já falecida) e Lisieux Costa (pianista e compositora), para participar dos festivais que borbulhavam nas cidades vizinhas. Os outros dois irmãos, o pianista Afrânio e o violonista Élcio Costa se formaram em direito.
Ainda em Juiz de Fora, aos 17 anos, compôs sua primeira música inspirada em uma participação da cantora Sylvia Telles em um programa de TV. A mãe e o irmão foram os primeiros ouvintes de Balãozinho, que nasceu no violão. Mas logo elegeu o piano como parceiro mais constante para as melodias e musicou letras de João Medeiros Filho. A primeira, Por exemplo: você, foi gravada pelo grupo Manifesto e por Nara Leão em 1967.
Como os irmãos, Sueli também flertou com os estudos de leis e decretos. Em 1969 fez suas malas e abandonou a faculdade no último ano. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde já costumava passar os finais de semana, em busca de novos e belos horizontes. Na capital da bossa nova dividiu com o promissor compositor Sidney Miller as músicas do espetáculo musical Alice no país do divino maravilhoso e ensinou música em escolas.
Em 1971 Maria Bethânia incluiu em seu histórico show Rosa dos ventos três composições de Sueli Costa: Aldebarã, Assombrações e Sombra amiga. No ano seguinte foi a vez de Elis Regina prestar atenção nas melodias de Sueli e gravar 20 anos blue, primeiro grande sucesso da compositora que havia sido composto em uma viagem de ônibus entre o Rio e Juiz de Fora.
Com o sucesso de suas músicas, foi contratada pela EMI e gravou seu primeiro LP, em 1975, com produção de Gonzaguinha e arranjos de Paulo Moura e Wagner Tiso. Dois anos depois veio o segundo LP, em 1977, com produção de João Bosco e Aldir Blanc. Por essa época largou o trabalho como professora por não conseguir conciliar as duas funções e conheceu seu marido, Raymundo Wanderley, com quem ficou casada por oito anos e teve seu único filho, Pedro, em 1979.
O talento de Sueli não está somente em moldurar com suas músicas os inspirados versos. Ela também sabe como poucos escolher seus parceiros. No início Cacaso e Tite de Lemos eram os mais constantes. Depois vieram companheiros como Aldir Blanc, Ana Terra, Paulo César Pinheiro e Abel Silva, talvez a mais fértil dobradinha.
No início dos anos 80, quando a boa música brasileira ainda encontrava espaço nas rádios e nos ouvidos do público, Sueli Costa deu vida a vários clássicos através de Simone (Alma e Jura secreta), Maria Bethânia (Coração ateu), Nana Caymmi (Nem uma lágrima), Elis Regina (O primeiro jornal).
Em 2000, com funks, pagodes e axés dominando as rádios, Sueli ganhou de Lucinha Lins o elogiado e emocionado CD Canção brasileira, um verdadeiro tributo à sua obra.
Sueli já dividiu palco com grandes colegas, como Fátima Guedes, Rosa Passos e Joyce. No Projeto Pixinguinha, dividiu microfones com Simone batendo recorde de público do projeto segundo a revista Veja.
Em tempo de celebrar seus 60 anos de vida, Sueli se mantém na ativa. Seu mais recente CD é a produção independente Minha arte, de 2000. Para 2004 tem muitos planos e projetos. CD, shows, songbook... basta ficar de olho aqui.
por Beto Feitosa

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