segunda-feira, 4 de junho de 2007

Vendaval / Antonio Miranda Fernandes








Vendaval


ao entardecer o raio despencou como malho
partindo rochas numa obra doente de cantaria
e o escarcéu se fez com tantos ralhos que
a chuva caiu do céu rasgado e enegrecido
como ventre aberto a força parindo viuvez
chicoteando o mar que se eriçou friorento.

quantas vezes única vida é preciso morrer
para se provar que nascer já foi valentia?
uma cabeça gigante balançou para os lados
e tremeu o mundo sacudido por força tamanha
abanando com violência os ventos gelados
boca da noite que se abriu engolindo o dia.

o céu onde deviam morar anjos se fez fétido...
cheirava a enxofre...e o dragão abriu as ventas
cuspindo mais fogo...mais raios...mais ameaças...
uma quantidade de demônios zangados sobre nós
mortos de fome e cheios de ira e desgraças.

eu pensei nos marinheiros em mar aberto
nos seus frientos pensamentos em seus filhos
no espremer do peito esmagando o coração
na nau de quente e açoitado útero de madeira,
onde eles se aninham tremendo de pavor
ora Deuses... parem com essa brincadeira
busquem na sapiência senil outra diversão.


2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei de seus poemas, andei por suas páginas...
Onde posso achar sua biografia?

aldrago@terra.com.br

Anônimo disse...

Também gostaria de saber onde encontro a biografia desse poeta maravilhoso.Beijos e obrigada.