sexta-feira, 25 de maio de 2007

Mar (Jorge Medauar)




Mar


Sem jamais antever os teus desígnios
vaguei por angras e por arquipélagos.
Feri o casco deste barco dútil
Na enfumaçada rota de esperanças.

As auroras de cinza enferrujaram
correntes e metais de atracação.
E o único sal, soprado nas aragens
apodreceu bandeiras e velames.

Teus desígnios de vagas e salsugem
de abismos e rochedos agressivos
com o ardor das algas me queimaram os olhos.

Mas pude ver a concha que se abria
para a manhã nascer por sobre as ondas.
Posso agora perder-me nesta noite

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